MARCIO CAMILO
DA REDAÇÃO
O procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges afirmou que a Corregedoria do Ministério Público do Estado (MPE) irá investigar o suposto envolvimento de promotores no esquema de escutas ilegais em Mato Grosso, nacionalmente conhecido como "Grampolândia Pantaneira".
A investigação foi comentada pelo chefe do MP, na segunda-feira (15), após reunião com o governador Mauro Mendes, no Palácio Paiaguás.
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O procurador-geral de Justiça reforçou que se ficar comprovado que os promotores cometeram o crime, "eles terão que responder pelos atos”.
Destacou que a Corregedoria ficará à frente das investigações e que o MPE vai apurar a suposta participação de seus membros na grampolândia, assim como o Tribunal de Justiça está investigando os magistrados: "Cada um vai investigar o seu".
O inquérito da Corregedoria deve ser respaldado no depoimento do cabo da Polícia Militar Gerson Corrêa, considerado o principal operador das escutas telefônicas ilegais.
O depoimento dele ocorreu em agosto do ano passado ao promotor Allan Sidney do Ó Souza, que interrogou Gerson sobre o crime. À época, Sidney afirmou que encaminharia os documentos apresentados pelo cabo ao Tribunal Superior de Justiça (STJ) e à Corregedoria do Ministério Público (MPE).
Segundo Gerson, seria comum a determinação das escutas telefônicas, sem o devido processo legal, por parte dos promotores que atuavam no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Afirmou que até hoje a maioria das ordens de interceptações são originadas a partir de decisões judiciais diversas, que não possuem relação com a investigação do caso.
Nisso, segundo o cabo da PM, muitas das operações do Gaeco nasceram a partir desse vício processual.
Uma delas, conforme o cabo, seria a operação Ouro de Tolo, em 2015, quando foram inseridos os dados telefônicos do ex-governador Silval Barbosa e de seus filhos Ricardo, Rodrigo e Carla Barbosa.
Gerson disse, em depoimento, que os grampos foram feitos de maneira ilegal, pois Silval e os filhos não estavam sendo investigados pelo crime em questão, no caso um suposto desvio de dinheiro público da Secretaria de Estado de Assistência Social (Setas).
O cabo detalhou que a investigação era apenas em cima da ex-primeira-dama de Mato Grosso, Roseli Barbosa, que entre 2010 e 2014 comandou a Secretaria.
Gerson também disse que em 2014 teria levado os fatos ao conhecimento do então chefe do Gaeco, o promotor Marco Aurélio.
"Eu levei essa situação - sobre a origem inicial desses procedimentos ilícitos - ao doutor Marco Aurélio, mas nada aconteceu", disse durante ao promotor Allan Sidney do Ó Souza
Na época do depoimento, o Gaeco negou, por meio de nota, a prática de barrigada de aluguel. Salientou que não é vedada a utilização de dados cadastrais obtidos em investigações e que isso não pode ser confundido com interceptações ilegais.
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