RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
No pedido de delação premiada, que foi negado pelo Ministério Público Estadual (MPE), o cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa Junior, revelou que o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), omitiu uma “enxurrada de irregularidades” dentro da “Operação Metástase”, que tinha entre os alvos o ex-deputado estadual José Geraldo Riva (veja aqui).
De acordo com o cabo, a auditoria do Gaeco teve início em outubro de 2015, segundo ele, a pedido do ex-governador Pedro Taques (PSDB), após ser informado pelo então secretário de Estado Segurança Pública, Mauro Zaque, sobre as interceptações telefônicas ilegais no âmbito da Polícia Militar. No entanto, segundo Gerson, o procedimento foi arquivado depois que a coordenação do Gaeco simulou auditoria e o afastou da Gerência de Interceptação Telefônica.
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Ao questionar o cabo Euclides Luiz Torezan sobre auditoria, Gerson disse ter sido informado que as apurações foram determinadas pelo o então coordenador do Gaeco, promotor Marco Aurélio, e tinham como finalidade verificar ilegalidades no sistema Guardião, tais como: operações alienígenas às atribuições do grupo; inserção indevidas de terminais telefônicos como foram apresentados na documentação remetida por Taques.
Em posse da informação, Gerson Corrêa Junior comunicou o promotor Marco Aurélio de que seria localizado o terminal telefônico do tenente-coronel Adalberto Gonçalves de Paula, número final 2294, incluído no bojo da segunda fase Operação Metástase, como sendo de propriedade da alvo Maria Helena Ribeiro Ayres Caramelo [ então chefe de gabinete de José Riva], que também foi objeto de interceptação no caso dos “grampos” realizados pela PM.
“Diante do posicionamento firme e coerente que há no sistema Guardião o enxerto proposital realizado pelo CB CORREA, a Coordenação do GAECO deliberadamente dissimula essa líquida e certa identificação com fito precípuo de proteger uma eventual enxurrada de irregularidades, além da Operação Metástase”, diz trecho do documento.
Os fatos foram, de acordo com o cabo da PM, camuflados até 2017 quando, quando o caso que ficou conhecido como a “Grampolândia Pantaneira” veio à tona.
Como provas, Gerson indicou a realização de uma auditoria eficaz procedida por corpo técnico externo ao MP/MT identificaria o fato encoberto naquela ocasião.
Para comprovar o depoimento, o Ministério Público pode pedir auditoria no Sistema Guardião visando confrontar e comprovar a inclusão do terminal no bojo da Operação Metástase; atenção para o código do guardião que estava à época; localizar documentos que consignou resultados das auditorias junto ao Gaeco. Além disso, segundo o militar, ainda há documentos remetidos ao ex-governador Pedro Taques, petição do grupo sobre interceptação telefônica, decisão judicial Vara do Crime Organizado e reportagens na imprensa que narram a realização de auditorias.
Outro lado
Sobre a suposta omissão a respeito das auditorias do Gaeco, sob comando do promotor Marco Aurélio de Castro, em outubro de 2015, o procurador Domingos Sávio de Barros Arruda, coordenador do Naco, responsável pela investigação, argumentou “se o então coordenador do Gaeco já sabia do ‘escritório de arapongagem’, além disso, havia dele se utilizado, por que ficar ‘muito nervoso’ e afastar o colaborador da Gerência de Interceptação Telefônica do Gaeco? Não faz sentido”.