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Cuiabá, 13 de Maio de 2024
13 de Maio de 2024

22 de Setembro de 2014, 00h:03 - A | A

POLÍTICA / DEBATE NA TBO

Candidatos ao Senado minimizam ataques na TV e focam nas propostas

Rodada ocorreu neste domingo (21), e foi dividida em seis blocos

ANA ADÉLIA JÁCOMO
DA REDAÇÃO



Os candidatos de Mato Grosso a uma vaga ao Senado participaram de debate realizado pela Televisão Brasil Oeste (TBO) na noite deste domingo (21). Mediado pelo jornalista e vereador por Cuiabá Onofre Júnior (PSB), Rui Prado (PSD), Rogério Salles (PSDB), Wellington Fagundes (PR), Gilberto Lopes Filho (PSOL) falaram no primeiro bloco o motivo pelo qual desejam ser eleitos para a vaga.

Definido por ordem de sorteio, Gilberto Lopes afirmou que quer representar os trabalhadores. Desejou debate em alto nível e disse que é desprovido de interesses pessoais, mas que acredita que pela Educação de qualidade o povo pode ser melhor representado. Ele afirmou que existem candidatos comprando mandatos por até R$ 100 milhões e fez denúncia de compra de votos. Segundo ele, é comum no período eleitoral famílias de baixa renda serem assediadas.

Wellington foi o segundo a falar. Ele disse que quer ser candidato porque se preparou nos últimos anos e afirmou que, como deputado federal, conheceria Brasília e seus trâmites. “Estive dialogando com a presidente e vamos cobrar o que é direito de Mato Grosso”. Lembrou que é coordenador da bancada do Centro Oeste na Câmara Federal e que irá propor os avanços necessários. Falou do pai nordestino que veio para Mato Grosso a pé, que segundo ele, encontrou oportunidades. Prometeu honrar os votos.

Rogério Salles quer ser senador para defender a reforma fiscal e a revisão do pacto federativo, redistribuindo recursos para os municípios. Segundo ele, a proposta vai melhorar os investimentos, “libertando” as cidades dos recursos de Brasília. Quer ser senador para que o Governo Federal aumente o financiamento público, assuma a obrigação de defender as fronteiras, principalmente com a Bolívia. Quer representar o povo no Congresso e “ajudar o governador Pedro Taques” [que está em campanha pelo PDT] a fazer uma revolução no Estado. Citou a logística e o projeto de que os trilhos da Ferronorte cheguem a Cuiabá e Santarém.

Rui Prado afirmou que quer ser senador por estar indignado. O candidato relembrou que seu grupo político foi vítima de um sequestro de aeronave neste sábado (20). O modelo King Air, prefixo ATX, que pode ter sido levado por narcotraficantes em Pontes e Lacerda para Bolívia, que resultou no desaparecimento do piloto e co-piloto.

“A Segurança Pública é uma vergonha. Fui vítima de um roubo, em que eu quase estava. Houve sequestro de duas pessoas e realmente a nossa Segurança é um descaso.  Existe 700 quilômetros de fronteira com a Bolívia e não tem efetivo do Exército. Por isso, estou indignado”.

Segundo bloco

Oito jornalistas fizeram perguntas, de 30 segundos cada. A jornalista Márcia Matos do site RepórterMT questionou sobre as dificuldades em logística do Estado e quais os métodos que podem ser usados para destravar obras em áreas federais e ferrovias. Por sorteio, Rogério Salles foi escalado para responder.

Ele afirmou que há um grande problema no setor: a falta de investimentos, que segundo ele,  “andam a passos de tartaruga”. Como senador, vai defender que a Ferronorte saia de Rondonópolis, e passe por Cuiabá, Sinop e Santarém. “O volume de produção no Estado hoje é alto e as ferrovias não mudaram. Quero defender um projeto de integração dos modais. As rodovias precisam de investimentos acelerados, para escoar e integrar o médio norte e a região do Araguaia”. Citou obras que não foram concluídas e disse que vai trabalhar para que sejam locadas e se comprometeu a apoiar programas.

