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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
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10 de Setembro de 2013, 08h:28 - A | A

NACIONAL / TRAGÉDIA

Polícia diz que câmera gravou gesto de músico com a mão no pescoço

Síndico havia adiantado que Champignon fez gesto agressivo em elevador. Imagens do circuito interno de segurança do prédio não foram divulgadas.

DO G1



O músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, o Champignon, foi filmado pela câmera de segurança do elevador do prédio onde morava pouco antes de morrer na madrugada desta segunda-feira (9). No vídeo, de costas para a mulher, Cláudia Campos, Champignon fez um gesto passando a mão pelo pescoço, informou a polícia para o Jornal Nacional. As imagens do circuito interno de segurança do edifício não foram divulgadas.

Champignon e a mulher jantaram com um casal de amigos na noite deste domingo (8). De acordo com a polícia, ao chegar em casa, no Morumbi, Zona Sul de São Paulo, ele se fechou dentro do estúdio e disparou dois tiros, um no chão e outro contra a própria cabeça. Grávida de cinco meses, a mulher de Champignon foi internada em estado de choque.

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Mais cedo, o síndico Gino Castro confirmou ter visto um gesto agressivo do músico diante das câmeras, mas não detalhou qual era ele. "Tem, tem um gesto, mas eu prefiro não comentar. Vou deixar por conta da doutora (delegada)", disse Castro. As imagens das câmeras de segurança foram entregues para a Polícia Civil.

Segundo o síndico, Champignon e a mulher Cláudia Campos chegaram à portaria do condomínio à 0h05. Eles voltavam de um jantar em um restaurante e contaram com a carona de amigos para chegar ao prédio, que fica na região do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo.

Depois de deixarem o carro e entrarem no condomínio, Champignon e Cláudia passaram pelo hall caminhando lado a lado, sem dar as mãos e aparentemente sem conversar.

Castro disse que todas as imagens somam dois minutos e mostram o casal até 0h07 desta segunda. "São imagens daqui [portaria] até o hall do prédio e a subida dele até a entrada do apartamento", disse. Em entrevista ao SPTV, o delegado-geral, Maurício Blazek, disse que o casal passava por dificuldades financeiras e este foi o motivo da discussão no restaurante.

A delegada Milena Suegama, do 89º Distrito Policial, disse nesta manhã que Cláudia confirmou que teve uma discussão no restaurante com o marido.

Milena disse que teve uma breve conversa com Cláudia ainda na madrugada, mas que ela não apresentava condições de falar muito. Entretanto, Cláudia descreveu Champignon como uma pessoa calma

A conversa da delegada e Cláudia ocorreu antes de ela passar por atendimento no Hospital Metropolitano. Grávida de cinco meses, ela passou por exames entre 2h32 e 6h50. “Eu tive uma conversa muito breve com a mulher antes de ela entrar para a ultrassom. Ela não está em condições de falar, mas disse que eles tiveram uma discussão no restaurante. Ela o descreveu como uma pessoa calma”, afirmou a delegada. “A esposa foi muito clara: ela disse que ele não faz uso de drogas nem de medicamentos controlados. (...) As críticas artísticas estavam deixando ele incomodado. Ele demonstrava frustração”, disse.

O baixista tinha 35 anos e estava em seu segundo casamento. A Polícia Civil investiga se ele cometeu suicídio. Pouco depois de o casal chegar ao imóvel, vizinhos disseram ter ouvido barulho de tiro por volta de 0h30. A delegada Milena Suegama diz que foram feitos dois disparos.

O primeiro, no chão, para checar o funcionamento da pistola 380 e, depois, deu um tiro na cabeça. Policiais militares e uma equipe do Samu foram ao local e já encontraram Champignon morto. O corpo do baixista foi retirado do apartamento por funcionários do Instituto Médico-Legal (IML) pouco antes das 5h. O caso será registrado como suicídio no 89º Distrito Policial, em São Paulo.

Vizinho do casal, o corretor de imóveis Alexandre Benaion, de 40 anos, mora no mesmo andar e foi o primeiro a chegar para prestar socorro. "Eu ouvi um tiro, fui ver o que era e o rapaz já estava caído, cheio de sangue", disse. O corretor disse ter ficado surpreso com o suposto suicídio, porque o músico aparentava ser uma pessoa tranquila.

