facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

02 de Setembro de 2012, 09h:15 - A | A

OPINIÃO / JORGE MACIEL

Trampolim e abandono anunciados

O uso de mandatos como trampolim para cargos mais expressivos, como já ocorreu por diversas vezes e volta a acontecer mas atuais eleições

JORGE MACIEL



Todos concordam que a legislação eleitoral avançou muito no País e que em relação à justiça comum a que trata dos pleitos eleitorais goza de maior credibilidade junto ao cidadão. Entretanto, enquanto as eleições unificadas não chegarem, já que a proposta aprovada no ano passado é para que isso ocorra apenas em 2018, o eleitor brasileiro continuará a conviver com uma particularidade intrigante: o uso de mandatos como trampolim para cargos mais expressivos, como já ocorreu por diversas vezes e volta a acontecer mas atuais eleições.

Realizadas em períodos diferentes com diferença de dois anos, as eleições municipais têm sido, ao longo dos tempos, Mato Grosso e Brasil afora, mesmo com a crescente desaprovação popular, o eixo para que prefeitos, ao cumprirem a metade do mandato para o qual foram eleitos, se aventurem, irresponsavelmente, a projetos mais altos, buscando a condição de governadores, deixando para trás  propostas, promessas ou um vice indesejado. É a ambição pessoal tragando a confiança do eleitor, a mentira de forma repetida a frustrar o cidadão.

Como a Comissão de Constituição e Justiça do Senado já aprovou apenas dois anos para prefeitos a partir de 2016 para que os mandatos em 2018 sejam do mesmo tamanho, continuamos sendo enganados e mergulhados na dúvida sobre o  que planejam mesmo os candidatos a prefeitos: se buscarão cumprir suas promessas dentro de plano de governo apresentado para o munícipe na campanha, ou se ele usará apenas parte do mandato pavimentando um projeto de maior quilate, mesmo que comprometa as finanças municipais.

Na campanha de reeleição, em 2008, o ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, por exemplo, jurou de pés juntos que jamais buscaria o comando do estado. Após maquiar a cidade, enrustir problemas e costurar acordos de toda ordem e sorte, se lançou, cego, na frustrada maratona eleitoral com vistas ao gabinete do Paiaguás. A resposta do eleitor para tamanha traição foi lhe dar, na mesma medida, votação abaixo do esperado. Em níveis nacionais, esse fenômeno ocorreu em vários estados, e a rejeição popular veio, ou sempre vem, em forma semelhante à dada a Wilson Santos, ou de um jeito em que o “traidor”, mesmo eleito, vê seu prestígio escorrer, aos brotões, o caso específico de José Serra, que abandonou a Capital paulista para a campanha de governo do Estado, desconsiderando tudo e todos.

Nas atuais eleições em Cuiabá, é sabido que o candidato a prefeito, Mauro Mendes, que nunca escondeu a cobiça de governar o Estado, seria, caso eleito, o próximo a trilhar nesse caminho. Assim como José Serra (SP), Epitácio Cafeteira (MA), Wilson Santos e tantos mais, Mendes já fez promessa juramentada de que não olhará para o Paiaguás daqui a dois anos.  Mesmo negando, como estratégia para colher confiança  ou para esconder-se das suposições lógicas,  ninguém pode duvidar da probabilidade de Cuiabá ficar à mercê, daqui a dois anos, dos desejos de João Malheiros, seu vice, enquanto que ele procurará, com certeza, os votos além dos perímetros eleitorais da Capital. Afinal, promessas não cumpridas e palavras quebradas  não dá em cassação de candidatura ou mandato.

Dos quatro candidatos melhor colocados nas pesquisas de intenção de votos a prefeito da Capital, apenas Mendes suscita tal desconfiança e desconforto perante o eleitor. Como crer na sua palavra se seu desejo de ser governador é velado e de domínio público? E como ficará Cuiabá, já que suas ações administrativas comprometeriam o orçamento escasso? É lógico que ele mascararia a cidade, esconderia os problemas, como já fez o ex-prefeito, no intuito de criar uma imagem de realizador, em dois anos, com vistas a convencer que seria o melhor para comando do Estado, daqui a pouco mais que dois anos. Os exemplos mostram que a tática do trampolim, como evidencia a candidatura do empresário Mauro Mendes, só é boa para quem a conduz. Os eleitores, cidadãos, munícipes é que ficam sob o jugo das mazelas urbanas e dos prejuízos, além do sentimento de terem sido usados.    



 (*) Jorge Maciel é jornalista em Cuiabá
 

>>> Siga a gente no Twitter e fique bem informado

Comente esta notícia