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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

16 de Maio de 2012, 11h:19 - A | A

OPINIÃO / GUILHERME MALUF

Mobilidade, o nosso problema!

GUILHERME MALUF



Cada momento da história tem sua necessidade. No passado distante de um cotidiano rural e de cidades pequenas, a maior parte da população trabalhava em sua própria residência ou em locais próximos a ela. Praticamente não existia movimentação nas ruas. Hoje a realidade é bem diferente.


Tudo o que precisamos fazer, como trabalhar e estudar, depende de movimentação. Com o crescimento das cidades, esses deslocamentos são cada vez maiores e impossíveis de se fazer a pé, especialmente pelo tempo, cada vez mais escasso. Esse cenário explica, em termos, a necessidade do uso dos veículos.


Passamos a gastar uma parte considerável de nossas vidas, movimentando-se entre um ponto e outro de nossa cidade.  A conta é bem simples: muitos veículos nas ruas, pouca estrutura viária e muito trânsito, congestionamento. As pessoas estão cada vez mais frustradas pela dificuldade crescente em conseguir cumprir o seu direito básico que é a liberdade de ir e vir.


Hoje somos prisioneiros deste problema. Muita dificuldade de nos mover e alta dependência dos diversos tipos de veículos. Tudo fruto da tragédia das nossas cidades, que cresceram desordenadamente. Infelizmente, mover-se em Cuiabá, não é seguro, é custoso, é poluidor, é incômodo, porém, é uma necessidade de todos.


Não consola saber que este é um problema nacional, como sabemos vendo as estatísticas da frota de automotores, que cresce, tanto em Cuiabá, quanto no Brasil. Não consola constatar que a busca pela solução mais simples, o uso da motocicleta, ocorre da mesma forma, como podemos ver no quadro comparativo seguinte:


Tabela 1: Frota total de veículos e motocicletas, no Brasil, Mato Grosso, Cuiabá e Várzea Grande, em 2007 e 2011.

 

Local

2007

2011

 

Frota total

Motos

Frota total

Motos

 
 

Brasil

49.622.152

11.071.370

70.543.535

18.319.502

 

Mato Grosso

849.765

330.949

1.336.358

565.869

 

Cuiabá

202.101

44.994

310.868

78.096

 

Várzea Grande

70.108

20.687

113.990

38.835

 


Fonte: DETRAN-MT e DENATRAN. Disponível em: <http://www.detran.mt.gov.br/estatisticas> e <http://www.denatran.gov.br/frota.htm>. Acesso em: 24 fev 2012.

 

 

Neste fantástico crescimento da frota, onde em Cuiabá, em 2011, com 556.298 habitantes, atingia a relação de 1,7 pessoa por veículo, podemos ver como a cidade esta dependente dos automotores de diversos tipos para viver.


Para uma situação de pouco crescimento das ruas, ampliação da população com alguma melhoria da distribuição da renda e a precariedade do transporte público tradicional, o resultado foi a busca individual de alternativas de mobilidade, no caso as motocicletas. As motocicletas, que eram quase inexistentes de nossas vias nos anos 90, agora estão onipresentes em todo o país




O quadro anterior e o seu gráfico demonstram a tendência nacional do crescimento do uso das motocicletas. Se Cuiabá acompanha a tendência nacional, o Mato Grosso é recordista no uso de motos, pois 42% de sua frota de veículos são de duas rodas.   Chamamos a atenção para Várzea Grande, onde 34% dos veículos registrados em 2011, eram motocicletas, enquanto que em Cuiabá, tínhamos 25 %.


O conflito cotidiano da mobilidade, a luta por mover-se em espaços limitados, as ruas, fazem com que a moto seja vitoriosa. A alternativa das motocicletas elétricas, que diminuem o impacto ambiental e os custos operacionais, é um fenômeno que já se inicia em Cuiabá.   As motos, com toda sua insegurança e maior mortalidade nos acidentes de trânsito, não são uma anomalia urbana, são um fato que não mudará. Elas vieram para ficar, não são um problema novo, são uma solução espontânea, para o problema de mobilidade urbana que se agrava.


A luta pela melhoria de nossa mobilidade, exigirá criatividade, incomodações e uma postura que compreenda que, sem o uso de multi-modalidades, tendo como base a efetiva melhoria do transporte de massas, ordenamento do uso das ruas e, um grande plano cicloviário, o que vivemos hoje, é apenas o início de tempos piores. Cidades como Curitiba e Bogotá, descobriram isto à décadas e, seus investimentos em transporte público de qualidade, com grandes ciclovias, se não tivessem sido feitos e continuado, estariam parando e teriam perdido competividade, o que já ocorre com Cuiabá.  É hora de repensar, de planejar e acima de tudo, educar.


*Guilherme Maluf é médico, deputado estadual e presidente do PSDB de Cuiabá.


A redação do RepórterMT não se responsabiliza pelos artigos e conceitos assinados, aos quais representam a opinião pessoal do autor.

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