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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

04 de Fevereiro de 2016, 18h:40 - A | A

POLÍTICA / CPI DA SONEGAÇÃO FISCAL

Deputados se irritam com respostas evasivas de diretor e convocam presidente da Friboi

Oitiva termina com a convocação do presidente da Friboi, Wesley Batista. Caso ele se recuse a comparecer, pode ser levado coercitivamente.

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO



As respostas evasivas do diretor executivo da JBS Friboi, Valdir Aparecido Boni, irritaram os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, na tarde desta quinta-feira (4), em mais uma oitiva, das 61 já realizadas, para subsidiar as investigações em torno de concessões de benefícios irregulares concedidos pelo Governo do Estado a empresários, nas gestões dos peemedebistas Silval Barbosa e Blairo Maggi.

Insatisfeita com a postura do diretor executivo, a CPI aprovou, ao final da oitiva, a convocação do presidente da Friboi, Wesley Batista, avisando que, caso ele se recuse a comparecer, pode ser levado coercitivamente.

A Friboi é acusada de receber benefícios fiscais irregulares e já devolveu, em sinal de que reconhece as transações suspeitas, R$ 376 milhões ao erário estadual. No entanto, os deputados entendem que este acordo de restituição financeira feito entre a empresa e Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) não a isenta do possível crime cometido.

O diretor executivo Boni lamentou o tom da oitiva e foi rápido nas considerações finais: “Procurei ser verdadeiro”.

O presidente da CPI, deputado José Carlos do Pátio (SD), um dos que estavam mais alterados mediante as respostas do diretor executivo, vê “farra” de incentivos, para uma empresa de porte mundial, que recebeu R$ 73 milhões de benefícios para atuar em Mato Grosso em 2012, mais R$ 110 milhões em 2013 e R$ 120 milhões em 2014 .

O deputado Wilson Santos (PSDB) reivindicou que testemunhas convocadas “não subestimem a CPI, que já levou ex-governador para cadeia”. Ele se referia a Silval. Ironizando, o tucano disse que o diretor da Friboi achou que “Mato Grosso é um lugar para vir passear” e não resolveu a questão nesta oitiva, sendo necessária a convocação do presidente da empresa. Boni estava na Holanda e veio à Cuiabá somente para esta oitiva.

Boni argumentou que a JBS Friboi resolveu fazer o acordo de devolução com a Sefaz porque ainda tem transações comerciais no Estado e está fazendo novos investimentos, em Várzea Grande e Tangará da Serra, na ordem de R$ 800 milhões. Na versão dele, a intenção da devolução era resolver a pendência e não deixar que isso atrapalhe no futuro das relações entre as partes.

Disse também que não cabe à Friboi discutir a forma de concessão de incentivos de cada Estado onde atua e que negocia de acordo com a realidade local.

O diretor executivo assegurou que todas as vezes negociou incentivos fiscais com o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Pedro Nadaf, do staff de Silval, no gabinete dele, na Sedec, e não em jantares ou ambientes clandestinos.

Nadaf está preso, assim como Silval e um outro secretário dele, Marcel Cursi, no Centro de Custódia de Cuiabá, alvos da Operação Sodoma, da Delegacia Fazendária (Defaz), que apurou justamente um esquema de incentivos fiscais em troca de propinas. O dinheiro seria usado para campanha eleitoral.

Na oitiva, o diretor da Friboi negou que o Estado tenha condicionado incentivos a investimento nesta ou naquela campanha eleitoral.

Defendendo os agropecuaristas locais, o deputado Nininho (PR) criticou o alto incentivo para uma empresa do porte da Friboi enquanto muitas das mato-grossenses, segundo ele erguidas por famílias tradicionais, foram fechando, demitindo de 8 a 10 mil trabalhadores.

Ele atacou a Friboi, dizendo que financiou tanto a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff (PT), quanto do principal adversário dela, Aécio Neves (PSDB), demonstrando que, de toda forma, tinha intenção de “amarrar” negócios com quem estivesse no poder, seja quem fosse.

“A Friboi tem que devolver R$ 370 milhões, mas não somente isso, tem que devolver o suor do nosso povo”, esbravejou o deputado, que é do setor agropecuário.

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