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Cuiabá, 12 de Maio de 2024
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25 de Fevereiro de 2012, 08h:30 - A | A

OPINIÃO / RAPHAEL CURVO

Dilma, acorde

RAPHAEL CURVO



E volta o governo federal a agir para conter a “valorização” do Real. Acredito muito que tudo isso está no planejamento do governo para manter em alta a reserva monetária brasileira. A enxurrada de dólares no mercado financeiro, como todos sabem, é patrocinada pelo governo com as altas taxas de juros. Estas taxas estimulam que muitos brasileiros e até estrangeiros façam empréstimos lá fora a juros de no máximo 0,5% e se esbaldem no mercado financeiro do Brasil. Como diria meu avô, enchem a “burra” de tanto dinheiro fácil.

Este dinheiro tem rendido ao governo enorme arrecadação para seus gastos políticos e suas benesses. Ao aumentar o IOF para aplicações financeiras, o bolso do governo empanturrou de tanto dinheiro. Como o problema dos governantes é manter o poder político, ou seja, o governo, pouco estão se importando com o que está acontecendo com a indústria brasileira. Tal “status quo” é do maior interesse do governo federal e tudo que faz e fizer não tem nada de política tributária consistente e eficaz, ou seja, que vá resolver o problema de destruição da indústria brasileira.

Não está nas importações e muito menos no gerenciamento e “valorização” do real o problema da falta de competitividade, como bem frisa Celso Ming. A voz geral, aliás, o grito geral do empresário brasileiro, que em grande parte já adota a captação externa barata para aplicar no nosso mercado, é que esta “valorização” do real está acelerando o processo de desindustrialização. Gritam que é preciso mais incentivo e com isso satisfazem o governo que os atendem com medidas paliativas e que nunca irão atingir uma solução pelo menos plausível.

Assim, governo e empresários fazem do seu dia-a-dia uma relação que visa aos interesses individuais em detrimento do geral. Os grandes grupos são os carros chefes dessas escolas de samba da economia brasileira que deixam ao léu os blocos dos pequenos empresários, que no final pagam a maior parte da conta, da fatura do custo Brasil. Da forma que está não oferece risco ao controle político e com isso as partes beneficiadas ajustam de tempos em tempos, os seus interesses. Nesse bolo está o recheio dos sindicatos que hoje são meros grudes do governo federal e vivem sob o seu feudo.

Há muito eu e milhares de outros articulistas estamos a escrever sobre o assunto da destruição da indústria manufatureira brasileira. Nada muda porque a enorme massa da população do Brasil é formada por analfabetos funcionais que têm sua visão da lógica e do comprometimento dessas atitudes de governo com os efeitos na economia e no futuro desta. Mesmo com a sensível mudança que já começa a ocorrer no seu custo familiar, não se manifestam. Isto é contido com pequenos mimos de redução de impostos para barateamento de certa cesta de produtos. Mal sabem que uma consistente e eficaz política tributária e de juros teriam benefícios enormes aos seus ganhos e qualidade de vida. Esta política exige concessões do governo federal e ele não abre mão delas.

Só há uma saída para evitar a convulsão financeira e econômica que está a caminho. Ela está na redução dos juros extorsivos que liquidam a capacidade de investimento da empresa brasileira, na revisão da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT e seus custos na folha de pagamento, no investimento massivo na infra-estrutura do País em estado de calamidade que faz o preço de transporte entre Santos e São Paulo (77km) ter o mesmo valor do trecho China-Brasil. Nas cataratas de impostos que deixam o produto brasileiro nas prateleiras e aumentam as importações o que agrada o governo. Na urgente capacitação técnica e tecnológica das nossas universidades para desenvolvimento de tecnologias de ponta e na busca imediata da independência de receita somente com base nas exportações de produtos de commodities o que é enorme risco ainda mais se considerarmos que cerca de 70% dependem do mercado chinês.

São quatro produtos a sustentar a arrecadação das exportações: petróleo, soja, ferro e carne. É ou não é um risco? Acorda Dilma. Lembre-se de que você parte e muitos ficam sorrindo ou sofrendo pelas conseqüências de suas ações. Aproveite a oportunidade tão presente em suas mãos.

(*) Jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes

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