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Cuiabá, 12 de Maio de 2024
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20 de Julho de 2017, 15h:55 - A | A

PODERES / GESTÃO DE CORRUPÇÃO

Silval diz que esquema de desapropriação foi para pagar dívida com Piran

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) contou para a juíza Selma Arruda que o valor seria usado para pagar uma dívida da campanha de 2010, quando disputou as eleições para o Governo do Estado.

RAFAEL DE SOUSA
DA REPORTAGEM



O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) confessou à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, nesta quinta-feira (20), ter autorizado o recebimento de propina na ordem de R$ 15 milhões, com a desapropriação do terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, alvo da 4ª fase da Operação Sodoma.

À época, o Estado pagou R$ 31 milhões pela propriedade, sendo que R$ 15 milhões, segundo delatores, retornaram em forma de propina ao grupo do peemedebista.

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Conforme o delator da operação, dono da empresa Santorini e proprietário do terreno, Antônio de Carvalho, a desapropriação e os pagamentos seriam feitos por meio da Secretaria de Estado de Fazenda, no valor total de R$ 31 mihões. Após, realizar todos os procedimentos, o delator recebeu a informação do ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, de que metade dos valores seria devolvido ao grupo.

“Em uma conversa com Pedro Nadaf [ex-secretário da Casa Civil], ele me disse que o Chico [Francisco Lima, ex-procurador-geral do Estado] havia dito que esse processo já estava pronto para pagar. De fato, já tinha sentença judicial e até a avaliação já estava pronta”, disse o ex-governador. 

Silval também contou que o valor seria usado para pagar uma dívida da campanha de 2010, quando disputou as eleições para o Governo do Estado.

“Essa desapropriação foi feita para saldar uma dívida com o empresário Valdir Piran. Se pagasse o valor de R$ 31 milhões, o empresário [Antônio Rodrigues]  estava disposto a devolver a metade”, revelou.

Segundo Silval, o ex-secretário da Casa Civil chegou a comentar que aumentaria o valor da propina cobrada do empresário.

"E eu disse, desde que vocês não alterem o valor da propriedade e paguem o Piran, tudo bem", afirmou.

O ex-governador explicou que nunca obrigou o empresário a aceitar o esquema.

"Nós nunca fizemos extorsão. As pessoas faziam porque tinham interesse em fazer. Fez porque viu oportunidade. Eu não sabia de simulação de contratos falsos", pontuou.

No depoimento, Silval também disse que parte do dinheiro foi enviado ao empresário Alan Malouf, dono do Buffet Leila Malouf.

“Além da dívida com Piran, o dinheiro da desapropriação foi usado para o Alan Malouf. Foram R$ 200 mil. Também foi pago R$ 200 mil para o Antonio Carlos Milas [jornalista preso na Operação Liberdade de Extorsão]”.

No caso do jornalista, o ex-gestor comentou que a extorsão era para que os crimes da organização não fossem revelados. Inicialmente, Milas teria cobrado R$ 800 mil.

Sodoma 4

A quarta fase da Operação Sodoma foi deflagrada em 26 de setembro do ano passado, quando diligências realizadas evidenciaram que o pagamento da desapropriação do bairro Jardim Liberdade, na região do bairro Osmar Cabral, no valor total de R$ 31.715 milhões à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda se deu com o único objetivo de desviar dinheiro público do Estado, em benefício da organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador Silval Barbosa.

Ficou  comprovado na investigação que participaram dessa fraude além de Silval Barbosa,  as pessoas de Pedro Jamil Nadaf (ex-secretario chefe da Casa Civil), Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (procurador de Estado aposentado), Marcel de Cursi (ex-secretário de Fazenda), Arnaldo Alves De Souza Neto (ex-secretário de Planejamento), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), além do ex-proprietário do imóvel Antônio Rodrigues Carvalho, seu advogado Levi Machado, o operador financeiro do grupo criminoso Filinto Muller e o empresário Valdir Piran. 

De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, o correspondente a 50%, ou seja, R$ 15.857.000,00, retornaram  via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller, em prol do grupo criminoso. O dinheiro seria repassado a ele pelo advogado da imobiliária, Levi Machado.

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