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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

16 de Março de 2018, 15h:33 - A | A

POLÍCIA / DENÚNCIA AO MP

Policiais teriam cobrado R$ 20 mil para não prender homem

Denúncia encaminhada ao MP aponta que os investigadores Fábio Leite da Silva, Glauco Alves de França e Alessandro Vicente Ferreira dos Santos teriam extorquido um homem em Cuiabá.

CAMILA PAULINO
DA REDAÇÃO



O promotor Reinaldo Rodrigues formalizou uma denúncia contra três policiais civis de Cuiabá por suposta extorsão de R$ 20 mil, de uma pessoa que teria sido acusada de estar em posse de carro roubado. A ação foi protocolada na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), os investigadores Fábio Leite da Silva, Glauco Alves de França e Alessandro Vicente Ferreira dos Santos responderão por concussão, ou seja, quando o servidor público exige qualquer vantagem, benefício ou valor em razão do cargo que ele ocupa.

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Os policiais investigados estão lotados na Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos Automotores da Capital (DERFVA/MT).

Conforme o inquérito policial, o fato teria ocorrido no dia 7 de fevereiro do ano passado, quando os policiais teriam ido em um carro descaracterizado, até o assentamento “Flor da Mata”, na região do Coxipó do Ouro e abordado o denunciante, Edson Ângelo em sua residência.

Os policiais Alessandro e Glauco teriam dito ao denunciante que o carro dele modelo Fiat Idea seria produto de roubo e teriam o obrigado a ir até a DERFVA. Edson Ângelo teria ido com Glauco no carro descaracterizado dos policiais e Alessandro teria dirigido o carro do denunciante.

A denúncia relata, que no trajeto até a delegacia, o policial Alessandro teria proposto a Edson um acordo financeiro para liberar o veículo e não ser notificado em flagrante pelo roubo do carro. Neste momento, o policial Fábio teria se identificando como “delegado de polícia” e seria ele quem teria proposto a Edson que pagasse R$ 20 mil ao grupo.

A denúncia ainda destaca que Fábio teria ameaçado o filho de Edson, que estava preso na Penitenciária Central do Estado (PCE).

O denunciante alega que teria oferecido R$ 10 mil aos policiais, mas eles recusaram e disseram que receberiam os R$ 10 mil naquele momento e dariam dois dias para o denunciante conseguir o restante do valor.

“[...] Que para efetuar o saque seria necessária a presença de sua esposa Rosenilda Alves da Silva, haja vista tratar-se da titular da conta bancária. Diante disso, já com o crime de concussão consumado, por volta de 11h50min, os três denunciados – juntamente com a vítima [...] – retornaram ao assentamento e buscaram a esposa da vítima Rosenilda Alves da Silva”, diz trecho da denúncia enviada à Justiça.

O denunciante afirma que foi ao banco e sacou R$ 8 mil, pois a esposa dele já tinha R$ 2 mil em mãos e toda a quantia teria sido entregue diretamente para Alessandro, que na denúncia consta como líder da ação.

Por meio de extrato bancário e imagens de câmeras de segurança o denunciante confirma que o valor foi sacado e entregue aos policiais.

“É vasta a prova documental juntada aos autos havendo confirmação, por intermédio de imagens captadas pelas câmeras de monitoramento controladas pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública – CIOSP e imagens gravadas por circuito de segurança da instituição financeira SICOOB que comprovam o saque”, diz trecho da denúncia.

No processo consta que ficou comprovado que o carro não era roubado e então o denunciante foi até a Corregedoria Geral da Polícia Civil e denunciou os três policiais.

A denúncia aponta que na investigação interna da Policia Civil, Fábio e Alessandro teriam dito apenas que foram até o assentamento para que Edson Ângelo os auxiliasse em uma investigação.

“De modo que o motivo de terem retornado ao assentamento seria para que Edson pegasse o aparelho celular que estava em sua residência no intuito de entrar em contato com ‘Izaque’ (e, assim, prendê-lo com a ajuda de Edson), e não para que ‘Rosenilda’ fosse sacar o dinheiro na agência bancária”, destaca trecho o depoimento dos policiais prestados à Corregedoria.

“Ante o exposto cumpre ao Ministério Público Estadual denunciar Fábio Leite da Silva, Glauco Alves de França e Alessandro Vicente Ferreira dos Santos, como incurso no artigo 316 “caput” do código penal, nos termos do artigo 29 do código penal, requerendo que seja recebida a presente e procedida as citações dos denunciados para oferecimento de defesa por escrito e acompanhamento da ação, até final julgamento, ouvindo-se as testemunhas ora arroladas, nos termos dos artigos 394, §1o, inciso i, do código de processo penal, fixando inclusive valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos”, determinou o promotor.

Outro lado

Por meio de nota a assessoria da PJC informou que ao tomar conhecimento da denúncia, a Corregedoria produziu um inquérito e encaminhou ao MPE para providências e instaurou um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para definir o que será feito com os servidores. Além disso, após os fatos, os policiais foram transferidos de unidade.

Leia a nota na íntegra

A Polícia Judiciária Civil informa que, assim que tomou conhecimento de denúncia de três policiais civis investigados por exigir vantagem indevida no exercício da função, abriu procedimentos (criminal e administrativo) junto à Corregedoria Geral da Instituição para apurar as condutas.

O inquérito criminal foi concluso e enviado ao Ministério Público e Judiciário. Na esfera administrativa, um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) encontra-se em fase de conclusão.

Logo após a denúncia, os policiais foram imediatamente transferidos da unidade em que trabalhavam na época dos fatos, Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derrfva).

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