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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
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12 de Agosto de 2017, 08h:08 - A | A

PODERES / EFEITO DELAÇÃO

Denúncias minam projeto de poder nacional de Blairo Maggi, apontam analistas

Blairo Maggi foi acusado em delação premiada de comprar o silêncio do ex'secretário Eder Moraes pagando propina de R$ 6 milhões; Para analistas Temer deve demitir Maggi

FLÁVIA BORGES
DA REDAÇÃO



Após a denúncia do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) ter sido exposta em rede nacional, afirmando que tanto ele, quanto o ministro de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e também ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PP), pagaram R$ 6 milhões para que o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, mudasse seu depoimento acerca da compra da cadeira de Alencar Soares, no Tribunal de Contas do Estado  (TCE), analistas políticos mato-grossenses acreditam que o fato deve afundar o futuro político do progressista.

Para Haroldo Arruda, se o presidente da República, Michel Temer (PMDB), tiver ‘o mínimo de hombridade’, Maggi será exonerado do cargo que ocupa. 

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“Não tenho dúvida que essa denúncia, da forma como foi apresentada, de forma didática, bastante explicativa, bastante clara, colocou o ministro Blairo Maggi em uma situação muito delicada. Se Temer tiver um mínimo de hombridade, ira trocar de ministro muito rápido. Temer tem atualmente 95% de reprovação e não tem motivos para manter um ministro envolvido em falcatruas”, avalia. 

Segundo ele, Maggi deve perder o cargo devido à gravidade da denúncia. “Tenho certeza de que pode fazer, sim, com que ele perca o cargo de ministro e responda a mais um processo, além daqueles que ele já vem carregando nas costas. A delação de Silval tem alicerce muito forte e provas também muito fortes. Não tenho dúvida de que o futuro político de Blairo Maggi já está abalado da forma como foi apresentada”, diz Haroldo.

“Não tenho dúvida que essa denúncia, da forma como foi apresentada, de forma didática, bastante explicativa, bastante clara, colocou o ministro Blairo Maggi em uma situação muito delicada. Se Temer tiver um mínimo de hombridade, ira trocar de ministro muito rápido”, avalia.

O analista destaca a proximidade entre os ex-governadores e ressalta que o ministro foi o responsável pela eleição de Silval, como seu sucessor. “Essa denúncia é de uma pessoa muito próxima de Blairo Maggi. Não podemos esquecer que ele foi um dos maiores cabos eleitorais para a eleição de Silval. Estamos falando da delação de um ex-governador. É de alguém que conhece. Sempre foram muito amigos”, diz Haroldo. 

O analista político Louremberg Alves concorda que a denúncia é contundente e que Temer deve afastar Maggi do cargo de ministro. 

“A denúncia é forte e, ao que tudo indica, contundente. Mesmo se não fosse, o presidente da República deveria afastar o ministro Blairo Maggi,  a exemplo do que fizera Itamar Franco com um de seus auxiliares diretos, o qual depois provou que não tinha culpa alguma”, ressalta Louremberg. 

Ele ressalta, porém, que Temer não possui esse tipo de entendimento, já que dez ministros que compõem seu staff são investigados junto ao Supremo Tribunal federal (STF).

“Infelizmente, esta não é uma política do atual governo. Tanto que conta com dez ministros denunciados no STF. Faz vistas grossas. Aliás, o presidente tem sobre seus ombros graves acusações. Portanto, a denúncia contra o Blairo Maggi, que consta na delação do Silval Barbosa, veiculada em cadeia nacional, pode não tirá-lo do cargo.  O que é uma pena”, diz Louremberg.  

Mesmo assim, o analista ressalta o grande desgaste sofrido por Maggi. “Com certeza, o Blairo sofre um grande desgaste politico. Capaz, inclusive, de atrapalhar seus planos a reeleição. O que o obrigaria a pensar em um plano B - uma candidatura à Câmara Federal”, diz.                       

Louremberg destaca a irrelevância da defesa de Maggi. “A situação não é fácil de ser resolvida e exige prudência e táticas de defesas. Acontece que o próprio Blairo está se perdendo com os conteúdos de suas notas”, salienta.

