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Cuiabá, 14 de Maio de 2024
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24 de Fevereiro de 2017, 14h:28 - A | A

PODERES / RELATOS DE DESVIOS

'Fiquei 20 anos fazendo coisa errada, beneficiando outros', diz Riva em depoimento

Ex-deputado depõe sobre esquema de desvios que envolve ex-parlamentares e então servidores da Assembleia Legislativa

CELLY SILVA
DA REPORTAGEM



Como já vem fazendo em diversas ações penais que responde, o ex-deputado estadual José Riva presta novo depoimento, na qualidade de testemunha, em 31 ações criminais relativas a esquemas de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para pagar o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, entre os anos 1995 e 2002.

A oitiva é conduzida pela juíza Selma Arruda, na 7ª Vara Criminal de Cuiabá, na tarde desta sexta-feira (24).

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Riva 7ª Vara 24.02.17

 O ex-deputado Humberto Bosaipo, réu em diversas ações. 

Nestes processos, que já estão em fase de diligências, são réus o ex-deputado estadual Humberto Bosaipo, o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro, o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

Outras pessoas, como então servidores da Assembleia na época dos fatos apurados também fazem parte do rol de acusados. São eles: Guilherme da Costa Garcia, Juracy Brito, Geraldo Lauro, Nivaldo Araújo, José Quirino Pereira, Joel Quirino Pereira, Nilson Roberto Teixeira, Luiz Eugênio de Gosoy, Cristiano Guerino Volpato, Nasser Okde, Varney Figueiredo de Lima, José Carlos Freitas Martins, Ernandy Maurício Baracat Arruda, Benedito Pinto.

Conforme o já havia adiantado, Riva, que já confessou ter usado empresas “fantasmas” para simular operações financeiras e assim desviar dinheiro para quitar dívidas com João Arcanjo Ribeiro, deve apontar agora os crimes dos demais réus, como a participação do então primeiro-secretário da AL, Humberto Bosaipo, que deve acompanhar o depoimento do suposto comparsa. 

“Fiz um exame de autoconsciência e vi que fiquei 20 anos fazendo coisa errada, beneficiando mais aos outros do que a mim. Eu fiz um compromisso com Deus de falar a verdade”, afirmou Riva.

Acompanhe em tempo real:

14h40: A juíza Selma Arruda inicia a audiência ouvindo requerimentos e questões de ordem de advogados dos réus. O advogado Zaid Arbid, que defende João Arcanjo Ribeiro, destacou que todos os processos de seu cliente estão suspensos e, portanto, pediu dispensa, o que foi deferido pela magistrada. 

O promotor de Justiça Sérgio Costa destacou que antes do início do interrogatório de Riva como testemunhas das 31 ações penais, ele irá depor como réu em relação à ação penal referente ao esquema de empréstimos consignados fraudulentos junto ao Banco Real, cuja audiência o réu se ausentou, na últiam quarta-feira (22). 

14h48: O advogado de Humberto Bosaipo questiona declaração dada pelo promotor Sérgio Costa ao na última quarta-feira (22) de que a operação Arca de Noé teria começado após investigação de esquema de empréstimos consignados na Assembleia Legislativa, o que prejudicaria a defesa do ex-parlamantar, uma vez que consistiria em vício de instrução processual. Ele faz a defesa se embasando em termos jurídicos técnicos, que são contestados pelo promotor, que afirma que diversas portarias originaram as investigações, à época em que os fatos foram descobertos, além de que os processos já circularam em três instâncias, que reconheceram legitimidade das investigações. 

15h02: Ainda decidindo questões de ordem apontadas pelos advogados, a juíza Selma Arruda decidiu que José Riva será ouvido na condição de corréu e não como testemunha por conta de sua ligação "umbilical" com os fatos apurados e por ser réu em ações de mesma natureza, onde responde separadamente. 

15h06: Após uma série de deliberações, a juíza dá início ao interrogatório de José Riva. Ela pergunta se os fatos narrados pelo Ministério Público são verdadeiros, ele responde que a maior parte das imputações são verdadeiras. 

Mas ele afirma que alguns réus, como os irmãos Joel e José Quirino não eram pessoas conhecidas por ele na época em que os esquemas na Assembleia foram cometidos.

Ele entrega à juíza uma relação de pagamentos a rádio Cuiabana, de João Arcanjo Ribeiro.

De uma maneira bastante suscinta ele diz que releu todo o processo e diz que ratifica as confissões já feitas anteriormente e que os empréstimos feitos junto ao Banco Real realmente foram fraudados. 

