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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

31 de Maio de 2012, 15h:15 - A | A

OPINIÃO / ALFREDO DA MOTA MENEZES

Entrevero

Lula não deveria se preocupar com o Mensalão; ele complica o Supremo

ALFREDO DA MOTA MENEZES



O assunto do momento é a tal conversa do ministro Gilmar Mendes com o expresidente Lula. Dá para fazer diferentes ilações.


1. O uso da CPI do Cachoeira para embaralhar a discussão no STF sobre o mensalão também não deu certo neste caso. Reverberou ao contrário.


2. Mas, por outro lado, pode até ajudar o Lula. Ele devia estar sendo pressionado por pessoas envolvidas no mensalão. Agora, depois da denúncia do Gilmar Mendes, ele se livra dessa pressão. Não há mais espaço para atuar no assunto.


3. Lula deveria processar a revista Veja e o ministro Gilmar Mendes. É um direito seu se defender na  Justiça. Se nada fizer acabaria passando a imagem de que houve algo não republicano naquele encontro no escritório do Nelson Jobim.


4. O Nelson Jobim, ao comentar o encontro, disse que o Gilmar Mendes estava em seu escritório quando passou por lá o ex-presidente Lula para visitá-lo. Que encontraram por acaso. Pegou mal. Tão mal que ele não fala mais sobre o assunto. Talvez o receio dele foi que se passasse para a opinião pública que ele estava ajudando a protelar o mensalão. Se estava, a fala do Gilmar o encurralou.


5. O governo Lula recebe merecidas loas aqui e no exterior. O receio do ex-presidente é que, se o mensalão condenar gentes, isso possa manchar seu governo. Ou, como já andam dizendo, que foi o maior escândalo na história da República brasileira.


6. Mas, numa outra análise, o Lula não deveria se preocupar com o mensalão. A sua trajetória seria uma barreira a um resultado negativo no STF. Ele, como exemplo, fez mais pela  democracia e o capitalismo na América Latina do que os EUA com seu poderio (meus amigos da esquerda não gostam de ouvir isso).  Hoje, as candidaturas da esquerda na região não querem o modelo de Hugo Chaves nem de Fidel Castro, mas o que o Lula trilhou no Brasil. Mesmo que o STF condenasse os indiciados no mensalão sua imagem poderia não ser afetada. Vai afetar mais, aqui e fora, essa equivocada tentativa de pressionar membros da suprema corte do país.


7. Mas, independentemente disso ou daquilo, o julgamento do mensalão pode ser um divisor na história do Judiciário brasileiro. Imaginemos que se tenham provaspara condenar pessoas envolvidas com ele. Se isso ocorresse passaria uma mensagem para todo o Judiciário nacional de que acabou a farra do boi com a coisa pública. Que, a partir de agora, o político ou
o agente público podem ser condenados e presos.


Com o assunto julgado, depois das derrotas dos advogados de defesa em procrastinar ou embaralhar o caso, também poderia ser alterada outra linha de defesa de réus em casos assim que é o uso de atalhos técnicojurídicos e de erros processuais.


Esse julgamento deverá ser uma aula sobre um novo Brasil que se sonha há muito tempo.
 

*Alfredo da Mota Menezes é professor e articulista político


A redação do RepórterMT não se responsabiliza pelos artigos e conceitos assinados, aos quais representam a opinião pessoal do autor.

 

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