facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 05 de Maio de 2024
05 de Maio de 2024

05 de Abril de 2016, 14h:08 - A | A

OBRAS DA COPA / TROCA DE MODAL

Wilson diz que mudança de BRT para VLT foi para roubar R$ 500 milhões

O ex-secretário da Copa, Maurício Guimarães prestou novo depoimento nesta terça, na CPI e evidenciou o maior escândalo de MT

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO



O depoimento do ex-secretário da extinta Secretaria Extraordinária das Obras da Copa (Secopa), Maurício Guimarães, à CPI que investiga os pagamentos e condução das construções para a Copa de 2014, evidenciou, na manhã desta terça (05), que uma 'manobra política' articulada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), nos anos de 2010 a 2012, 'capitaneada' pelo ex-deputado José Riva, que presidia a Casa de Leis na época, em parceria com o então governador, Silval Barbosa (PMDB), ambos presos acusados de “roubo” ao erário”, provocou a troca do BRT pelo “inviável” VLT.

A medida resultou no desastroso desdobramento deste empreendimento bilionário e dos outros 33 contratos relativos ao Mundial, que foi marcado por uma série de fragilidades contratuais, duvidosos pagamentos adiantados, falhas técnicas, irregularidades licitatórias e atrasos.

“Estou convencido que a mudança foi para roubar pelo menos R$ 500 milhões, para levar dinheiro público”, comentou.

O deputado Wilson Santos, que é membro da CPI, lembrou que, em audiência pública na ocasião de escolha do modal, José Riva chegou a defender que o VLT não sairia por mais que R$ 700 milhões, no entanto, o empreendimento já consumiu R$ 1,062 bilhão e ainda não está nem perto de entrar em circulação.

Diante deste quadro, Wilson Santos colocou 'em xeque' a mudança de modal. “Estou convencido que a mudança foi para roubar pelo menos R$ 500 milhões”, comentou.

Maurício Guimarães, que assumiu a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), em 19 de abril de 2012, disse que assumiria seus possíveis erros, junto à CPI e no Judiciário, todas as vezes que for acionado, mas que não pode responder pela escolha do modal.  

“Todo processo de contratação que acompanhei foi público e transparente, sem contestação de ninguém”, reforçou Maurício.

Segundo ele, durante os preparativos para a Copa, atuavam dentro da Secopa, na avenida Lavapés, em Cuiabá, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Controladoria Geral do Estado (CGE), com cerca de três a seis auditores fixos cada um dos órgãos, que nunca pediram a suspensão dos contratos. Que no máximo determinaram correções, como com relação às louças do banheiro da Arena Pantanal, por exemplo, que não estavam de acordo com o contrato e outros aspectos das construções. Sobre a isenção desses auditores, ele afirmou que todos eles foram determinados pelos órgãos de origem e não por indicação política. “Todas as recomendações feitas foram acatadas ou contrapostas e depois aceitas”, assegura o ex-secretário. “Todo processo de contratação que acompanhei foi público e transparente, sem contestação de ninguém”, reforça.

Ele destacou que o Ministério Público Federal (MPF) e Estadual (MPE) questionam, judicialmente, o VLT mas já com o projeto em andamento e que os deputados à época Luciene Bezerra (PSB) e Zeca Viana (PDT), assim como o então senador  Pedro Taques (PSDB), pediram esclarecimentos sobre o VLT. Mas ficou somente nisso.

Guimarães admitiu que, apesar dos alertas feitos pelo TCE, relativos aos atrasos nas obras que deveriam ficar prontas antes da Copa, em junho de 2014, a Secopa não aplicou multa e sanções às empresas contratadas.  “Buscávamos ações que mitigassem todos os atrasos, identificados por toda a sociedade, e os relatórios do TCE eram insumo para cobrarmos das empresas o cumprimento do cronograma contratual”, destacou o depoente.

“Eu tinha contrato. Eu confiava na data desses contratos", alegou o ex-secretário.

Sobre as datas de março de 2014 e dezembro de 2014, prometidas publicamente tanto por ele quanto pelo ex-governador Silval Barbosa, para entrega do VLT, o ex-secretário Maurício alegou que não estavam mentindo, mas, com relação a ele, tinha de fato confiança nas regras contratuais. “Eu tinha contrato. Eu confiava na data desses contratos. Eu trabalhei muito para que essas obras fossem entregues de acordo com as datas contratuais, antes da Copa, em março de 2014, e, após o aditivo, em dezembro para 2014”, declarou.

O deputado Wilson Santos citou trecho da oitiva do ex-secretário Éder Moraes, junto à Polícia Federal, dando conta que houve pagamento de propina, no valor de R$ 80 milhões, para protelação do VLT, ao Governo do Estado e à Assembleia Legislativa.

Sobre isso, Maurício Guimarães disse desconhecer propina. “Quanto a minha pessoa, eu não confirmo isso”, rebateu.

No fechamento da oitiva, Wilson Santos disse que a forma como as obras da Copa e especialmente o VLT foram conduzidas configura “o maior escândalo das história de Mato Grosso”.

Comente esta notícia