RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
O vice-governador Carlos Fávaro (PSD) informou no início da noite desta quarta-feira (24) que o Governo do Estado poderá reduzir, nos próximos dias, a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a arroba do boi gordo em pé, atualmente em 7%, para ser abatida fora de Mato Grosso.
A medida visa conter uma possível crise no setor da carne no Estado, provocada pelas delações dos executivos do Grupo JBS. O assunto foi debatido com representantes de médios e pequenos pecuaristas, que discutiram sobre o futuro da empresa em solo mato-grossense, além de medidas emergenciais para impedir um colapso na pecuária.
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“Nós não podemos sofrer a terceira crise em seis meses. A primeira foi a crise da Carne Fraca, que nós já estávamos recuperando. Depois vem a delação da JBS e um grande problema porque a empresa tem hegemonia de plantas aqui em Mato Grosso. Quase 50% dos abates do Estado são dela. Não queremos que a JBS venha a quebrar, mas temos que nos precaver”, explicou o vice-governador.
“Nós não podemos sofrer a terceira crise em seis meses. A primeira foi a crise da Carne Fraca, que nós já estávamos recuperando. Depois vem a delação da JBS e um grande problema porque a empresa tem hegemonia de plantas aqui em Mato Grosso. Não queremos que a JBS venha a quebrar, mas temos que nos precaver”, explicou o vice-governador.
No encontro, os pecuaristas afirmaram, por meio de dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), responsável pelos levantamentos de preços da arroba, que, em abril, a desvalorização do boi foi de 1,17% se comparado a março. Comparando com o mês de maio de 2016, a desvalorização é ainda maior, aproximadamente 5,6%.
O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires, disse que para piorar a crise, o Grupo JBS decidiu modificar a forma de pagamento aos produtores. O medo é que haja calote, já que as ações do grupo despencaram mais de 50% na bolsa de valores, um reflexo do depoimento que escancarou para o Brasil um grande esquema de corrupção entre empresas e políticos.
“A empresa que sempre pagava à vista, agora está pagando com 30 dias. Nos últimos 10 dias nós tivemos uma queda grande no preço da arroba do boi, por isso o segmento está preocupado. Milhares de empregos estão em jogo”, argumentou.
Uma das saídas, apresentadas pelo setor, é de que o Executivo zere a alíquota do ICMS, fixada em 2,5%, para o abate dentro de Mato Grosso e 7%, para transportar para outros Estados, possibilidade descartada pelo vice-governador.
“Entendemos que zerar é muito difícil porque cobramos 2,5%, mas acredito que possa ser equiparado neste percentual para sair do Estado também. Nós não queremos desindustrializar Mato Grosso, pelo contrário, queremos abrir novas plantas frigoríficas, mas primeiro queremos estabilizar o setor”, afirmou.
Outra medida estudada pelo Palácio Paiaguás, trata-se da certificação estadual para que 11 plantas frigoríficas, com permissão de abater 250 mil cabeças por ano, mas que só estão autorizadas a fornecer dentro de Mato Grosso, sejam autorizadas a fornecer para todo o país. Neste caso, o Governo deixaria de exigir o SIF (Serviço de Inspeção Federal), selo obrigatório do Ministério da Agricultura para quem manda carnes para outros Estados do país.
“Vamos abrir e o frigorífico vai abater em Goiás, em Tocantins, com uma alíquota equiparada com o que tem aqui dentro e fazer um plano de recuperação e abertura de novas plantas frigoríficas. E a outras vão poder vender em outros Estados. Em 15 dias vamos resolver esse problema também”, frisou Fávaro.