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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
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31 de Outubro de 2011, 10h:11 - A | A

OPINIÃO / JOSÉ MARCONDES O MUVUCA

A Máfia de Pedro Taques II

JOSÉ MARCONDES O MUVUCA



No primeiro artigo desta série, apontamos a ligação entre o Senador Pedro Taques e os chefões do setor de combustíveis em Mato Grosso. Não foi preciso muito esforço para se comprovar que a ligação é, realmente, estreita. Quase promíscua, eu diria, beirando um pacto onde um defende o outro até a morte, conforme declarado a plenos pulmões por um representante do bando.



As provas que se seguiram, foram:



1) Meu afastamento do programa "Chamada Geral", de Lino Rossi, na Rádio Mega FM, onde eu era comentarista político. Duas horas depois a publicação do primeiro artigo - a mando de Aldo Locatelli -, vestindo a carapuça, assumindo as dores e revelando notadamente que o poderoso chefão também atua na proteção e blindagem do Senador Taques;



2) Contrato de Samira Martins, esposa do senador, com o SindiPetróleo, assinado logo após sua oficialização ao PDT, como o próprio escritório Saulo Gayva Advogados admitiu, evidenciando uma suspeita coincidência entre a data da assinatura do contrato com a sua entrada na política (o contrato fora assinado depois da filiação de Taques ao PDT e confirmação de sua candidatura) o que levanta mais que suspeitas, indícios de financiamento vedado;



3)Revelação surpreendente de que Pedro Taques viaja por Mato Grosso na aeronave do chefão dos combustíveis, assumido pelo próprio, mesmo tendo Taques negado. O fato confirma a antiga "camaradagem" entre ambos e a tentativa de esconder o fato;



4)Todas as declarações intempestivas dadas pelo Sr. Aldo Locatelli na imprensa mato-grossense, entre elas, a de que oferece R$ 1 milhão a quem prove que seja mafioso, mostrando até que ponto estão dispostos a ir para defender-se mutuamente.



De acordo com os pronunciamentos de Aldo Locatelli, feitos na imprensa mato-grossense, ele seria o único patrocinador de Taques no ramo - o que, na verdade, é uma grande mentira, das tantas outras que já se disse.



Como se não bastasse o senhor Locatelli, alguns outros empresários abastados ligados ao ramo de combustíveis também financiaram a campanha eleitoral de Taques. Alguns apenas o servem - e por ele é servido - através de ações políticas e acomodações partidárias em cidades estratégicas a seu projeto de poder.



Seu PDT em Várzea Grande, por exemplo, foi entregue a Fernando Minoso, que também é empresário do ramo de combustíveis (Posto Zero). Em Barra do Garças, Taques destituiu todo os membros e colocou como presidente outro empresário que vem a ser o maior revendedor de combustíveis do Vale do Araguaia e atende pelo nome de Ubaldino Rezende.



O braço direito, amigo, homem de confiança e também maior doador de Pedro Taques é o senhor Fernando Mendonça, com estreita ligação com a usina de álcool Jaciara, fato este conhecido pelo povo da cidade homônima.



Restam muitas dúvidas sobre os reais interesses dessas doações e se foram somente essas. Analistas do meio político avaliam que o volume de campanha de Pedro Taques nas eleições de 2010 foi muito superior que os declarados R$ 1,2 milhão.



Multinacionais como a Coca-Cola e JBS Friboi, empresários de combustíveis, as três maiores lojas de materiais de construção de Mato Grosso, e uma rede de apoiadores formaram uma camarilha de sustentáculo ao então candidato Pedro Taques que deixa de cabelo em pé qualquer verdadeiro combatente contra a corrupção.



Afinal, quais interesses estariam por trás deles? Qual o retorno? Teria Taques usado seu poder no âmbito da justiça para favorecer essas empresas quando era procurador para que elas retribuissem depois?



Ou o movimento é reverso, de apoiamento primeiro para contrapartida depois? Porque Pedro Taques representou contra este jornalista no Ministério Público Federal? Suas relações continuariam estreitas por lá?



O que se sabe é que muitos casos de grande repercussão ficaram dormitando na Justiça e alguns, principalmente o mais emblemático de todos, envolvendo um dos apoiadores de campanha de Taques, o ex-deputado Otaviano Pivetta e o famoso "Caso Cooperlucas", foi engavetado.



Pivetta foi outro grande doador e mais uma das pessoas envolvidas em escândalos que emprestou avião para o então candidato a senador cruzar os céus de Mato Grosso em busca de votos (como o mesmo Pivetta revela em declarações à imprensa na campanha de 2010).