15h22: O promotor questiona Riva sobre as falsificações de holerites de servidores da Assembleia para contratação de empréstimos junto ao Banco Real e Riva afirma que o ex-gerente do banco mentiu. Segundo Riva, o banco sempre esteve ciente de que os empréstimos não eram para pagar salários atrasados e também que os salários informados nos holerites não eram verdadeiros.

Riva confirma que muitas pessoas que sequer eram servidores da Casa receberam os falsos empréstimos, mas também diz que muitos servidores receberam empréstimos de verdade. Ele ainda confessa que muitos deputados foram os beneficiários do dinheiro liberado pelo banco tanto para pagar campanhas eleitorais, como para despesas pessoais. 

15h30: O promotor cita uma série de nomes de empresas que teriam sido usadas em outras negociações “fajutas” e Riva confirma a veracidade da acusação.

Riva diz que a participação de Bosaipo foi proporcional à dele no esquema.

O ex-parlamentar aponta a participação de Luiz Eugênio de Godoy na parte operacional do esquema, mas diz que não sabe se ele teve alguma vantagem financeira. Segundo Riva, a participação dos irmãos Quirino foi abrir e fechar firmas utilizadas pelo grupo criminoso. 

15h34: Em relação à fraude descoberta por um morador de Palmas (TO), Ademar Ribeiro, que apareceu como um dos contratantes de empréstimo junto ao Banco Real, Riva conta que, na época, discutiu bastante com Bosaipo, após o caso vir à tona, e que decidiram pagar o banco depois disso. Ele afirma que não participou da escolha dos nomes que fariam parte dos empréstimos falsificados. 

15h51: Questionado pela defesa de Humberto Bosaipo, José Riva confirma que foi avalista dele em diversos empréstimos.

Ele relembra que em 1995, quando assumiu a primeira-secretaria da Assembleia, foi-lhe apresentada por outros deputados, como Gilmar Fabris (PSD) que a Casa estava endividada junto aos servidores, bancos e até mesmo agiotas, sendo boa parte com João Arcanjo Ribeiro. A dívida herdara seria de R$ 40 milhões. Em depoimento anterior, ele havia falado em cerca de R$ 25 milhões em dívidas junto a João Arcanjo. "Isso era público e notório, tinha cheques na rua".  No entanto, não havia nada contabilizado. 

16h01: O advogade de Humberto Bosaipo pergunta sobre a prática de pagamento da Assembleia a empresas de fachada, nos anos 90, e Riva confirma. “Tinha também, isso vinha desde 95 e continuou”. Questionado sobre o impacto político das investigações, o ex-deputado diz que não quer fazer levantamentos políticos porque acredita que isso não vai agregar à ação judicial, deixando claro que não tem mais pretensões políticas. “Não quero fazer análise política mais, isso está fora de questão”.

Em seguida, Riva diz que seu objetivo é esclarecer os fatos e cita Deus em seu depoimento. “Fiz um exame de autoconsciência e vi que fiquei 20 anos fazendo coisa errada, beneficiando mais aos outros do que a mim. Eu fiz um compromisso com Deus de falar a verdade”, afirmou.  

16h22: “Eu acho que Geraldo Lauro, Djan, Varney, Cristinao, Romildo, Juracy eram pessoas usadas. Não tinham conhecimento. Até ocultaram deles porque não tinham confiança dos deputados. Pode ser até que os que assumiam cargo, podiam suspeitar, mas não tinham pleno conhecimento”, disse Riva a respeito desses réus.

Ainda sobre a questão das dívidas que assumiu como primeiro-secretário, em 1995, Riva disse que chegou a pensar em renunciar ao cargo, pois achou que não daria conta de pagar o montante, mas depois viu que "era possível" e resolveu continuar. 

16h40: Riva afirma que quando algum deputado “apertava”, pegava dinheiro emprestado com Guilherme Garcia, então coordenador financeiro da Assembleia. Bosaipo teria sido o emprestador de um valor “astronômico”, segundo Riva, de mais de R$ 1 milhão.

Questionado se a dívida de Bosaipo com Guilherme Garcia poderia ter sido paga com dinheiro de esquemas, Riva responde: “É possível”. Ao tentar explicar como isso seria viável, ela disse que a Assembleia “era um descontrole total! Havia inúmeras alternativas”.

Questionado pela defesa de Humberto Bosaipo se Guilherme Garcia tinha condições de emprestar dinheiro para deputados, Riva respodeu:  “Quando eu entrei na Assembleia, só tinha um deputado mais rico do que o Guilherme, ele tinha fazenda, tinha posses”. 

17h02: A audiência foi encerrada.

Confira a chegada de Riva à Sétima Vara Criminal:

 

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Jaílson 24/02/2017

Só não entendo sua liberdade,era para está preso .

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1 comentários

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