Já o professor Luiz Antônio Valle, acredita que Maggi não deve perder o cargo de ministro, mas explica que seu futuro político está comprometido.

“Não começou agora. Todavia, foi bastante contundente. Não creio que ele saia do Ministério por pressão, uma vez que o Temer tem vários auxiliares com problemas e ele os mantém. Ademais, o Temer precisa do apoio do Agronegócio, que ainda tem no Blairo, um líder”.

Para ele, Maggi deve deixar a gestão Temer por iniciativa própria. “O Blairo sai se for por iniciativa própria.  Entretanto, o quadro, para ele, tende a piorar, pois está na linha de tiro".

“A situação não é fácil de ser resolvida e exige prudência e táticas de defesas. Acontece que o próprio Blairo está se perdendo com os conteúdos de suas notas”, salienta.

O analista político João Edison também acredita que Maggi permanece no cargo, mas seu futuro político está na berlinda. “Ainda há outros desdobramentos. Haverá um revide. Maggi resiste como ministro. Mas politicamente, ‘derreteu’”, assegura. 

Delação 

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) acusou, em delação premiada aos procuradores da República, que o também ex-governador e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), participou de um esquema de propina que pagou R$ 6 milhões para que o ex-secretário Eder Moraes mudasse a versão de uma denúncia de corrupção no Estado. 

As revelações feitas por Silval foram destaque no Jornal Nacional, da TV Globo, na noite desta sexta-feira (11). Segundo a reportagem, o peemedebista contou à Procuradoria-Geral da República como funcionava o esquema em Mato Grosso.

“Na denúncia, Silval revelou pagamentos ao ex-secretário de Mato Grosso, Éder Moraes, para que ele mudasse o depoimento a fim de inocentar Blairo Maggi”, destacou trecho da matéria.

À época, primeiro Eder denunciou ao Ministério Público Federal (MPF) “que ele, Silval e Blairo sabiam da compra de vagas no Tribunal de Contas do Estado [TCE] e Eder queria assumir uma delas”.

No entanto, na delação, o ex-governador explica aos procuradores que “depois deste depoimento, Eder procurou Silval e Blairo e pediu R$ 12 milhões para voltar atrás no que disse”. Ambos aceitaram pagar a propinar, porém, apenas metade, ou seja, R$ 3 milhões de Silval e R$ 3 milhões do ministro.

Processos

Maggi foi citado no esquema que culminou no afastamento do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Sérgio Ricardo, acusado de comprar a vaga de Alencar Soares. No início desse ano, a Justiça mandou bloquear R$ 4 milhões de Maggi.

Acusado de improbidade administrativa e dano ao erário, Maggi teria participado das negociações com o então conselheiro Alencar Soares para que ele se aposentasse e abrisse espaço para que Sérgio Ricardo pudesse assumir o cargo que é vitalício, em maio de 2012, de acordo com o Ministério Público Estadual (MPE-MT). Alencar Soares também é réu no processo, sob acusação de ter recebido R$ 4 milhões para se aposentar antes do prazo.

“Ainda há outros desdobramentos. Haverá um revide. Maggi resiste como ministro. Mas politicamente, ‘derreteu’”, assegura.

Outro escândalo é a contratação do Consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande para comandar a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos. À época, Maggi  orientou o então governador Silval Barbosa, que confessou ter recebido propina de 3% sobre o total de R$ 600 milhões, a assumir publicamente que as obras não ficariam prontas até junho de 2014.

Ele ainda foi citado nas declarações de ex-executivos da Odebrecht e delatores da Operação Lava Jato, que o colocam como um dos supostos beneficiários de propinas pagas pela empreiteira.

Em acordos de delação premiada firmados com o Ministério Público Federal (MPF), Antônio Pacífico Ferreira, diretor superintendente para as Áreas Norte, Nordeste e Centro Oeste da Odebrecht, e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, diretor de contratos da construtora, apontam pagamento de R$ 12 milhões para Blairo, valor que teria sido utilizado para custear a campanha do então governador de Mato Grosso à reeleição, no ano de 2006.

De acordo com os executivos da empreiteira, os R$ 12 milhões pagos a Blairo corresponderiam a 35% de uma dívida que o Executivo teria com a Odebrecht.

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