RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
O presidente Michel Temer (PMDB) adotou cautela diante da Operação Malebolge, que embasou mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ministro da Agricultura (Mapa), Blairo Maggi (PP), na manhã desta quinta-feira (14).
Na reportagem, publicada na versão online do jornal A Folha de S. Paulo, a ideia do Palácio do Planalto é blindar por tabela o presidente da República e dar tempo para que Maggi se explique à opinião pública.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
“O comportamento do Planalto é uma tentativa de blindar Temer, uma vez que o próprio presidente deve ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nesta quinta, pelo mesmo crime imputado ao ministro da Agricultura”, diz trecho da reportagem do jornalista Bruno Boghossian, de Brasília (DF).
O ministro foi implicado pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) que contou, em delação premiada, que o senador Cidinho Santos (PR) prometeu ajuda de Blairo, do atual governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), e do senador Wellington Fagundes (PR) para que ele não fizesse delação premiada.
Além disso, Silval revelou que Maggi teria comprado o silêncio do ex-secretário de Estado de Mato Grosso Éder Moraes, por R$ 3 milhões em dinheiro vivo. Com isso, Eder mudou seu depoimento na Justiça e inocentou o atual ministro.
Veja reportagem na íntegra:
Apesar de reconhecer que as acusações de obstrução de Justiça contra o ministro Blairo Maggi (Agricultura) sejam graves, o Palácio do Planalto decidiu adotar cautela em relação ao caso para proteger o presidente Michel Temer por tabela.
O governo quer dar tempo para que o ministro se explique e vai levantar dúvidas sobre a delação premiada que embasou a operação de busca e apreensão em endereços ligados a Blairo nesta quinta-feira (14). Assessores presidenciais afirmam que não há perspectiva de que o ministro deixe o cargo.
O comportamento do Planalto é uma tentativa de blindar Temer, uma vez que o próprio presidente deve ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nesta quinta, pelo mesmo crime imputado ao ministro da Agricultura.
O discurso de auxiliares do presidente é de que a atuação de procuradores, delatores e até do Judiciário contra integrantes do governo é questionável e, portanto, não deve haver pré-julgamento enquanto houver pontos não esclarecidos sobre esses processos.
Delação
Blairo é acusado de fazer pagamentos ao ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes para que ele mudasse um depoimento para inocentá-lo em um processo judicial. Segundo o ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), há "veementes indícios" de que o ministro tenha cometido crime de obstrução de Justiça.
As investigações sobre o caso contaram com uma delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que sucedeu Maggi na gestão de Mato Grosso. Nesta mesma quinta (14), a PGR deve apresentar ao Supremo uma nova denúncia contra Michel Temer, por obstrução de Justiça e organização criminosa.
O crime de obstrução é caracterizado no episódio em que Temer, segundo o procurador-geral Rodrigo Janot, deu aval para Joesley Batista, da JBS, comprar o silêncio do corretor Lúcio Funaro e do ex-deputado Eduardo Cunha. A organização criminosa está na atuação da chamada "quadrilha do PMDB da Câmara". As acusações formais da PGR têm como bases as delações de executivos da JBS e do corretor de valores Lúcio Funaro. Temer tenta desqualificar esses acordos desde que foram reveladas suspeitas de envolvimento de um procurador com a JBS, no curso das negociações da delação do grupo.