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Cuiabá, 25 de Abril de 2024
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11 de Outubro de 2016, 09h:45 - A | A

VARIEDADES / VIU ÓVINIS DA VARANDA

Carlos Vereza: "Tenho vontade de ser abduzido por extraterrestres"

Encerrando sua participação em Velho Chico como o padre Benício, o ator garante que já viu óvnis da sua varanda no Rio e fala de sua relação profunda com o espiritismo. Aos 77 anos, ele tem três filhos, o mais novo um adolescente

QUEM



Carlos Vereza deu adeus a seu padre Benício, de Velho Chico, papel que assumiu após a morte do ator Umberto Magnani em abril passado. “O que melhor definiu meu personagem foi uma frase para Tereza (Camila Pitanga): ‘Eu como padre não posso aconselhar você a romper o matrimônio, mas como homem e pecador, siga seu caminho’”, afirma o ator, de 77 anos. Pai de três filhos – Larissa, de 29, Diana, de 21, e Luiz Sérgio, de 16 –, ele brinca: “Todos são de mães diferentes porque sou democrata”.

No intervalo das gravações, nos Estúdios Globo, no Rio, Vereza conversa com a reportagem de QUEM e recorda como começou a carreira aos 19 anos, fazendo figuração. Ao relatar que foi preso durante a ditadura militar, diz que a liberdade é o bem mais precioso. “Hoje não tenho ódio porque todos eles (que o agrediram) estão morrendo de doenças graves, mas na época, sim”, revela o ator, que há 27 anos abraçou o espiritismo e sonha, quem sabe, em um dia ser abduzido por extraterrestres. “Tive a felicidade de avistar óvnis, em 1997 e em 2012, na varanda da minha casa, na Barra da Tijuca, no Rio. Chorei de emoção”, relata.

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QUEM:  É verdade que o senhor já viu óvnis?

CARLOS VEREZA: Tive a felicidade de avistar óvnis, em 1997 e em 2012, na varanda da minha casa, no Rio. Chorei de emoção porque você vê a grandiosidade do universo e sabe que não está sozinho. Infelizmente não aconteceu mais. Quando estou em um sítio, olho para o céu na esperança de vê-los de novo. Digo mais: tenho vontade de ser abduzido por extraterrestres do bem.

O que move o mundo para o senhor?

CV: O amor, mas não um amor piegas! E sim o que sustenta o universo e se desdobra no cotidiano, pelo próximo e pela caridade. É um amor de enxergar não apenas o próximo, mas, sobretudo, o outro, o que é mais difícil. Acredito que o que move o ser humano é a busca da utopia. A minha é a paz no mundo, que está muito difícil porque religiões estão matando em nome de Deus, infelizmente. 

Como é sua relação com o espiritismo?

CV: Sou espírita há 27 anos. Encontrei o espiritismo após sofrer um acidente gravando o seriado Delegacia de Mulheres (1990). Em uma cena de tiro, a pólvora explodiu próximo de meu ouvido esquerdo, o que arrebentou a parte interna. Passei por várias clínicas até que uma tia me indicou o Centro Espírita Lar de Frei Luiz (na Zona Oeste do Rio). Também tinha sofrido um acidente de carro e, em sete meses, eles me recuperaram. Fui ficando e estou lá até hoje. Estudo a doutrina e sou um dos conselheiros do Lar.

Tem outros interesses?

CV: Filosofia e, sempre, a história. Há cinco anos, sou coordenador de um curso que dou no prédio onde moro sobre doutrina espírita, filosofia e física quântica. Comecei com cinco pessoas e hoje são 60 alunos. Utilizo um método que os essênios (seita judaica que existiu entre os séculos 2 a.C. e 1 d.C.) usavam, que é pegar cada livro e ler todo mundo junto em voz alta. Levamos um ano e dois meses lendo O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, e as aulas também têm projeção audiovisual.

Como aproveita suas horas vagas?

