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Cuiabá, 04 de Maio de 2024
04 de Maio de 2024

23 de Abril de 2024, 07h:00 - A | A

GERAL / CASO VICENTE CAMARGO

Mãe de outro aluno relata que creche não liberava imagens quando crianças se machucavam e que filho tinha pavor do berçário

Denúncia vem à tona após a morte de menino Vicente Camargo, de 5 meses, na semana passada.

APARECIDO CARMO
DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT



A professora Soyanne Arruda, que também tinha um filho matriculado no berçário Espaço Criança Feliz, no bairro Marajoara, em Várzea Grande, contou que chegou a registrar um boletim de ocorrência contra a instituição em função de maus-tratos contra o filho dela. A conversa com a imprensa foi durante o ato realizado na tarde desta segunda-feira (21), em frente a unidade de ensino.

Entre os relatos, a dificuldade de acessar as imagens das câmeras de segurança do berçário sempre que os pais queriam checar como o filho tinha se machucado. As câmeras eram “vendidas” como um diferencial da creche no momento da matrícula.

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“Aconteceu de algumas vezes ele chegar com alguns hematomas em casa e a gente perguntar de fato o que aconteceu, se caiu, se machucou e a gente sempre soube que aqui tem câmera. Quando a gente fez a matrícula ela falou ‘caso vocês precisem do registro da câmera...’, tanto que eu tenho no meu celular até hoje isso. Quando ele machucava nunca tinha como mandar para a gente olhar, nunca. Nunca conseguiu nos enviar”, contou.

Soyanne é professora e disse que colocou o filho no Espaço Criança Feliz porque precisava voltar a trabalhar após a licença maternidade. O filho começou a apresentar um comportamento estranho quando chegava perto da creche, sempre entrando em desespero.

No começo, ela conta, pensava que o filho chorava porque não queria se separar dela, mas com o tempo foi percebendo que não era só isso.

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“Começou um processo de ele virar essa rua aqui e entrar em desespero. ‘Não mamãe, não mamãe, por favor’. E a gente precisa trabalhar, a gente acha que [o choro] é porque quer a gente, por isso está chorando. E a gente acabou insistindo”, relatou emocionada.

Depois de registrar o boletim de ocorrência, Soyanne decidiu não representar contra a creche, isto é, ela decidiu não levar a denúncia adiante. Dessa forma, não foi instaurado um inquérito para investigar os responsáveis legais pelo berçário.

“Eu sinto um pouco de culpa hoje por não ter representado na época o berçário, porque a gente fez um boletim de ocorrência, mas a gente não representou. A gente nem conseguiu trabalhar no dia (da morte de Vicente) porque a gente se sentiu com uma parcela de culpa, porque a gente de repente podia ter fechado isso antes de ter acontecido o que aconteceu”, contou.

O caso

Vicente Camargo, de 5 meses de idade, morreu na última quarta-feira (17). Conforme a família, ele foi levado da creche para um hospital particular de Várzea Grande, onde teria chegado já sem vida.

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Um dos médicos que atendeu a criança foi o seu pai, que trabalha na unidade de saúde. Segundo o relato da mãe de Vicente, que também trabalha no hospital, ele chegou com uma coloração esverdeada, sem respirar. A equipe médica chegou a tentar reanima-lo, mas não obteve sucesso.

A versão da creche é que a criança tinha se engasgado com leite, mas o atestado de óbito aponta a causa da morte como “traumatismo crânio encefálico produzido por instrumento contundente”.

A creche Espaço Criança Feliz não tinha autorização da Prefeitura de Várzea Grande para funcionar. Do mesmo modo, também não possuia os alvarás da Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros.

A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá investiga o caso.

 

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