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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

07 de Setembro de 2012, 17h:01 - A | A

NACIONAL / LOGÍSTICA

Estradas engessam acesso aos portos do Norte

O escoamento da safra de soja e milho ainda é deficitário

AGRODEBATE



Em um futuro não tão distante a região do Vale do Araguaia, no nordeste de Mato Grosso, deve produzir 18 milhões de toneladas de grãos. O boom agrícola ocorrerá influenciado especialmente pela incorporação e uso de terras velhas de pastagens em áreas agricultáveis. Mas o desenvolvimento da região não é acompanhado na mesma velocidade pela infraestrutura logística. O escoamento da safra de soja e milho ainda é deficitário e as carências logísticas manifestadas por estradas em condições insatisfatórias engessam o uso dos portos do Norte brasileiro, que hoje realizam pouco mais de 14% de todos os embarques para o exterior.

Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso - principal estado produtor - diz que o setor tem pagado caro na hora de mandar a safra agrícola por caminhos mais longos. O escoamento, em sua maioria, ocorre pelos portos do Sul e do Sudeste, a exemplo de Paranaguá e Santos. Mas as distâncias poderiam ser encurtadas por meio dos Portos do Arco Norte - de Porto Velho (RO), no rio Madeira, e Itaqui em São Luis do Maranhão (MA).

"Não dá para aumentarmos nossa produção sem a infraestrutura de saída. Precisamos não mais entulhar os portos do Sul e andar dois mil quilômetros sentido contrário", afirma o presidente da Aprosoja em Mato Grosso.

É o mesmo entendimento do coordenador-executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, Edeon Vaz Ferreira.  "Estamos fazendo tudo errado", endossa. Na faixa nordeste mato-grossense, a BR-158 é a principal via de ligação com os portos do Norte. Mas rodar por uma rodovia ainda não pavimentada em sua totalidade requer atenção.

Sua extensão é de aproximadamente 800 quilômetros entre Barra do Garças, a 516 quilômetros de Cuiabá, até a divisa com o estado do Pará. Um total de 250 quilômetros ainda precisa ser asfaltado, segundo cálculos do Pró-Logística. Mas o ritmo das obras ainda é considerado tímido, observa Edeon Vaz Ferreira.

Quem planta na região e usa a BR-158 para destinar as cargas até os portos diz que mesmo sendo a melhor opção, o aproveitamento das estruturas portuárias do Norte só será melhorado quando houver infraestrutura e acesso por rodovias.

"Escoamento é uma dificuldade porque em época de chuva não tem caminhão que venha para cá", reclama o administrador da fazenda Taiuva, Ademir Bósio. A propriedade está localizada na região de Espigão do Leste, um distrito de São Félix do Xingu (PA).

Na região Sul do Pará o que chama a atenção é o contraste na própria BR-158. A ligação entre um município e outro é feita pelo asfalto. Mas há trechos onde a camada praticamente não mais existe. A região concentra a segunda maior área produtiva do Estado (em 2012/13 destinará 40 mil hectares à soja), de acordo com a Associação dos Produtores de Soja e Milho paraense.

Há dez anos a produção de grãos ganhou espaço na região, mas problemas com as estradas intimidaram o desenvolvimento. "A safra agrícola tem crescido ao longo dos anos, mas ainda esbarra na dificuldade de se retirar a produção. Temos uma opção excelente de logística [Portos Norte], mas não temos pontes, há desperdícios enormes", contou ao Agrodebate o coordenador do núcleo Sul da Aprosoja, Leandro Pinto Tenório.

O representante da associação chama a atenção para o trecho entre as cidades de Santana do Araguaia e Redenção, no total de 192 quilômetros.

Segundo o coordenador-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz Ferreira, pelo menos 30 pontos críticos foram identificados ao longo desta faixa. Referem-se à existência de buracos, pontes em má condição, por exemplo.

Os mais de 190 quilômetros entre Santana e Redenção foram diagnosticados durante o primeiro dia de visitas da comitiva do Movimento Pró-Logística no Pará, nessa quarta-feira (5). A atividade integra o projeto Estradeiro Aprosoja e cujo objetivo é mensurar as condições de trafegabilidade da BR-158 nos estados por ela cortados. A viagem será encerrada em Tocantins.

"Sem a recuperação não há logística para os portos", afirma Edeon Vaz Ferreira.

As constatações sobre a via servirão para compor um relatório técnico a ser entregue posteriormente aos governos federal, estadual e municipal.

"Precisamos de vias essenciais para movimentar tudo o que se produz na região. Infelizmente, as condições são precárias", enfatiza o presidente do Sindicato Rural de Redenção, Afif Al Jawabri.

*O jornalista acompanha o Estradeiro BR-158 a convite da Aprosoja de Mato Grosso.

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