ROMILDO GONÇALVES
Neste dia 16 de outubro de 2011 começou mais um martírio para a sociedade humana brasileira, o sem-graça, sem-nexo e sem-sentido horário de verão! Embora apresentando pífios resultados econômicos e muito desconforto a todos, o governo insiste em mantê-lo com justificativa para economizar energia elétrica em horário de pico no verão.
O certo mesmo é que gostando ou não essa embromação vai continuar! Será que merecemos isso? Em um país rico em recursos hídricos como o Brasil, o que falta é planejamento para produção de energia limpa e sustentável, só o governo não vê! Não é mesmo?
Embora sem qualquer sustentabilidade econômica, social ou ambiental, a administração pública federal não conseguiu ao longo desse período, quase um século, resolver a questão justificando apenas o horário de pico como fator. No entanto, de acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS), a previsão é de que haja uma redução de 4% a 5 % de energia, o que representaria aproximadamente dois mil megawatts de energia no país, ou seja, mais ou menos cinquenta milhões de reais de economia no período de outubro de 2011 a fevereiro de 2012.
Penso, sinceramente, que a insignificante fração de energia economizada durante esses 133 dias, não justifica de forma alguma o transtorno criado na vida das pessoas. Biologicamente falando, sabemos como esse horário altera nosso relógio biológico, ritmo de vida...
O país não precisa mais conviver com uma situação vexatória e sem-graça como essa! Não é mesmo? Em 1931, quando o Brasil vivia uma situação inusitada correndo sérios riscos de ficar às escuras por falta de energia elétrica, o então presidente Getúlio Vargas instituiu por força de lei o horário de verão! E agora? Passado quase um século de letargia na administração pública federal, ainda vivemos como nossos pais!
Ao ler interessante artigo do empresário Antônio Hermínio de Moraes, sobre o potencial hidrelétrico do país, faz refletir "Tenho acompanhado o noticiário sobre essa situação e senti falta de análises que destaquem a imensa potencialidade do Brasil na área da hidroeletricidade".
É verdade, poucas nações no mundo desfrutam de tantas riquezas naturais. 20% da água doce do mundo se encontra no Brasil. É uma quantidade colossal. Ademais, a geração de energia por meio de hidroelétricas tem externalidades preciosíssimas.
Nos reservatórios, pode-se criar peixes em grande profusão. Depois de passada pelas turbinas a água pode ser utilizada para irrigação em grandes áreas de produção agrícola ou pequenas hortas caseiras, como queira. Ao contrário do que se pensa, a biodiversidade do entorno das usinas pode ser melhorada depois de eventuais desequilíbrios momentâneos. O que não se justifica é a generalização de "ambientalistas", segundo os quais a exploração de nossos potenciais hídricos é sinônimo de devastação da natureza.
Vale ressaltar que o Brasil tem sólida vocação para produção de energia limpa e extraordinária topografia e os rios brasileiros têm enormes potenciais hídricos, privilégio para poucos, não? Então, por que não utilizá-los racionalmente? Vê-se que Deus foi, é e será sempre generoso com o país.
Assim sendo, as autoridades brasileiras precisariam visualizar essa dádiva divina, e construir mais hidrelétricas, especialmente as chamadas (PCHs) que são modernas, não causam grandes impactos ambientais e produzem bons resultados. Se assim pensar e agir, certamente estará evitando esse fiasco recorrente chamado horário de verão! Não é mesmo?
Como disse no inicio desse artigo, poucos países têm o privilégio de possuir tantas riquezas naturais. Será que realmente precisamos de horário de verão?
ROMILDO GONÇALVES é biólogo, mestre em Educação e Meio Ambiente, perito ambiental em Fogo Florestal e professor/pesquisador da UFMT/Seduc.
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