CV: Amo história e leio muito sobre o assunto. O que me fascina é a década de 40 no Brasil. Quando era pequenininho, minha mãe, Ruth, me levou para ver os pracinhas voltando da Segunda Guerra Mundial. Entre eles estava meu padrasto, Claudionor. Os pracinhas desfilavam pela Avenida Presidente Vargas (no Centro do Rio), e dos edifícios jogavam papel picado. Parecia neve caindo! É uma bonita imagem que tenho na memória. Acho que, por ter acompanhado aquele momento, gosto do tema. Entre as figuras históricas que admiro está Tiradentes. Se ele vivesse agora, talvez fizesse outro movimento, porque os impostos atuais são mais pesados. 

Como definiria Carlos Vereza?

Sou um ator que em dezembro passado completou 57 anos de profissão, e até hoje acredita que é possível fazer arte na televisão. Comecei na antiga TV Tupi, no Rio, em 1959, fazendo televisão ao vivo, ainda como figurante. Naquele tempo, não tinha lanchinho para figurantes. Eu sentava na mureta da Urca (bairro onde ficava a TV Tupi), esperando que alguém me chamasse. Não tinha Malhação, que hoje o cara faz e, daqui a pouco, está na novela das 6, das 9.

Como saiu da figuração?

CV: Eu levava a sério a figuração e isso foi sendo notado. Aos poucos, era colocado cada vez mais na frente, até entrar em um teledrama. Fui contratado por um ano e, depois, conheci o dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, que me levou para o Centro Popular de Cultura. Quando a ditadura veio, acabou com o CPC.

Aliás, o senhor foi preso na ditadura...

CV: Fui sequestrado duas vezes, e, em uma delas, em 1973, fiquei oito dias em uma cela de um batalhão do Exército no Rio. Anos depois, um carro encostou junto ao meu, e o motorista disse: “Oi, lembra de mim, eu estava lá, te sequestrei”. Falar o que nessa hora? Dei parabéns a ele, era um dos homens que me agrediram na prisão. Hoje não tenho ódio porque todos eles (que o agrediram) estão morrendo de doenças mais graves, mas, na época, sim. É uma covardia, te colocam no limite da morte por 24 horas. A liberdade é o nosso maior bem, sempre. Dez anos depois, fiz o filme Memórias do Cárcere, interpretando o escritor Graciliano Ramos (preso e torturado na década de 30), e ele exorcizou os fantasmas.

Do que o senhor sente saudade?

CV: Sinto saudades imensas da minha mãe. Sou filho único, e ela era fã do meu trabalho. Dona Ruth adorava quando eu cantava. Na televisão, ela gostou muito do vilão que fiz na novela Selva de Pedra (1972). Minha mãe fazia quiabo só para mim, é uma comida que mexe com minha memória afetiva.

Como é seu lado pai?

CV: Tenho três filhos, e todos são de mães diferentes porque sou democrata (risos). Não planejei ter filhos, mas os aceitei com alegria. Eles são ótimos. Um traço que os une é a doçura com respeito ao próximo. Ensinei três coisas a eles: por favor, com licença e obrigado. Isso é a base da vida. Foi bom ser pai mais velho porque não perdi a capacidade lúdica, pude passar um pouco mais de experiência que não teria se fosse pai de 20 anos.

O que o irrita?

CV: O calor! Se pudesse moraria em Petropólis, na região serrana do Rio, onde a temperatura é mais amena. Finjo que está frio e ponho paletó, mas sofro demais no verão.

Foi difícil assumir o papel do padre Benício em Velho Chico depois da morte de Umberto Magnani?

CV: Tive que memorizar cerca de 30 cenas em uma semana para a novela não parar. Entrei em uma situação traumática, que foi o falecimento do colega e belo ator Umberto Magnani (ele morreu no dia 27 de abril, vítima de um acidente vascular encefálico). E depois passamos por outra: a passagem do Domingos Montagner (que se afogou no Rio São Francisco, em Sergipe, no dia 15 de setembro). Só penso em uma coisa para definir o Domingos: é a humildade com talento.

 

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edson 11/10/2016

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