Aliás, só foram computadas oito horas de vôo na prestação de contas de Pedro Taques ao Tribunal Regional Eleitoral - o que daria para ir apenas em Alta Floresta e voltar, no máximo duas vezes. Ao contrário, grande parte dos habitantes das cidades viram Taques chegando e partindo de avião.



Se andou de avião emprestado, teria que declarar como doação, mas não o fez, evidenciando um crime eleitoral: doação vedada, que a luz da Justiça poderia gerar cassação de mandato. Muita gente, aliás, perdeu o mandato por menos que isso.



Hoje, no entanto, mais do que lançar suspeitas e após provar as estreitas ligações de Taques com os chefões do combustível, revelamos porque suas ações são consideradas mafiosas:



As provas contra o poderoso chefão:



I) Fraude no Imposto de Renda - Não declara o valor real do seu patrimônio, tendo apresentado ao fisco um valor inferior a R$ 5.000.000,00 milhões;



II) Envolvimento com a máfia que realizava cobrança no período do Coronel Lepester. Hoje possui cobradores próprios (conveniados), para receber suas contas, agindo de forma ilegal empregando força, truculência, tomando carros, terrenos, caminhões, etc, para liquidar dívidas;



III) Prática de agiotagem (exemplo perverso foi a agiotagem 'empréstimo' realizado ao prof. Aquiles (proprietário da casa de show Galopeira), de quem posteriormente tomou o imóvel como forma de pagamento dos juros em 15% am, sendo que hoje funciona uma de suas empresas; (Amigos contam os requintes de crueldade como foi cobrada a dívida);



IV) Criou em meados do ano 2000, a associação de postos de BR, com a finalidade de controlar preço, prazo (forma de pagamento) e o crédito (a quem vender os combustíveis); Tendo estabelecido as seguintes regras:



1) Fixação de preços pré-estabelecidos entre postos, com variação de margem mínima;



2) Não aceitar cartão (devido a taxa dos bancos) ou cheque do consumidor;



3) Obrigatoriedade de cadastro por parte dos consumidores na associação;



4) Criação da lista de maus pagadores, não podendo comprar em nenhum dos postos da associação;



5) Criação de lista de empresas/transportadoras que não poderiam trocar a carta frete em nenhum dos postos da associação se possuir debito em qualquer um deles;



6) Estabelecimento de juros por atraso no pagamento de forma igual a ser cobrado por todos os associados.



7)Proibição da instalação de qualquer posto (concorrente) próximo a postos de sua propriedade. Em alguns casos, usando associações ambientais para patrocinar ações de embargos como ocorreu no caso da construção e instalação do Posto Trevão de Rondonópolis.



8)Em meados de 2003, resolveu iniciar a cartelização no estado de Mato Grosso, comprou vários terrenos para instalação de postos de combustíveis, principalmente no perímetro urbano, cometeu várias fraudes, declarando o valor dos imóveis 100 vezes inferior a seu valor real;



Exemplo: Imóvel adquirido na Avenida Getúlio Vargas, hoje sede do CDL, imóvel declarado de forma fraudulenta por R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), mas vendido por R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais);



9)Para controlar o mercado e deter maior poder sobre os preços dos combustíveis, montou uma distribuidora de combustível denominada Walt, em associação com outros donos de postos e dessa forma conseguiram comprar combustível mais barato, com maior prazo e controlar o preço de revenda, bem como influenciar diretamente os postos que dependem da compra do combustível de sua distribuidora.



Estas são apenas algumas das questões que envolvem o cartel dos combustíveis em Mato Grosso e que talvez tenha influenciado o chefe do bando a revelar o pacto de defender até a morte o então procurador e atual senador Pedro Taques. Em nome deste pacto os chefões usaram sua fortuna para tirar meu emprego, me processar e constranger publicamente, fatos pelos quais entrarei com representação. Em respeito a sua família, e ao cidadão, todas as denúncias de cunho pessoal foram sumariamente ignoradas por mim.



A minha resposta a essas ameaças selarão nossos destinos daqui por diante. As ligações de Pedro Taques com Locatelli e Cia estão aqui comprovadas. A participação de um membro deste grupo (ou seu líder) numa organização criminosa que atenta contra a ordem tributária e o direito do consumidor também estão aqui evidenciados. O que a sociedade precisa saber é porque Pedro Taques, tão ávido combatente das ilegalidades, se calou diante de tudo isso e ao invés de responder, preferiu tentar nos calar?



P.S.:Todo o dinheiro que me couber fruto de alguma ação judicial ou a promessa do Sr. Aldo Locatelli em pagar R$ 1 milhão a quem provasse sua participação na máfia dos combustíveis deverá - em vida ou em forma de testamento - ser doado, obedecendo iguais proporções, a todas as entidades assistenciais do Estado de Mato Grosso.



JOSÉ MARCONDES "MUVUCA" é jornalista em Mato Grosso

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