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21 de Março de 2017, 09h:10 - A | A

POLÍCIA / CASO RODRIGO CLARO

Tenente Ledur é indiciada por torturar aluno em curso de bombeiros

Izadora Ledur era responsável pelo treinamento aquático do curso de formação de soldados e teria torturado Rodrigo Claro com sessões de afogamento

LUIS VINICIUS
DA REDAÇÃO



A delegada Juliana Palhares, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) indiciou a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, pelo crime de tortura, contra o aluno soldado Rodrigo Patrício Lima Claro, 21, que morreu no dia 15 de novembro, depois de ficar cinco dias internado no Hospital Jardim Cuiabá, após passar mal em um treinamento aquático, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.

"Ele [promotor] terá que opinar se realmente acha que foi crime de maus tratos e oferecer denúncia, ou ele pode achar que foi tortura e encaminhar para a Justiça comum. Se ele encaminhar para a Justiça comum, os inquéritos serão unificados e serão tramitados juntos na 7ª Vara ”, explicou a delegada.

A informação foi confirmada pela própria delegada que concluiu o inquérito na segunda-feira (20). O relatório será entregue nesta terça-feira (21), na 7ª Vara Criminal da Capital, que ficará responsável de confrontar o Inquérito Policial Militar (IPM), feito pelo Corpo de Bombeiros e o inquérito civil feita pela DHPP, para aplicar as punições cabíveis à militar.

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Segundo a polícia, o inquérito civil possui cerca de 500 páginas, contendo mais de 50 interrogatórios de alunos, coordenadores e profissionais de saúde que tiveram contato com Rodrigo Claro durante o 16º curso de formação de alunos soldado do Corpo de Bombeiros de 2016.

O inquérito não atribuiu à militar a responsabilidade pela morte do aluno soldado, mesmo após a hemorragia ter ocorrido poucas horas depois do aluno deixar o treinamento aquático comandado por Ledur.

Contudo, o inquérito aponta a militar como autora de atos de tortura ao impor ao aluno a “intenso sofrimento físico e mental, mediante violência e grave ameaça, caracterizado pelos sucessivos ‘caldos’ e posturas coercitivas, como forma de lhe castigar pelo péssimo desempenho e pelo fato de ter apresentado atestados médicos em sua disciplina”, diz parte do trecho do inquérito.

“Após a conclusão, o inquérito será encaminhado ao Poder Judiciário que vai encaminhar para o Ministério Público e que vai confrontar com o IPM. Agora, cabe ao promotor da Justiça Militar julgar para saber quais serão as punições cabíveis á tenente, se foi crime militar ou se ele acha também que foi tortura. Ele terá que opinar se realmente acha que foi crime de maus tratos e oferecer denúncia, ou ele pode achar que foi tortura e encaminhar para a Justiça comum. Se ele encaminhar para a Justiça comum, os inquéritos serão unificados e serão tramitados juntos na 7ª Vara ”, explicou a delegada ao .

Crime militar

No mês de fevereiro, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Júlio Cezar Rodrigues afirmou que os coordenadores do curso em que Rodrigo morreu, tenente-coronel Licínio Ramalho Tavares e tenente-coronel Marcelo Augusto Carvalho, responderão na Justiça por não disponibilizarem uma ambulância e equipamentos adequados para primeiros-socorros na ação.

Já a tenente Izadora Ledur, que foi isenta por homicídio do aluno, foi responsabilizada pelo crime de maus tratos, ao expor a vida e a saúde do aluno no treinamento aquático.

O inquérito da corporação aponta que os três cometeram crime militar contra o dever funcional no dia 10 de novembro, data em que o aluno passou mal. Rodrigo Claro teve complicações e morreu após cinco dias internado no Hospital Jardim Cuiabá.

Inquérito militar

Já o IPM realizado pelo Corpo de Bombeiros para apurar a morte do aluno soldado, isentou a militar de ter cometido homicídio ou tentativa de homicídio, já que no inquérito não ficou caracterizado nenhum dos dois crimes.

Entenda o caso

Rodrigo Claro morreu na noite de 15 de novembro do ano passado.

Ele passou cinco dias internado no Hospital Jardim Cuiabá, na capital.

O aluno bombeiro havia dado entrada no hospital com aneurisma cerebral após, supostamente, ter recebido uma série de afogamentos propositais em um processo conhecido como "caldo", durante o curso.

Na época, o Corpo de Bombeiros disse que o mal-estar teria sido provocado após uma travessia na Lagoa Trevisan.

Na ocasião, Rodrigo teria relatado fortes dores de cabeça e exaustão, sendo liberado dos treinamentos na água.

Ao retornar para o batalhão, no bairro Verdão, o aluno foi levado á uma policlínica, onde teve duas convulsões.

Ele foi transferido e deu entrada no hospital com a saúde em "estado crítico".

Segundo a família, Rodrigo já relatava sofrer perseguição por parte da tenente Ledur, por não se sair bem em treinamentos aquáticos.

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