Aline Marques, do Jornal Diário de Cuiabá, questionou sobre o aborto. Rui Prado disse que é contra porque acredita na vida e citou os riscos à Saúde das mães que fazem a prática. Sobre os dados de abortos clandestinos do país, classificados como “preocupantes” pela profissional, o candidato disse que o assunto é um caso de polícia. Se for eleito senador, afirmou que irá combater o aborto porque respeita as leis de Deus.

Adão de Oliveira representou a TBO, e perguntou sobre os altos índices de desmatamento, queimada e mortes no campo. Gilberto Lopes afirmou que o agronegócio pode alavancar a Economia do Estado, mas deixaria um rastro de destruição no Meio Ambiente e nas estradas.  “O PSOL acredita que a preservação do meio ambiente é fundamental. Quando ocorre a guerra no campo, é porque o latifúndio expulsa os pequenos produtores. Isso tem que ser revisto”.

Camila Ribeiro, do Jornal Circuito Mato Grosso, questionou sobre a criminalização da homofobia. Wellington Fagundes afirmou que é cristão. Disse que que não discrimina ninguém, mas disse que o projeto tem que ser bem analisado, com calma, dando oportunidade para todos os setores opinarem. “Na hora de votar, vou de acordo com a maioria. É um tema que precisa ser discutido nas comissões temáticas, não só baseado na opinião pessoal do parlamentar”

A jornalista usou a réplica e perguntou se o candidato iria agir de acordo com pressões. “Não é aceitar pressão, mas vou discutir com a sociedade. Esse assunto vem em pauta no Congresso e lá terei a tranquilidade de opinar naquele momento”, completou Wellington.

Raoni Ricci, do site Olhar Direto, afirmou que o Senado Federal gastou mais de R$ 6 milhões em plano de saúde vitalício, em 2012. O jornalista questionou se aceitariam o benefício. O candidato Gilberto Lopes foi o sorteado e declarou que a Saúde Pública de Mato Grosso é um caos total. “Um holocausto. Eu acho que esse plano se for legal... Mas tem que ser cortado. Vou combater com veemência as mordomias, a imunidade parlamentar, que facilita o roubo. Um senador tem que ser um cidadão comum perante a sociedade”.

Gláucio Nogueira, do grupo Gazeta, questionou sobre a Lei Kandir. Salles disse que entende que a lei é “um remendo no sistema tributário falho”. Segundo ele, o volume de produção do Estado não chega ao Estado. “Isso provoca um grande desequilíbrio na balança de pagamento, mas enquanto não houver reforma tributária, não podemos abrir mão da Lei Kandir. Sob pena de inviabilizar boa parte da nossa produção”, disse o candidato.

Rafael Costa, do site FolhaMax, perguntou de que forma a reforma tributária pode ser mais justa. Wellington disse que a reforma não acontece porque a máquina é voraz, mas disse que quer provocar esse assunto para diminuir o volume de impostos. “A gente paga tanto, e não vê o serviço prestado. Não olho picuinhas partidárias e quero acabar com a guerra fiscal, prestando serviço de qualidade”.

O jornalista Paulo Sá, da TBO, questionou a redução da maioridade penal. Rui Prado disse que é a favor, porque não seria justo que crimes ficassem sem punição. Ele citou que em outros países existe o conceito que avalia estados psicológicos de menores infratores. “Com muito critério, mas sou a favor de provocar essa discussão”.

