RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
O empreiteiro Giovani Guizardi disse, em seu termo de delação premiada ao MPE - cuja cópia foi obtida pelo nesta quinta-feira (1°) -, que o empresário Alan Malouf - sócio do Buffet Leila Malouf - fez uma doação de R$ 10 milhões, por meio de “Caixa 2”, à campanha do governador Pedro Taques (PSDB), em 2014.
Guizardi, que estava preso desde maio passado, é o primeiro delator da Operação Rêmora - que apura fraudes de R$ 56 milhões em licitações de obras da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
O empreiteiro contou à Justiça que, em 2015, o empresário Alan Malouf montou, “informalmente, uma organização criminosa para arrecadar ‘fundos’ ilícitos com o objetivo de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais ocorridas no ano de 2014”.
O delator, que é dono da Construtora Dínamo, afirmou que o esquema já existia "por meio do ex-secretário Permínio Pinto e do ex-servidor Fábio Frigeri”, atualmente presos no Centro de Custódia da Capital (CCC).
Aos promotores do Naco (Núcleo de Ações de Competência Originária), Guizardi contou que o objetivo de Malouf era reaver a doação ilegal por meio de contratos fraudulentos com a secretaria.
O empreiteiro disse ainda que fez uma doação de R$ 300 mil em espécie a Alan Malouf, mas não soube dizer se o valor foi declarado à Justiça Eleitoral.
“Indagado por qual motivo fez essa doação, o declarante disse ter o costume de fazer esse tipo de doação para não ter 'dificuldades' nas atividades junto ao Governo e que essa prática é comum entre empresários”, diz trecho do documento do MPE.
O delator garantiu que o mesmo procedimento foi feito durante a campanha do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), quando “chegou a doar R$ 1 milhão”. Vale lembrar que a delação ainda não está homologada.
O Governo do Estado, por meio de nota oficial, disse que lamenta o envolvimento de seu nome na delação do empresário Guiovani Guizardi. Diz ainda que mostrou firmeza, quando na deflagração da Operação Rêmora, as investigações apontaram para envolvimento de servidores e secretário, pois os exonerou. De acordo com a nota, Taques refuta com veemência qualquer tentativa de envolve-lo no caso já que "jamais tratou com quem quer seja de nenhum assunto relacionado à investigação".
Confira a nota do Governo na íntegra:
O governador Pedro Taques tomou as medidas que lhe competiam - quando da deflagração da Operação Rêmora (que apura eventuais crimes contra o patrimônio público na Secretaria de Estado de Educação - Seduc) -, exonerando e/ou afastando todos os servidores públicos denunciados, inclusive o ex-secretário de Educação. Tal medida, por si só, demonstra a firmeza do governador e do Governo no combate à corrupção e na apuração de qualquer denúncia que envolva atos de improbidade no âmbito do Governo do Estado de Mato Grosso;
O governador lamenta o envolvimento de seu nome no caso, refuta com veemência qualquer tentativa de envolve-lo em qualquer ato ilegal, uma vez que jamais tratou com quem quer seja de nenhum assunto relacionado à investigação;
Pedro Taques lamenta, ainda, que pessoas do seu convívio pessoal, político ou partidário possam estar envolvidas em malfeitos, e reitera seu entendimento de que ninguém está acima da lei e apoia investigação para que, ao final, comprovados os fatos denunciados, todos os envolvidos sejam punidos com o rigor da lei.
O governador reitera o que já disse em outras situações, de que a prestação de contas da sua campanha eleitoral de 2014 foram aprovadas sem ressalvas pela Justiça Eleitoral, e que por essa razão, repudia toda e qualquer tentativa de envolvê-lo em qualquer ato ilegal, prática que ele sempre combateu ao longo da sua vida, especialmente nos 15 anos nos quais atuou como Procurador da República.
Confira a nota da defesa do empresário Alan Malouf:
Mesmo ainda não tendo acesso aos autos, é importante ressaltar que Alan Malouf nunca foi líder de nenhuma organização criminosa.
A defesa do empresário vai aguardar ter acesso aos autos para se manifestar de forma transparente, uma vez que considera absurdas as acusações.
Reiteramos, também, que Alan Malouf está à disposição das autoridades competentes para prestar as informações necessárias, acreditando, sempre, na Justiça.