RAUL BRADOCK
DA REDAÇÃO
A força-tarefa da Polícia Civil, que investiga o esquema de grampos em Mato Grosso, afirma que o ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Rogers Jarbas, tentou obstruir, retardar, ou dificultar as investigações das escutas clandestinas por pelo menos 24 vezes desde a denúncia, em 2017.
Dessas obstruções ou tentativas, seis aconteceram a partir de maio deste ano, após os policiais civis retomarem as investigações.
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Conforme pedido de prisão do acusado, feito pelas delegadas Ana Cristinas Feldner e Jannira Laranjeira, Jarbas foi nomeado secretário de Segurança na gestão do ex-governador Pedro Taques (PSDB), apontado como “dono” do escritório clandestino montado em Cuiabá com objetivo de obter vantagem política ao monitorar opositores, jornalistas, advogados e empresários.
As escutas teriam dado vantagem para Taques durante o pleito de 2014, quando venceu as eleições ao Governo do Estado.
Veja:
01: Ligação à assessora de Comunicação da PJC, tentando intimidá-la com ameaças à Diretoria da Polícia Civil: (05/2019)
Cosnta do depoimento da assessora que Jarbas se exaltou ao saber que a Polícia Civil publicou em seu site institucional a notícia de que os nomes dos delegados Flávio Stringueta e Ana Cristina Feldner eram cogitados para reassumir as investigações da Grampolândia Pantaneira. “A Polícia Civil vai pagar”, teria dito Jarbas.
02: Ataca a reputação da delegada Ana Cristina: (10/05/2019)
Rogers Jarbas teria arquitetado situação para demonstrar que a delegada teria um “amante”. E também procurou veículos de imprensa com nítido interesse de atacar a reputação da delegada e tirar o foco das investigações.
03: tentativa de recrutamento de um membro da Força-Tarefa: (07/2019).
O delegado Rafael Mendes Scatolon foi um dos nomeados para a retomada das investigações da Polícia Civil, porém, foi afastado por suspeita de ter sido “cooptado” por Jarbas.
04: protocolizou diversos documentos contendo 2 mil páginas: (07/08/2019).
Intenção de Rogers seria obstruir ou enrolar o andamento das investigações com documentos que não apresentam nenhum fato relevante para as investigações.
05: Entrega inquérito sigiloso à imprensa: (07/2019).
Tentando induzir reportagens para tumultuar as investigações.
06: Aproximação de ex-membro da Força-Tarefa: (09/2019).
Jarbas teria estreitado laços com o delegado Scalaton, inclusive em jogos de futebol. Situação seria perigosa, pois o delegado teve acesso a provas e sabe das linhas de investigação.
A representação pela prisão foi parcialmente atendida pelo juiz Jorge Luiz Tadeu Rodrigues, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Tadeu determinou que o ex-secrretario passe a usar tornozeleira eletrônica. Equipameno foi colocado na tarde desta segunda-feira (18), no fórum de Cuiabá.