Terceiro bloco

No terceiro bloco, os candidatos fizeram perguntas entre sí. Rui Prado abriu a rodada e perguntou a Wellington o que fez efetivamente sobre o pacto federativo, em seus 24 anos de mandato como deputado federal. O republicano afirmou que participou de todas as reuniões do comissão no pacto. “Aumentamos em 1% o repasse para os municípios, mas ainda é pouco. Queremos taxar o imposto sob fortuna e simplificar a burocracia. Como parlamentar, tenho feito minha parte, mas no Governo do PSDB era R$ 60 milhões, e aumentamos para R$ 350 milhões ao ano. Em Cuiabá, muitas obras fizemos, assim como o MT Integrado”.

Na réplica, Rui disse que o esforço de participar de reuniões não é suficiente. “O senhor está há quase 24 anos. Temos que ter vontade de fazer mudança. Os prefeitos vivem com os ‘pires nas mãos’. Em sua defesa, Wellington disse que o papel da reforma é dos senadores, que se faz com a participação efetiva dos governadores.

Wellington perguntou para o Gilberto como faria para cobrar a Lei da Transparência. Gilberto disse que haveria uma “guerra’ entre as candidaturas, para provar quem é mais milionário. Disse que era honesto, e não pareceria ser. Na réplica, Wellington disse que não só parece honesto e lembrou que quebrou seu sigilo fiscal e bancário pra provar que em 24 anos de mandato tem transparência. Ele desafiou os candidatos a fazerem o mesmo.

Na tréplica, Gilberto parabenizou a ação, mas questionou porque Wellington seria conhecido como “o rei das emendas”. O candidato do PSOL afirmou que Wellington seria “laranja”. Na sequência, perguntou para Rogério Salles se ele era favorável a taxação de impsotos sob fortunas, já que sua chapa teria declarado ao Tribunal Superior Eleitoral gastos na ordem de R$ 100 milhões. Salles afirmou que era favorável a tributação.

Na réplica, Gilberto seguiu afirmando que chegou a hora dos ricos pagarem impostos. Salles disse que em Mato Grosso não há verticalização da produção, exportando produtos sem valor agregado. “Tem que alterar a Lei Kandir, mas com a reforma, para não gerar desempregos e caos na Economia no Estado”.

Quarto Bloco

Candidatos continuaram fazendo perguntas entre si. A assessoria do candidato Wellington solicitou direito de resposta contra Gilberto, que usou o termo “rei das emendas” e “laranja”. O republicano afirmou que foi o único que quebrou o sigilo durante a campanha. Sobre as emendas, disse que trabalha muito e que defende os pequenos municípios.

O próprio Welington abriu o bloco e questionou Rui sobre a rodovia. Rui disse que precisa de mais modais, com novos ramais. A Salles, Rui Prado questionou sobre a agricultura familiar. “Comecei como secretário de Agricultura em Rondonópolis, e tenho claro que o tema precisa ser tratado de forma diferente, com a reestruturação da Empaer.

Salles perguntou para Gilberto sobre a divisão do Estado, e ele reagiu dizendo que os senadores não fizeram nada pelo Estado. Se disse contra a divisão e apontou a integração das estradas como solução.

Gilberto Lopes atacou Wellington Fagundes ao dizer que o adversário adotou a postura do “já ganhei” e estaria escondendo o apoio que tem do governador Silval Barbosa (PMDB). “Não vai ser senador. O senhor tem falado do Dante, das obras do Silval, que foi o pior gestor. Falasse da incompetência do Governo. Porque não aparece com o Silval?

Wellington disse que não esconde Silval e passou a citar obras feitas pelo Governo. Disse que não olha picuinhas partidárias, mas que está trabalhando pelo Estado. Na réplica, o candidato do PSOL voltou a atacar. “O senhor fez vários rodeios, citou obras, mas a gente tem visto que as cidades de Cuiabá e Várzea Grande estão em ruínas. São 50 obras inacabadas, faço meu repúdio a este Governo”.

Wellington se defendeu afirmando que quem executa é o Poder Executivo. “Eu sou responsável pelos problemas nas obras? Tivemos a Copa, que foi um sucesso, graças a nossa gente. Se tem problemas, cabe a responsabilidade civil e criminal das construtoras. Cabe ao Tribunal de Contas e Ministério Público apurar. Eu também quero as obras prontas!”.

