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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

15 de Agosto de 2020, 11h:20 - A | A

GERAL / VEJA FOTOS E VÍDEO

Medo virou rotina de massoterapeuta após ser agredida por policial

Dediane da Silva Coelho, de 34 anos, não sente o braço, as mãos e os dedos, não sabe se poderá voltar a trabalhar ou quando e ainda vê carros rondando sua casa

ANDRÉIA FONTES
DA REDAÇÃO



Medo. É esse sentimento que toma conta da vida da massoterapeuta Dediane da Silva Coelho, de 34 anos, desde o dia 26 de julho deste ano quando teve o braço quebrado por um policial civil durante uma confusão em um bar. Medo de não poder voltar a trabalhar, pois até hoje não sente o braço direito, a mão e os dedos. Medo pela própria vida, já que vê carros rondando sua casa e mesmo acionando a polícia, ninguém aparece.  

Ao contrário do que foi inicialmente divulgado pela mídia, o agressor nunca foi namorado de Dediane. Ela conta que conhecia o policial Wusguesley Cavalcante Pereira, mais conhecido como Hugo Pereira, e o outro identificado apenas como Taques do salão onde trabalha. Hugo é sócio de Taques e foi até o salão vender suplementos dietéticos. Mas o encontro no bar em um posto de combustível, num domingo à tarde, foi por acaso.

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Dediane conta que foi até o local com uma amiga. Chegaram por volta das 14h30. Quando era cerca de 17h chegaram ao local duas mulheres, sendo que uma delas é prima do marido de Dediane e namorada de Hugo.

A mulher que acompanhava a namorada de Hugo começou a incomodar a massoterapeuta e a amiga. Na primeira investida, já chamou Dediane de “gostosa”. “Ela olhou para a minha amiga e disse olha como sua mulher é linda. Fui ficando com vergonha. Sou casada, tenho filhos”.

As investidas continuaram. A mulher chegou a tentar beijar a amiga de Dediane.

Por volta das 18h chegaram os policiais Hugo e Taques. Eles foram até a mesa de Dediane cumprimentá-la e depois sentaram com a outra dupla. As mesas estavam distantes umas das outras, devido aos cuidados durante pandemia. No mesmo bar também estavam o ex-patrão de Dediane com a esposa, o que a deixou ainda mais incomodada com as investidas da mulher.

Dediane conta que chamou a amiga algumas vezes para ir embora, falando que a mulher estava procurando confusão. Mas a amiga queria terminar de tomar uma cerveja. Quando pediram a conta para ir embora, e o garçom recebeu na mesa, a mulher novamente foi para cima de Dediane e apertou o seio dela. Neste momento Dediane reagiu. Levantou e empurrou a mulher. “Ela veio fazendo gestos com a língua, correndo, e pegou no meio seio. Eu não bebo, meu único vício é a academia. Foi a segunda vez que fui naquele bar. Mas ela me provocou tanto que perdi a paciência”.

Depois de ser empurrada, a assediadora voltou para a mesa e continuaram as provocações, xingando Dediane que se levantou e foi até a mesa onde estavam os quatro. “Eu fui e falei: você tem que me respeitar como mulher”.

Logo a confusão partiu para as agressões físicas. No início Dediane e a assediadora. Mas logo o policial Hugo interferiu. De imediato pegou o braço de Dediane e virou para trás. Ela gritava que ele ia quebrar o braço dela, mas Hugo continuava a apertar.

Apesar de estar imobilizada por Hugo, Dediane continuava a ser agredida pela assediadora e pela amiga dela. O ex-patrão da vítima e a mulher dele interferiram e pediam para que o policial soltasse Dediane, mas em vão. Foram cerca de 10 minutos. Mesmo depois de sentir que o braço havia sido quebrado, sentido muita dor e implorando para que parassem, as agressões continuaram. As imagens da câmera de segurança da conveniência mostram tudo.

Dediane foi imprensada na parede, levou socos na cabeça, teve partes do cabelo arrancado pelas agressoras. Ela relata que em determinado momento Hugo desferiu um murro em sua cabeça que chegou a dar um choque no pé. “Achei que ia morrer”, afirma.

A amiga falou que ia ligar para a polícia, e as ameaças aumentaram. Os dois policiais afirmaram que não precisava ligar, pois a polícia já estava lá, e se chegasse alguma viatura elas iam se ver com eles.

Em choque, a amiga de Dediane pouco reagiu, mas chegou a ser agredida também.

Quando Dediane foi solta, elas foram para o carro da amiga e ela pediu desesperadamente para que fossem para o hospital. Hugo ainda foi atrás e tentou arrancá-la do veículo, mas a amiga acelerou e conseguiu ir embora.

Dediane teve o braço fraturado (quase teve fratura expostas) e teve o ligamento rompido. Teve que passar por uma cirurgia e colocou uma placa de titânio do braço.

Na segunda-feira ela recebeu um áudio e depois uma ligação de Hugo. Ele afirmava que não era intenção dele fazer aquilo, que só queria protege-la para evitar “o pior”. Falou que gostava muito dela.

Na terça-feira Dediane teve alta e procurou a Delegacia da Mulher para registrar a ocorrência.

Na última segunda-feira (10), no entanto, começou o segundo tormento. Um carro começou a rondar a casa da massoterapeuta. Ela relata que viu o Fox prata passar quatro vezes em frente à sua casa, contornar e passar novamente, com pessoas olhando para dentro do imóvel. Neste dia, Dediane ligou para o 190, contou que tinha sido agredida por um policial, que estava com muito medo. A viatura que prometeram enviar nunca apareceu.

Nesta quinta-feira, mas um carro apareceu rondando a residência e Dediane chegou a ir para a casa de uma prima dormir, com medo do que pode acontecer. “Estou com medo. Não sei o que pode acontecer. As pessoas falam que estou tendo coragem de denunciar um policial, que pode acontecer alguma coisa comigo, mas não vou me calar. As pessoas se calam e é por isso que todos os dias vemos notícias de policiais agredindo. A Polícia é paga para nos proteger”.

Quanto aos movimentos do braço e mão, o médico afirmou que ela precisa aguardar 120 dias para ter uma nova avaliação. Por enquanto, não sabe se voltará a ter os movimentos.

OUTRO LADO

A Polícia Civil informou que a Delegacia Especializada da Defesa da Mulher instaurou um inquérito. Já a Corregedoria da Polícia Civil aguarda resultado de exame de corpo de delito da vítima e o relatório das imagens captadas no local dos fatos.

O policial Wusguesley está lotado na Delegacia Municipal de Pontes e Lacerda e continua atuando, tanto que estará de plantão neste domingo (16). Procurado pelo , ele não deu retorno. Quanto ao policial Taques, não conseguimos a identificação completa dele.

Veja a nota da Corregedoria

 

“A Corregedoria da Polícia Civil tão logo tomou conhecimento dos fatos em relação ao policial civil adotou as providências legais cabíveis para apuração dos mesmos. O procedimento de apuração está em andamento. A Corregedoria aguarda o resultado do laudo do exame de corpo de delito da vítima, realizado pela Politec, e o relatório de análise das imagens captadas no local dos fatos”.

 

VEJA VÍDEO

 

Álbum de fotos

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Alberto 15/08/2020

Os policiais em todo o Brasil estão cada vez mais violentos. Será por quê? Será que tem a ver com esse governo ? Acredito que sim

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1 comentários

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