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13 de Fevereiro de 2016, 07h:55 - A | A

POLÍCIA / DESAPARECIDO HÁ DOIS MESES

Esposa de piloto relata 'jogo de empurra' e desconfia de empresa

Adriana acredita que Reverson tenha sido sequestrado por alguma quadrilha que agora utiliza o avião no tráfico. Por isso, não teriam entrado em contato com a família para pedir resgate.

CELLY SILVA
DA REDAÇÃO



Após exatos dois meses do desaparecimento do piloto Reverson Luis Bonan, 38, ainda não há pistas sobre seu paradeiro. Ele desapareceu no dia 13 de dezembro de 2015 em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Desde então, a família reclama da falta de informações e da lentidão nas investigações. 

Adriana Cristina da Silva, relatou que o delegado da Polícia Civil de Ponta Porã (MS), Jarley Inácio de Souza, responsável pelas investigações, decretou sigilo e não tem repassado quaisquer fatos novos aos familiares.

Ao , a esposa de Reverson, a empresária Adriana Cristina da Silva, relatou que o delegado da Polícia Civil de Ponta Porã (MS), Jarley Inácio de Souza, responsável pelas investigações, decretou sigilo e não tem repassado quaisquer fatos novos aos familiares. Além disso, ele teria repassado o caso para a Polícia Federal de Mato Grosso do Sul, que recusou o caso alegando que não era de sua competência. Adriana rebate essa informação.

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Orientada por advogados, ela diz que crimes envolvendo aeronaves que ocorrem em raio de 150 km da fronteira do Brasil são sim de competência da Polícia Federal. Com a indefinição entre as polícias, a família fica cada vez mais apreensiva e revoltada com o descaso. “Eu não entendo o porquê desse empurra-empura. Eu não estou vendo prisões, buscas, nada!”, reclama a esposa do piloto. 

Sem qualquer informação formal, a maior desconfiança de Adriana recai sobre a empresa que ela afirma ser  a proprietária da aeronave que Reverson pilotava, no dia em que desapareceu. “Desde o início da investigação, ele [o delegado] foi até a lá (empresa) que é de onde tinha saído o último plano de voo do Reverson lá em Ponta Porã. Essa empresa negou que possuía essa aeronave ou que conhecia o Reverson. De acordo com as investigações, descobriu que a aeronave era da empresa. Aí, tiveram que confessar, ou seja, houve uma mentira. Teve que demorar mais 45 dias para que eles fizessem o B.O.”, explica Adriana.

“Eu não entendo o porquê desse empurra-empura. Eu não estou vendo prisões, buscas, nada!”, reclama a esposa do piloto.

Ainda de acordo com a esposa do piloto, os responsáveis pela empresa chegaram a dizer que Reverson teria arrendado a aeronave para viajar com uma família que estava em férias. Adriana contesta esta alegação pois seu marido não tinha lhe falado sobre esse trabalho e já teria outros planos para o mesmo período. Além disso, ele não tinha dinheiro para alugar uma aeronave que custa mais de R$ 1 milhão.

Sem ter documentos que comprovassem o aluguel da aeronave para o piloto, a empresa registrou um boletim de ocorrência o acusando de ter furtado o avião. “Com tantas mentiras, já tinha que ter saído alguma prisão preventiva porque eles estão omitindo informações, atrapalhando o trabalho da polícia!”, indigna-se Adriana.

“Desde o início da investigação, ele [o delegado] foi até lá, que é de onde tinha saído o último plano de voo do Reverson lá em Ponta Porã. Essa empresa negou que possuía essa aeronave ou que conhecia o Reverson".

Mesmo com o desespero, a empresária acredita que Reverson está vivo, sendo mantido como refém por traficantes da fronteira com a Bolívia ou com o Paraguai. “Com certeza ele está vivo porque nós somos evangélicos e Deus tem falado que ele está vivo, está em cativeiro. Muitas pessoas não acreditam, mas nós acreditamos em revelações. A polícia não passa nada, então nós temos que nos apegar a fé”, declara.

Adriana acredita que Reverson tenha sido sequestrado por alguma quadrilha que agora utiliza o avião no tráfico. Por isso, não teriam entrado em contato com a família para pedir resgate. “Não tem outra hipótese que não seja sequestro. Quando é sequestro para o tráfico ou para roubo de aeronave que eles vão vender, eles não ligam, não fazem contato. Eles ficam com o piloto até vender essa aeronave, depois que eles soltam o piloto. Se fosse assassinato, latrocínio, já teriam encontrado o corpo ou a aeronave”.

“Com tantas mentiras, já tinha que ter saído alguma prisão preventiva porque eles estão omitindo informações, atrapalhando o trabalho da polícia!”, indigna-se Adriana.

A esposa também questiona porque até o momento a Polícia não tenha pedido a quebra do sigilo telefônico de Reverson e nem a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) tenha cedido informações sobre o rastreamento da aeronave.  Ela pede que pessoas que avistarem a aeronave ou o piloto na região de fronteira, que façam denúncias anônimas.

Enquanto isso, a família sofre com a incógnita sobre o paradeiro de Reverson. O filho do piloto, de apenas um ano e meio, chama o pai dia e noite. “Ele não me chama mais de mamãe, só me chama de papai, pega a foto do pai dele e fica beijando. Sempre que ele vê um avião, ele chama o papai. Ele está com uma série de bloqueios, chama todo mundo de papai. É triste, mas é o que nos dá mais gás para não deixar esquecido”, ressalta Adriana.

"Sempre que ele vê um avião, ele chama o papai. Ele está com uma série de bloqueios, chama todo mundo de papai. É triste, mas é o que nos dá mais gás para não deixar esquecido”, ressalta Adriana.

Outro lado

De acordo com Daniel Messa, gerente da empresa da qual Adriana desconfia, a única coisa que liga Reverson à empresa é que constava em seu plano de vôo pousar na pista da empresa no dia em que desapareceu. No entanto, isso nunca chegou a acontecer. No domingo (13 de dezembro) em que ocorreu o desaparecimento, a empresa estava fechada. "O que vinculou nosso nome a isso é que ele saiu do aeroporto internacional aqui de Ponta Porã e que viria pra cá. Só que ele não veio. Não tem registro de que ele veio para cá, inclusive no domingo a emrpesa é fechada. Ele fez um plano de vôo dizendo que vinha pra cá, só que ele não veio.", explica.

"Pilotos agrícolas são conhecidos nas empresas porque sempre passam em busca de vagas. Ele não era um amigão, era um conhecido. Ele era um cara trabalhador, nunca ouvi falar que ele mexia com nada de errado", conta.

Ele nega que o avião pilotado por Reverson seja da empresa que gerencia e que a mesma tenha registrado um boletim de ocorrência acusando Reversonde furto de aeronave. Segundo Messa, ele foi procurado várias vezes pelo delegado de Ponta Porã, Jarley de Souza, e também pelo pai de Reverson, tendo se colocado à disposição para prestar esclarecimentos e ajudando na busca pelo piloto, por meio de cartazes pela cidade. "Se a gente pudesse fechar a pista para impedir esse tipo de transtorno, a gente faria, mas a lei nos impede. A pista tem que ficar aberta para pouso de emergência".  

Segundo Messa, Reverson Bonan era conhecido na cidade pois sempre tinha trabalhos naquela região e nunca houve ligação de sua pessoa com o tráfico ou qualquer outro ato ilícito. "Pilotos agrícolas são conhecidos nas empresas porque sempre passam em busca de vagas. Ele não era um amigão, era um conhecido. Ele era um cara trabalhador, nunca ouvi falar que ele mexia com nada de errado", conta. 

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