Quinto bloco

No penúltimo bloco, o candidato Gilberto Lopes questionou Rui Prado sobre o apoio que tem do deputado estadual José Riva (PSD), que teve o registro de candidato a governador indeferido por se enquadrar na Lei da Ficha Limpa e responde a mais de 100 processos por improbidade administrativa.

Prado afirmou que é apoiado por Riva, mas também é candidato a senador, e ao apoio do Riva, assim como outros, seria bem-vindo. “Sobre os processos, quem precisaria resolver é a Justiça. Apoio a Janete Riva, e quero que ele seja eleita. Sou ficha limpa e não tenho problema algum com a Justiça”.

Gilberto voltou a “alfinetar”. “O senhor acha justo fazer campanha com dinheiro sujo?” Prado disse: Não faço campanha com dinheiro sujo, está tudo prestado contas pela legislação e gostaria que esclarecesse o que é dinheiro sujo”. Gilberto rebateu: O povo é inteligente. Não posso falar a verdade?

O clima esquentou nesse momento e o mediador Onofre precisou intervir para garantir a ordem das perguntas. Rui voltou aos temas propositivos e disse que, se eleito, vai levar 10% da corrente líquida do Estado para o setor. Gilberto contrapôs e disse que sua proposta é mais avançada, já que redirecionaria 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Saúde e Educação.

“É fácil ter discurso, mas ser apoiado por candidatos ficha suja”. Rui voltou a se defender: “Estou concorrendo pela primeira vez, e sou ficha limpa. Estou disposto a trabalhar pelo povo, com propostas concretas e factíveis. Que o eleitor avalie a coerência”.

Rogério Salles perguntou a Wellington quando o VLT e demais obras da Copa ficarão prontas. O republicano voltou a dizer que não tem responsabilidade com os problemas da atual gestão. “Ele insiste em colocar a responsabilidade em mim, o que não é. Eu sou parlamentar, tenho que conseguir recursos. Quem faz obra é o Executivo. No caso do VLT, é contratada pelo governo do estado, foi aprovado na Assembleia Legislativa. Não teve participação da bancada federal”.

Salles voltou a questionar o candidato da base sobre os possíveis superfaturamentos em obras. “Eu gostaria de ter tido oportunidade por 8 meses, como você teve, mas não mostrou nenhuma obra.  Aliás, fez outras coisas que tem que explicar. Pediram pra eu não falar nisso. O senhor tem uma pensão vitalícia de R$ 15 mil por mês. Queria que mostrasse uma obra que fez por oito meses como governador”, disparou Wellington.

Sexto bloco

Nas considerações finais, Rui agradeceu o apoio que tem recebido da ex-senadora Serys (PTB), fez apelo ao eleitor e pediu votos para ele e para Janete Riva..

Gilberto perdeu um minuto de tempo para Wellington, que solicitou direito de resposta. “Fui penalizado, mas é como um prêmio, porque eu falei a verdade. E quem fala é punido, mas quero ressaltar que o PSOL é mudança. Um pessoa está há 23 anos no poder e fala que é mudança. Não entendo isso”.

Welington ressaltou o apoio que tem da presidente da República Dilma Rousseff (PT) e disse que “pode haver um deputado que trabalha como ele, mas não mais do que ele”. Salles disse que procura fazer uma campanha propositiva, sem atacar a honra dos adversários. Disse que recebe pensão de ex-governador, assim com outros, e que não entende como um privilégio. 

Sobre processo que responde por desvios em cartas de crédito da Cemat, ele afirmou: “Houve desvio na Sefaz (Secretaria de Fazenda), e fui a primeira pessoa a denunciar e cobrar as responsabilidades. O inquérito disse que não tenho culpabilidade. Respondo por isso, mas quero ser senador para mudar esse abandono que temos na Saúde”.

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