RODRIGO VARGAS
Alguns termos ficam tão bonitos em um discurso que raros gestores públicos resistem à tentação de empregá-los em qualquer ocasião, mesmo que o sentido das palavras seja miseravelmente contrário à realidade.
Sustentabilidade é um dos preferidos. Todo projeto, tanto faz se é uma rodovia que corta ao meio a Amazônia ou uma usina para produzir etanol nas bordas do Pantanal, é apresentado nos palanques como sendo “sustentável”.
Não é preciso apresentar estudos consistentes. Não é preciso ouvir as comunidades atingidas. Não é preciso prever os cenários possíveis. Não é preciso provar nada. Basta dizer que é sustentável e ponto final.
Outro campeão de popularidade é transparência. Nos sites governamentais, inclusive nos de Mato Grosso, é tarefa simples encontrar links com esse termo, levando a páginas que, supostamente, darão ao contribuinte respostas em relação ao uso de seu dinheiro.
Não é o que acontece na prática. Na imensa maioria das páginas, o que se chama de transparência é na verdade um breu formado por editais de licitação e tabelas contendo milhares de números que, isoladamente, não fazem sentido algum.
Procure nos sites do TJ e da Assembleia Legislativa e você certamente encontrará os balanços financeiros e as compras realizadas nos últimos meses. Há informação sobre o que foi feito, mas quase nada sobre porque se decidiu fazer.
Em relação ao maior foco de interesse da população mato-grossense, a preparação de Cuiabá rumo à Copa de 2014, o cenário é desanimador.
Das simples às mais complexas decisões, tudo o que se faz nos corredores da Secopa parece envolto em penumbra.
Em quase três anos, nos quais se decidiu trocar a Agecopa pela Secopa, o BRT pelo VLT, comprar e depois cancelar a compra de Land Rovers e teleférico, nada foi suficientemente explicado à população.
Nas audiências públicas destinadas a discutir o novo e bilionário modal de transportes, os participantes tiveram de se contentar com o que já tinham: desenhos feitos sobre imagens do Google.
Nesta semana, depois do cancelamento do edital, o anteprojeto do VLT foi colocado à disposição dos interessados na internet.
Tarifa? Prazo real de conclusão? Você não vai encontrar nenhuma informação concreta a respeito.
Em compensação, há um monte de editais de licitação da Secopa para você clicar e baixar. É a transparência que nos cabe neste latifúndio.
RODRIGO VARGAS é repórter do Diário
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Paulo Cunha 29/02/2012
Ele como Jornalista deveria fazer essas perguntas que não ficaram esclarecidas nas audiências públicas nas cidades que terão o VLT! Acho estranho, pois o próprio jornalista fez uma entrevista com o Eder esses dias para o diário de Cuiabá, mas tb não questionou as Land Rovers e outros contratos da Secopa!! Se questionou, pq não disse à todos! Ouvi na audiência que o prazo será de 24 meses e a tarifa em torno de 3 reais!! Será que o repórter não foi as audiências?
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