CELLY SILVA
DA REDAÇÂO
A maioria das pessoas acredita que o Alzheimer é uma doença que faz as pessoas perderem a memória. Na verdade, trata-se de algo muito mais grave.
O mal de Alzheimer é uma doença degenerativa neurológica progressiva e letal. Seus primeiros sintomas são a perda de memória recente e alterações de comportamento.
Ao constatar o diagnóstico da doença, é preciso que a família esteja disposta a aprender a lidar com as mudanças do ente querido e cuidar dele.
No entanto, é possível evitar, em até 80%, o risco de sofrer desse mal, com atitudes saudáveis ao longo da vida.
“Supostamente, o fator genético corresponde a aproximadamente 20% do que se define como risco para doença de Alzheimer. 80% são estilo de vida. Tudo indica isso atualmente porque a Medicina é mutável”, explicou ao o neurologista Pedro de Miranda.
Essas atitudes são aquelas que todo médico indica para prevenir qualquer outra doença: manter uma dieta saudável, praticar atividade física regularmente e ter atividade intelectual, o que abrange aprender novas habilidades e ter um círculo de amizades.
“A Sociedade Brasileira de Neurologia e a Sociedade Internacional de Alzheimer dizem que há fatores modificáveis. Ao adotar uma dieta que não leve à obesidade, você está se protegendo contra o aparecimento de Alzheimer. Os últimos trabalhos divulgados têm demonstrado que a atividade física funciona muito mais do que a atividade intelectual para a prevenção da doença”, disse Miranda.
Com relação à atividade intelectual, o médico afirmou que é preciso ter equilíbrio entre o estudo e a vida social.
“Isso é atividade intelectual. As pessoas acham que ficar em casa estudando, lendo livro, só isso é suficiente. Não é suficiente. O convívio social, as amizades são fundamentais, trocar informação... Isso é fundamental na prevenção de doença de Alzheimer”, completou.
Para entender como isso funciona, basta lembrar a célebre frase do físico Albert Einstein: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original”.
Segundo o médico, ao aprender um novo idioma, ao estudar, ao ler, ao ter amigos e trocar ideias, você está melhorando seu sistema neuronal, está o tornando mais complexo e aumentando o tamanho do seu cérebro.
“Você está se protegendo. Se você tem mais circuitos, na hora que a doença vem, até ela destruir o circuito suficiente para acabar com sua reserva funcional, vai ter que destruir muito mais circuitos do que alguém que não aprende nada, porque o circuito dele é menor”, explicou.
Existem riscos não modificáveis para o surgimento do Alzheimer. O envelhecimento é o maior deles e vai aumentando quanto mais idosa fica a pessoa.
Lesões cranianas também podem, no longo prazo, impactar no aparecimento da doença. A hereditariedade, outro fator de risco que não se tem como controlar.
Importância da família no tratamento
Pedro de Miranda observou que o tratamento de um paciente com Alzheimer se dá com uso de medicamentos que irão controlar os sintomas, melhorando o desempenho cognitivo e tornando o comportamento mais aceitável para o convívio no dia a dia.
No entanto, o pilar desse tratamento é o esclarecimento da família.
O médico explicou que, mesmo com medicamento, a doença continua evoluindo.
“O Alzheimer é uma doença letal e progressiva. O remédio não retarda a doença, isso tem que ficar claro. É controle dos sintomas. Quando você controla os sintomas, a vida dessa pessoa é melhor e a vida do cuidador é melhor”, esclareceu.
Como o Alzheimer ataca todo o cérebro e, por isso, atinge as demais funções do corpo, o paciente torna-se dependente de um ou mais cuidadores.
“Ele vai perdendo todas as funções, ele para de andar, ele para de controlar o xixi, ele cai e quebra, ele perde a habilidade de engolir, ele broncoaspira e pega pneumonia”, disse Miranda.
Por isso, o preparo da família é essencial. “Nesse momento, eu tenho que fazer tudo para o bem estar desse indivíduo. Evitar ao máximo conflito, bater de frente, aprender a contornar situações conflituosas. Às vezes, é difícil. Aí entram remédios, entram outras coisas”, afirmou o neurologista.
Ele alertou, ainda, que é preciso ter mais de uma pessoa cuidando de um paciente com Alzheimer. “O desgaste para o cuidador único é muito intenso”, completou.
Confira a entrevista com o neurologista Pedro de Miranda:
Ellen 25/01/2017
Excelente profissional, é admirável o carinho que ele tem com seus pacientes. Parabéns pela reportagem. vc foi muito feliz na sua escolha do seu entrevistado .
1 comentários