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Cuiabá, 04 de Maio de 2024
04 de Maio de 2024

24 de Abril de 2024, 18h:04 - A | A

POLÍCIA / INVESTIGAÇÃO DA CIVIL

Tesoureiro do CV deixava tornozeleira em casa e ia esbanjar dinheiro do tráfico na praia

Paulo Winter foi alvo da Operação Apito Final, que investigou esquema de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas na capital

DO REPÓRTERMT



A Polícia Judiciária Civil revelou nesta quarta-feira (24) que Paulo Winter Farias, conhecido como W. T. e apontado como o tesoureiro da facção Comando Vermelho em Mato Grosso, curtiu o réveillon passado no litoral de Santa Catarina, apesar de a tornozeleira eletrônica indicar que ele não saiu de Cuiabá.

Segundo os investigadores da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), a liderança do crime organizado aproveitava um fim de semana de luxo. Imagens obtidas pelos investigadores revelam que ele chegou a saltar de paraquedas na ocasião. Em seguida, fez viagens ao Rio de Janeiro e a Maceió, onde se hospedou em locais de alto padrão, sempre à beira-mar.

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Toda essa movimentação foi revelada no inquérito policial que resultou na Operação Apito Final, deflagrada no dia 2 de abril, que prendeu membros da organização criminosa que criou um esquema milionário de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas em Cuiabá.

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Na companhia de comparsas, W. T. cutia bares, praias e hotéis de luxo em Balneário Camboriú (SC), onde passou a virada de 2023 para 2024, bancado pelo dinheiro do tráfico. A viagem, segundo a GCCO, foi a bordo de uma caminhonete Volkswagen Amarok. Eles saíram de Cuiabá em 27 de dezembro e chegaram em Camboriú no dia 29 pela manhã. A volta para Cuiabá ocorreu no dia 1º de janeiro. Além de W. T., outros quatro investigados participaram da “excursão do crime”.

“Todas as movimentações do investigado são feitas na certeza de que o sistema punitivo estatal é falho e em vários momentos inoperante”, ressaltaram os delegados da GCCO, Gustavo Belão e Rafael Scatolon, no relatório policial.

Reprodução

paulo winter w. t. operação apito final hotel de luxo na barra da tijuca

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Certos da impunidade, Paulo Winter e dois “fiéis comparsas” viajaram novamente, no dia 17 de março, para o Rio de Janeiro. Segundo a polícia, eles embarcaram no Aeroporto Internacional Marechal Rondon. Eles ficaram hospedados em hotel de alto padrão na orla carioca e somente um deles, Alex Junior Santos de Alencar, retornou para Mato Grosso.

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Paulo Winter e Andrew Nickolas Marques dos Santos ficaram no Rio de Janeiro até 28 de março e depois embarcaram para Maceió. Em Alagoas, se reuniram a outros comparsas e ficaram hospedados em um resort na praia de Jatiúca, uma das melhores localizações da cidade. Sob a alegação de participarem de um torneio de futebol, o grupo gastou mais de R$ 70 mil com a hospedagem em suítes de luxo.

Paulo Winter, Andrew, Alex Júnior e Tayrone Fernandes de Souza acompanhavam o time “Amigos WT” em um torneio de futebol em Maceió. O time amador foi criado por W. T. para dissimular a lavagem de capitais da facção criminosa.

Os quatro foram presos pela Polícia Civil de Mato Grosso, com apoio da Polícia Civil de Alagoas, no dia 29 de março, em Maceió. As prisões foram realizadas no âmbito da Operação Apito Final.

No dia 29 de março, a Polícia Civil de Mato Grosso, com apoio da Polícia Civil de Alagoas, prendeu os quatro investigados na capital alagoana. Todos estavam com os mandados de prisão expedidos pelo Núcleo de Inquéritos Policial de Cuiabá, após a representação da GCCO.

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No momento da prisão em Maceió, Paulo Winter também não utilizava a tornozeleira eletrônica, mais uma vez descumprindo as medidas judiciais. No dia 02 de abril, o advogado de Paulo Winter, Jonas Cândido, que também era investigado como integrante da organização criminosa, foi preso na capital alagoana, onde estava a serviço do cliente.

Transferência para MT

Na semana passada, o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, do Núcleo de Inquéritos Policiais da Capital (Nipo), determinou as transferências de Paulo e dos comparsas para Cuiabá. Eles estavam detidos em um presídio de segurança máxima em Alagoas, onde também foi cumprido o mandado de prisão contra Paulo que determinou a regressão do regime semiaberto para o fechado.

Em dezembro passado, Winter foi colocado no regime semiaberto, com uso de tornozeleira eletrônica, após cumprir 15 anos, de um total de 51 anos de penas impostas em diversos processos na justiça estadual.

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O grupo foi transferido a Cuiabá e está detido na Penitenciária Central do Estado.

Operação Apito Final

Em uma investigação que durou quase 2 anos, a GCCO apurou centenas de informações e análises financeiras que possibilitaram comprovar o esquema liderado por Paulo Winter para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas. Para isso, ele usou comparsas, familiares e testas de ferro na aquisição de bens móveis e imóveis para movimentar o capital ilícito e dar aparência legal às ações criminosas.

A operação foi deflagrada no dia 02 de abril, com a finalidade de descapitalizar a organização criminosa e cumprir 54 ordens judiciais que resultaram na prisão de 20 alvos, entre eles o líder do grupo, identificado como tesoureiro da facção, além de responsável pelo tráfico de entorpecentes na região do Jardim Florianópolis, onde ele montou uma base para difundir e promover a facção criminosa agindo também com assistencialismo por meio da doação de cestas básicas a eventos esportivos.

A investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado apurou que o esquema movimentou R$ 65 milhões na aquisição de imóveis e veículos. As transações incluíram ainda criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito.

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