facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 06 de Maio de 2024
06 de Maio de 2024

12 de Julho de 2019, 07h:55 - A | A

OPINIÃO / ROBERTO FREIRE

Características pessoais

Reconheço que nem sempre acerto, mas não fujo da responsabilidade de me posicionar



Sempre fui uma pessoa de posições, certas ou erradas, o fato é que sempre tomo partido da causa que acho justa e honesta. Não posso afirmar que sempre acerte, mas posso afirmar que não fujo a obrigação de toda pessoa de se posicionar diante dos acontecimentos.

Na maior parte das vezes são posições pessoais, sem condescender com as posições majoritárias, nem abraçar as causas mais comuns e usuais, que geralmente considero equivocadas. De maneira geral, a maioria está sempre errada, pois a verdade não é fácil, nem simples, e só está plenamente acessível àqueles que ousam saber, que buscam a sabedoria.

Não tenho nem ódio, nem amor pelas instituições, pelas leis ou pelos partidos políticos, e dedico a fidelidade que lhes devo como cidadão. Tenho respeito sem subserviência, e não hipoteco toda minha razão e alma a vida pública, pois aprecio muito a vida privada e suas virtudes.

Se a causa que a maioria apoia me parece justa, aplaudo-a moderadamente, não deixo de observar limites, de colocar tudo dentro de contextos maiores.

Naturalmente que sou mais crítico da política e dos políticos, do que adepto de alguma política nacional, pois considero nossa política atrasada ou primitiva. Falta cultura política, carecemos de ilustração cívica e a ética nacional é duvidosa ou inexistente. E a fartura da grandiosa natureza não nos permite aprender a moderar nossos apetites, devastando regiões gigantesca por poucas gramas de ouro.

No decorrer das décadas fui percebendo que o Brasil não é um país confiável, nem sério, e que sua trajetória errática, de pouca educação e grandes desigualdades sociais, não decorre de alguma crise, mas é sua situação de ser. Organizado por círculos viciosos, onde se cria laços de multidependências, onde todos se aliam para extorquir do Estado que extorque do contribuinte, onde a nação sucumbe explorando suas reservas naturais e sem educar sua população.

Quanto aos governos, já vivi o suficiente para saber que, ainda que possa haver governos bons, não é certo que eles ocorram, e que dos inúmeros governos que vi passar, o melhor não presta. Governantes são nosso problema, nunca a solução. O problema é a sociedade civil que não exerce pressão sobre os governantes, os políticos e os juízes, o que permite que façam de tudo com o país, principalmente dar mordomias e regalias para si próprios.

Por fim, toda reforma econômica ou política aqui é sempre um puxadinho improvisado, que antes de eliminar o problema, empurra para debaixo do tapete as sujeiras engendradas nas negociatas. As leis visam antes se adequar a miséria do que ultrapassá-la. Vide nossa previdência, que de tantas exceções, não há regra comum alguma.

É por ter essa necessidade de se posicionar diante dos acontecimentos que escrevo, que manifesto minhas indignações, algumas ideias, minhas simpatias e antipatias políticas. E o que espero é um debate honesto, uma troca de pensamentos e críticas que permitam a minha emancipação, assim como dos meus interlocutores, o que sempre é possível, mas nunca é certo. De qualquer modo, não conto com a concordância e sempre aguardo discordância, ainda que o mais certo talvez seja a indiferença.

ROBERTO DE BARROS FREIRE é professor do Deparmento de Filosofia da UFMT

>>> Siga a gente no Twitter e fique bem informado

Comente esta notícia