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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
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19 de Agosto de 2017, 07h:50 - A | A

PODERES / COMANDO CLANDESTINO

Coronel e cabo criaram esquema de 'grampos' na PM, diz desembargador

Segundo o desembargador do TJ, Orlando Perri, a criação do Núcleo de Inteligência, vinculado ao Comando-Geral da PM, foi feita totalmente à margem da lei, “único e exclusivamente para a prática das interceptações telefônicas ilegais”.

CAROL SANFORD
DA REDAÇÃO



O ex-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, e o cabo Gerson Luiz Ferreira foram apontados pelo desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri, como os responsáveis pela criação e operacionalização do esquema criminoso de escutas telefônicas clandestinas, operadas pela PM, entre os anos de 2014 e 2015.

Segundo descoberto, até a fase atual das investigações, o Cel. PM Zaqueu Barbosa, em meados de setembro de 2014, quando exercia a função de subchefe do Estado Maior Geral da PMMT, decidiu estruturar um escritório que ficou denominado ‘Núcleo de Inteligência’. Partiu dele, portanto, a ideia da criação, e, também, a função de arregimentar os operadores deste plano”, escreveu o desembargador.

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Segundo Perri, a criação do Núcleo de Inteligência, vinculado ao Comando-Geral da PM, foi feita totalmente à margem da lei, “único e exclusivamente para a prática das interceptações telefônicas ilegais”.

Entre os “operadores” o primeiro a ser “convidado” foi o cabo da PM, Gerson Luiz Ferreira, com o propósito de estruturação do núcleo. Ele contou em depoimento, ter recebido das mãos de Zaqueu “duas placas da marca Wytron, que aparentavam ser para interceptação telefônica”.

O cabo, após assumir a função das escutas, apresentava os resultados, por meio de relatórios, diretamente a Zaqueu. “Demonstrando, assim, de forma incontestável, o envolvimento e a ligação de ambos na prática delituosa”.

O magistrado ainda destacou que apesar de poder ser considerado como elo mais fraco, o cabo Gerson teve participação “relevantíssima para o sucesso da empreitada criminosa”, tendo papel igual, ou até maior, que Zaqueu no grupo.

Tamanha era a participação (e influência) do cabo Gerson, que, em meados de outubro de 2014, ele se dirigiu a Zaqueu solicitando reforço na equipe, porque não estava conseguindo ouvir todos os áudios”, apontou Perri.

Gerson, portanto, ficou responsável por operacionalizar, orientar e instruir os demais policiais que receberam o encargo de ouvir os áudios, administrando de forma direta todo o Sistema Sentinela do Núcleo de Inteligência.

Ainda conforme Perri, Gerson era o encarregado de confeccionar os relatórios fictícios de inteligência, para que Zaqueu obtivesse autorização para as escutas clandestinas, junto aos magistrados de Cáceres e Sinop.

A proximidade de Zaqueu e Gerson era tão forte que, em seu depoimento, o ex-comandante da PM afirmou que o cabo tinha acesso à sua conta de e-mail, haja vista que ele era o analista responsável pela elaboração dos relatórios de inteligência”, destacou o desembargador.

As declarações do magistrado constam na decisão que permitiu a soltura dos coronéis da PM, Evandro Lesco e Ronelson Barros, ex-secretário e ex-adjunto da Casa Militar, respectivamente, na sexta-feira (18).

Os quatro militares são apontados como os principais responsáveis pelo esquema de escutas clandestinas, que interceptou ilegalmente telefones de políticos, advogados, jornalistas, empresários, magistrados e agentes públicos.

Porém, Perri considerou que Lesco e Barros não tiveram participação tão ativa quanto Zaqueu e Gerson no esquema, por isso, reverteu as prisões em domiciliares.

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