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Cuiabá, 13 de Maio de 2024
13 de Maio de 2024

20 de Julho de 2017, 14h:25 - A | A

PODERES / PROPINA DE R$ 15 MILHÕES

Delator diz ter entrado em esquema de Silval porque estava doente e sem trabalho

O delator da Operação Sodoma, Antônio Rodrigues de Carvalho confirmou à juíza Selma Arruda que do total de R$ 31 milhões por desapropriação de terreno no bairro Jardim Liberdade, grupo de Silval ficou com metade.

RAFAEL DE SOUSA
DA REPORTAGEM



O delator da Operação Sodoma, Antônio Rodrigues de Carvalho, dono da empresa Santorini, contou à juíza Selma Rosane Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, nesta quinta-feira (20), que foi procurado em 2013 pelo ‘amigo’ e ex-procurador-geral do Estado, Francisco Lima, o Chico Lima, para negociar o terreno do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, alvo da quarta fase da operação.

Nesta fase, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) é acusado de chefiar esquema criminoso que desviou R$ 15,8 milhões dos cofres do Estado, por meio da desapropriação do terreno. 

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Conforme Antônio de Carvalho, a desapropriação e os pagamentos seriam feitos por meio da Secretaria de Estado de Fazenda, no valor total de R$ 31 mihões. Após, realizar todos os procedimentos, o delator recebeu a informação do ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, de que metade dos valores seria devolvido.

“Marcel disse que ia pagar R$ 31 milhões no terreno, mas metade ficaria na secretaria. Perguntei para o Chico Lima se não tinha outra opção e ele me disse que aqui no Estado não tem outra opção. Pagamos 50% e outros 50% ficam aqui”, revelou o empresário.

Os R$ 15 milhões restantes, segundo ele, seriam pagos em 12 parcelas, com 1% de juros ao mês.

"Estava com problema de saúde e tinha uma dívida muita grande com a Caixa, então eu resolvi aceitar. Pediram que eu abrisse uma conta, mas como a empresa estava inativa não consegui. Então, fizeram um contrato fictício de uma empresa do Filinto [Muller, também réu na Operação Sodoma] e eu assinei. O contrato simulava uma dívida que eu teria, mas era fictícia", explicou o delator à magistrada.

Ao ser questionado pela defesa de Marcel de Cursi sobre quais eram as reações do seu cliente naquele dia em que se reuniu na Secretaria de Fazenda juntamente com Chico Lima, o delator afirmou que o ex-secretário foi ‘seco’ ao fazer a proposta de pagamento de propina. 

“Marcel sentou à mesa como negociador naquele dia”, revelou Antônio Rodrigues.

O empresário afirma ainda que achava que Chico Lima era seu amigo, mas diante do exposto não teve outra alternativa a não ser aceitar a proposta ílicita.

Sodoma 4

A quarta fase da Operação Sodoma foi deflagrada em 26 de setembro do ano passado, quando diligências realizadas evidenciaram que o pagamento da desapropriação do bairro Jardim Liberdade, na região do bairro Osmar Cabral, no valor total de R$ 31.715 milhões à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda se deu com o único objetivo de desviar dinheiro público do Estado, em benefício da organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador Silval Barbosa.

Ficou  comprovado na investigação que participaram dessa fraude além de Silval Barbosa,  as pessoas de Pedro Jamil Nadaf (ex-secretario chefe da Casa Civil), Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (procurador de Estado aposentado), Marcel de Cursi (ex-secretário de Fazenda), Arnaldo Alves De Souza Neto (ex-secretário de Planejamento), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), além do ex-proprietário do imóvel Antônio Rodrigues Carvalho, seu advogado Levi Machado, o operador financeiro do grupo criminoso Filinto Muller e o empresário Valdir Piran. 

De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, o correspondente a 50%, ou seja, R$ 15.857.000,00, retornaram  via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller, em prol do grupo criminoso. O dinheiro seria repassado a ele pelo advogado da imobiliária, Levi Machado. 

 

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