FOLHA DE S. PAULO
O atraso na operação de portos e aeroportos em razão de greves e protestos de servidores da Receita, Anvisa, PF e Ministério da Agricultura impediu R$ 4,5 bilhões em mercadorias (11% do total) de entrarem no país em julho.
A estimativa é da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior), baseada em dados do governo. Os setores mais afetados são os de alimentos, fármacos e eletrônicos.
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A greve da Receita é apontada como uma das principais causas, mas, segundo o órgão federal, a operação-padrão de auditores não provocou "impacto significativo".
O ministério diz que greves afetam as importações, mas não é possível isolar o impacto de efeitos da crise externa.
Segundo José Augusto de Castro, presidente da AEB, há ao menos 150 navios parados nos portos, o que gera custo diário de até US$ 40 mil cada um. "É um custo que pode ser repassado ao consumidor."
O presidente do Centro da Indústria do Amazonas, Wilson Périco, estima que o atraso na importação de insumos causa prejuízo à Zona Franca de Manaus de 10% do seu faturamento diário -cerca de R$ 464 milhões desde julho.
FRIGORÍFICOS
Os frigoríficos esperam a volta à normalidade após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) determinar ontem que fiscais agropecuários mantenham 70% do efetivo trabalhando. Eles são responsáveis pelo controle, fiscalização e inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal para exportação.
Ontem, armazéns de grandes empresas estavam lotados, o que ameaçava a continuidade das operações e o abate de animais na próxima semana, caso a paralisação dos fiscais continue.
Um frigorífico tinha 400 contêineres nos armazéns ontem. Nos portos, o atraso era de três a quatro dias. "Espero que a decisão do STJ force um acordo entre grevistas e governo", diz Francisco Turra, presidente da Ubabef (entidade de produtores e exportadores de carne de frango).
ANVISA
A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) disse que a Anvisa não cumpriu liminares obtidas pela entidade para liberar produtos farmacêuticos retidos em locais fiscalizados pela agência.
Segundo a Firjan, "dezenas de empresas estão com linhas de produção paradas e empregados ociosos". Diz, ainda, que há medicamentos, vacinas e material radiológico retidos no aeroporto do Galeão.
A Folha não conseguiu ouvir ninguém da Anvisa ontem à noite. (LUCAS VETTORAZZO, TATIANA FREITAS E MARIANA SCHREIBER)