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Cuiabá, 12 de Maio de 2024
12 de Maio de 2024

09 de Outubro de 2011, 11h:39 - A | A

OPINIÃO / ANTÔNIO CARLOS MAXIMO

A UFMT e seus mortos

ANTÔNIO CARLOS MAXIMO



Todos nós temos uma idéia positiva sobre a universidade. Está sempre presente no nosso imaginário a concepção de que se trata de uma instituição avançada, moderna, vanguarda da democracia, justa, empenhada e solidária nas lutas dos excluídos. Além disso, sempre imaginamos que ela seja a mais fiel defensora de alguns valores universais, sobretudo, os valores do humanismo e da solidariedade. Nos custa muito admitir que a universidade não seja profundamente humanista.

 

Será que a nossa UFMT se enquadra nesses princípios? Será que faz jus ao que dela pensamos? Os casos das mortes ocorridas dentro dos seus campi não corroboram essa imagem positiva que a população tem a seu respeito.

 

Em novembro de 2007, dois professores e um técnico administrativo do campus de Rondonópolis foram mortos à bala, em razão de problemas administrativos. A postura “humanista e solidária” da Administração Superior da UFMT limitou-se à presença no velório. Ato contínuo, informou que o caso estava nas mãos do Ministério Público e que nada mais poderia ser feito. Tratou de isentar a administração de qualquer possibilidade de comprometimento no caso. Instituiu, a pedido do juiz federal, três sindicâncias que não levaram a nada. Testemunhas chaves foram transferidas para cidades distantes. E nunca se ouviu a UFMT emitir, sequer, uma opinião a favor das vítimas. Silêncio absoluto que, na verdade, beneficia os criminosos.

 

Pouco tempo depois, um tiroteio junto à vigilância do campus de Cuiabá tirou a vida de um guarda e quase vitimou um segundo. E qual foi a posição da administração superior? Silêncio!

 

Agora, a morte do aluno da Guiné Bissau nos deixa ainda mais indignados. Os discursos oficiais da UFMT são proferidos no sentido de culpar a vítima e nenhuma palavra sobre o ato bárbaro que, inclusive, pode ter uma forte conotação racial. O que se esperava da UFMT é que ela, pela sua força moral – ingenuamente acreditamos – viesse a público, de imediato, condenar veementemente o ato bárbaro. Mas nada se ouviu com relação aos criminosos. Ao contrário, limitou-se a tirar o corpo fora: o Toni não era aluno, era dependente químico, já não estava mais matriculado, já estava fora do convênio. Só faltou dizer: “bom, se ele estivesse em casa, à meia noite, se não estivesse no restaurante, isso não teria acontecido”. Só faltou isso para, de uma vez, condenar a vítima pelo seu próprio infortúnio.

 

A falta de um posicionamento firme condenando a violência do ato nos faz crer que somos simplórios por acreditar na grandeza de espírito da Universidade Federal. E daquele humanismo que deveria ser próprio de uma instituição dessa natureza, estamos longe. Que vergonha! Que atraso!

 

O que se esperava, no mínimo, seria ouvir da Reitoria pelo menos as seguintes palavras: “o estudante era nosso aluno, veio ao Brasil porque nós o trouxemos via convênio, daremos todo apoio aos seus colegas e familiares e condenamos o ato violento que lhe tirou a vida”. Mas, para tanto, seria preciso que a Administração Superior comportasse dois grandes valores: humanismo e solidariedade.

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