Segundo Benaion, a esposa de Champignon está gravida de 5 meses. Após o corpo ter sido achado, Cláudia foi levada para um hospital, em choque. "Ela estava abalada, gritando, não falou nada, só gritava", disse.

Cláudia passou por atendimento no Hospital Metropolitano entre 2h32 e 6h50. O centro médico informou que não vai divulgar detalhes, mas que a alta sinaliza que ela não teve complicações.

O casal morava no apartamento, localizado no 10º andar, há cerca de um ano e seis meses. O imóvel tem três quartos. O corpo foi achado no cômodo onde eram guardados equipamentos musicais e funcionava com um estúdio.

O síndico do prédio, Gino Castro, entregou para a polícia as imagens que mostram o músico e a mulher chegando ao prédio, pouco depois da meia-noite deste domingo. Segundo ele, o comportamento de Champignon era “normal, como de qualquer outro morador”. "Super tranquilos. Nunca tive nenhuma reclamação. Muito solidário com a molecada do condomínio", disse Castro.

Tiro no rosto

O sargento da Polícia Militar Ronaldo Moreira disse ter encontrado sinal de que apenas um tiro foi disparado. "Nós entramos (no apartamento) tinha uns vizinhos lá dentro, mostraram para a gente o quarto e verificamos o Champignon no chão. Muito sangue. Uma arma na mão dele e achamos uma cápsula da arma e um projétil", disse.

"Ela (mulher de Champignon) falou que eles tinham acabado de chegar do restaurante. Ele se fechou no quarto, ela escutou o estampido, o barulho do tiro, e depois foi pedir ajuda para o vizinho", contou o policial.

Segundo o sargento, a arma do crime é uma pistola calibre 380. Aos policiais que atenderam a ocorrência, Cláudia disse que o baixista tinha a pistola e outras duas armas. A perícia já esteve no apartamento e levou uma sacola preta com objetos. Segundo o SPTV, Champignon possuía o registro de uma pistola .380 e de uma espingarda calibre 12.

O delegado seccional Armando de Oliveira Costa Filho disse ao G1 que é "praticamente inafastável a tese de suicídio" do músico. O delegado disse que o caso vai continuar na delegacia da região, descartando inicialmente o envio do inquérito para setor especializado em assassinatos, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Na época da morte do vocalista do Charlie Brown Jr., coube ao DHPP as apurações, que apontaram que a morte de Chorão foi causada por overdose. No caso de Champignon, as evidências coletadas pela investigação apontam que o próprio músico teria segurado usado uma pistola 380 para atirar contra a cabeça.

Trajetória

Champignon tinha 35 anos e nasceu em Santos, litoral paulista. O músico lançou vários discos com a banda Charlie Brown Jr, que deixou em 2005, após brigas com o vocalista Alexandre Magno Abrão, o Chorão.

Nessa época, participou de outros projetos, como o grupo Nove Mil Anjos, que tinha Junior Lima (irmão de Sandy) na bateria.

Em 2011, Champignon retornou ao Charlie Brown Jr. fazendo com que a banda voltasse a contar com a presença dos quatro integrantes da formação original de 1992: Marcão, Champignon, Chorão e Thiago Castanho, além do baterista Bruno Graveto, que passou a integrar o grupo em 2008.

Após a morte de Chorão, em 6 de março deste ano, os membros do Charlie Brown lançaram a banda A Banca, que tinha Champignon como vocalista.

A próxima apresentação do grupo seria no dia 21 de setembro em Recife, Pernambuco, com a turnê “Chorão Eterno”, show que homenageava além de Chorão, toda a trajetória da banda Charlie Brown Jr.

Duas perdas no mesmo ano

Em 2013, Champignon perdeu dois companheiros de banda entre março e maio: o parceiro Chorão e o guitarrista Peu Sousa, ex-colega de Nove Mil Anjos, encontrado morto em maio em sua casa, no bairro de Itapuã, em Salvador.

Chorão morreu por overdose de cocaína, enquanto a morte de Peu foi provocada por suicídio, segundo informou na época a Polícia Civil da Bahia.

Ao G1, Champignon falou sobre as mortes no dia 6 de maio. "Os dois perderam a fé. Quando perdem a fé, perdem a vontade de viver. Foi mais um dia muito triste", disse o baixista.

"Eu acho que as pessoas, em algum momento da vida, perdem a fé. Independentemente se morrem por droga, ou enforcadas. Se perdem a vida sem culpa de ninguém, acredito que em algum momento perderam a fé", acrescentou.

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