RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
A ex-servidora do Ministério Público Estadual (MPE) Mirela Miranda Ojeda chamou os policiais militares, réus confessos no processo que apura o esquema de grampos em Mato Grosso, de mentirosos ao negar ter ocorrido irregularidades no uso e prestação de contas da “verba secreta” do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco).
A resposta é em decorrência das denúncias feitas pelo cabo da PM Gerson Corrêa Júnior de que a então servidora, à época responsável em cuidar das notas e comprovantes de gastos do Gaeco, teria praticado desvio de finalidade para atender ordens de procuradores e promotores.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
“Esclareço que durante o período em que trabalhei como Assistente Ministerial sempre cumpri as ordens dos meus chefes dentro da lei, com honestidade e
“Repudio as declarações mentirosas contra a minha pessoa e aos membros do Ministério Público, uma vez que o período de 10 anos que trabalhei junto ao grupo, as prestações de contas eram rigidamente conferidas e aprovadas pelos Procuradores e promotores de Justiça dentro da legalidade”, diz trecho da nota assinada por Mirela.
responsabilidade nas demandas financeiras para uso exclusivo nas diligências sigilosas a serviço daquele grupo. Que repudio as declarações mentirosas contra a minha pessoa e aos membros do Ministério Público, uma vez que o período de 10 anos que trabalhei junto ao grupo, as prestações de contas eram rigidamente conferidas e aprovadas pelos Procuradores e promotores de Justiça dentro da legalidade”, diz trecho da nota assinada por Mirela.
Ela conclui o texto afirmando estar à disposição de qualquer juízo, instância e/ou Tribunal para prestar esclarecer os fatos.Ela ainda argumenta que as contas prestadas pelos policiais eram realizadas no retorno das viagens e diligências sigilosas “cabendo a mim, por praxe de serviço, atestar e lançar na planilha de despesas daquele grupo, obedecendo às ordens a mim imputadas, dentro da lei de prestação de contas da Procuradoria Geral de Justiça”.
Depoimento de PM
Na quarta-feira (18), o cabo Gerson Corrêa Júnior também falou ao juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara Especializada da Justiça Militar de Cuiabá, sobre a chamada “verba secreta” do Gaeco. Ele voltou a afirmar o que já havia dito na tentativa de acordo de delação premiada com o Ministério Público Estadual.
Ao juiz, o militar narrou que existem sobra de verbas que são apropriadas de forma fraudulenta desde a chegada do ex-procurador-geral de Justiça Paulo Prado ao comando do órgão.
“No Gaeco essas condutas, na verdade, se arrastam há muito tempo”, afirmou.
Entre os casos, de acordo com Gerson, uma assessora do coordenador do Gaeco, promotor Marco Aurélio, procurou militares para assinar prestação de contas retroativas. Um dos casos ocorreu com o coronel Evandro Lesco, que a época atuava no grupo. Ele já teria prestado todas as contas e por isso o pedido causou estranheza.
O policial declarou ainda que a sobra da verba era depositada na conta de um promotor e usada caso houvesse novas operações. Entretanto, há relatos de que um promotor comprou um cão com o dinheiro da suposta “verba secreta” e outro usou para consertar uma moto.
O militar comparou a verba secreta do Gaeco com a verba de suprimento da Assembleia, que resultou na operação Metástase, em 2015, onde os policiais encontraram no forro de um dos gabinetes da Assembleia diversas notas fiscais com os gastos da verba de suprimento que não eram declarados.