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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

29 de Junho de 2016, 10h:16 - A | A

OPINIÃO /

Escutatória

A sociedade está saturada do Estado político que a governa em todos os níveis. Vai reagir cada vez mais com agressividade

ONOFRE RIBEIRO



Nessas duas semanas, a Assembléia Legislativa de Mato Grosso viu suas galerias cheias, os corredores e o plenário agressivamente lotado por servidores públicos.

A briga, a princípio, não era da casa legislativa. Era só do palácio Paiaguás.

Em clima de radicalização, os servidores do Executivo estão irritados e, de certo modo, fora de controle. Querem os 11,28% de reposição salarial anual.

Trago o assunto porque reinaugura-se uma fase há muito desconhecida na Assembléia Legislativa: conversar com setores da sociedade.

Na última década e meia, a Assembléia Legislativa especializou-se em bastidores e evitou muitas conversas com a sociedade inteira ou com setores dela. Preferia arranjos de bastidores e negociações nem sempre republicanas.

Se deixou de conversar, deixou também de ouvir. De repente, a casa é invadida por funcionários públicos e revelou-se a enorme dificuldade de estabelecer conversas.

Falta na Assembléia alguém que saiba conversar na neutralidade. O deputado Wilson Santos é um dos interlocutores. Mas está muito desgastado diante da opinião pública a representa a versão antipática, a do governo.

No mais, faltam mesmo deputados capazes de conversar, de ouvir, de formular, de negociar e de representar idéias. 

Os servidores públicos estão espalhados num monte de sindicatos que não falam a mesma língua.

Uns tem partido político por trás. Outros não. Seria uma massa fácil de conversar, desde que houvesse interlocutores preparados.

O mais grave é que estamos vivendo um tempo de muitas intolerâncias. A sociedade está saturada do Estado político que a governa em todos os níveis. Vai reagir cada vez mais com agressividade.

Hoje são os funcionários públicos. Amanhã serão os empresários, depois policiais, depois, depois, depois...

A Assembléia Legislativa, assim como o Governo de Mato Grosso, precisa abrir numa vasta escutatória, pra ouvir, ouvir, ouvir...

Saber formular, saber negociar e saber representar a sociedade que a elege.

Fica a lição. A primeira. Outras virão, certamente!

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.

[email protected]

www.onofreribeiro.com.br

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