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Cuiabá, 26 de Abril de 2024
26 de Abril de 2024

03 de Julho de 2016, 07h:40 - A | A

GERAL / VEJA VÍDEO

Obesidade é doença crônica; metade da população pode ser atingida, alerta especialista

Mais do que querer emagrecer para atender aos padrões de beleza impostos pela sociedade, a pessoa deve ter em mente que a obesidade é uma doença que acarreta muitas outras, como o câncer e até infertilidade.

CELLY SILVA
DA REDAÇÃO



A obesidade é uma doença crônica que já atinge quase 18% da população brasileira. Se levarmos em conta a parcela de brasileiros que está acima do peso considerado ideal, esse índice aumenta para 52,5% das pessoas no país. O grande problema é que ao invés de encararem este fato como uma questão de saúde e procurarem tratamento adequado, a maioria prefere entrar em dietas sem acompanhamento apenas pela questão de beleza.

“A obesidade não é uma condição estética. A obesidade é uma doença crônica, como a diabetes e como a hipertensão, então ela tem que ser tratada como tal. Se a gente usa medicamento para tratar a hipertensão ou a diabetes, então porque não vai tratar a obesidade com medicamento? Onde é que está o problema?”, aponta a médica especialista em Nutrologia, Silvia Cristina de Almeida.

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“Ninguém é culpado por ter diabetes ou ter hipertensão. E porque que se culpa o obeso?”, questiona.

Silvia atende diversos pacientes obesos e verifica em sua rotina de trabalho o preconceito sofrido por eles, ao serem muitas vezes chamados de preguiçosos e desleixados, como se fossem culpados por estarem doentes. “Ninguém é culpado por ter diabetes ou ter hipertensão. E porque que se culpa o obeso?”, questiona.

Dessa pressão psicológica aliada a fatores genéticos e emocionais, a pessoa começa a desenvolver a obesidade e, sem uma estrutura profissional, fica cada vez mais difícil se livrar da obesidade e de seus desdobramentos. “Se a gente puxar desse paciente, sempre tem alguma coisa que o levou a ter um desequilíbrio emocional e um desânimo”, pontua a médica.

“Se a gente puxar desse paciente, sempre tem alguma coisa que o levou a ter um desequilíbrio emocional e um desânimo”, pontua a médica.

Para entender a importância daquele velho ditado que diz “melhor prevenir do que remediar”, Silvia de Almeida elenca alguns problemas que podem ocorrer em decorrência da obesidade. “O excesso de peso causa dor na coluna, dor no joelho, dor nos pés. Então a pessoa não vai trabalhar direito, não vai viver bem. A gente tem estudos que mostram que a mulher que está gestante e ganha mais de 20 quilos nessa gestação, esse filho vai carregar essa memória de obesidade para a vida dele. Então, em algum momento ele pode desenvolver a obesidade”, elenca.

Algumas outras doenças que têm ligação com a obesidade são: hipertensão arterial, hipertrofia ventricular, apneia do sono, depressão, diabetes, úlcera, pedra na vesícula, infecções na pele, colesterol alto, entre outras.

Como tratar a obesidade

“O problema da obesidade é a pessoa sair da zona de conforto. Tem que ter mudança!”, assevera a médica. Ou seja, a pessoa que pretende tratar a obesidade, deve ter em mente que mudanças de hábitos serão necessárias, começando pela alimentação e atividade física. E não vale usar a desculpa que comer bem é caro.

Silvia ainda ressalta que “a alimentação não é para sentar, comer e ficar cheio. Você tem que sair satisfeito. Na verdade é só uma passagem do dia, é carregar a bateria e continuar”, afirma.

“Se você for realmente fazer a conta, hoje uma alimentação saudável chega a ser muito mais barato do que levar uma alimentação não saudável. É muito mais barato comprar um pé de rúcula, um pé de alface e fazer uma boa salada. Isso não quer dizer que você não vai comer outras coisas. Tudo pode, mas em pouca quantidade”, orienta a especialista.

Silvia dá algumas dicas: “Fazer a opção de comer a fruta e não o suco porque o suco leva muita fruta e às vezes é uma fruta com alto índice glicêmico. Comer frutas da época. O ovo é muito importante, é um alimento barato. Verduras, saladas, folhas”, enumera. Silvia ainda ressalta que “a alimentação não é para sentar, comer e ficar cheio. Você tem que sair satisfeito. Na verdade é só uma passagem do dia, é carregar a bateria e continuar”, afirma.

A médica lembra que também não vale usar falta de tempo como desculpa para não se exercitar. “Em Cuiabá, hoje, a gente tem muitos parques. Em um espaço pequeno ou até mesmo no quintal você consegue fazer alguma coisa. Não justifica”.

Além do tratamento mais natural, que é a ingestão de alimentos saudáveis e a prática de atividades físicas, o uso de medicamentos também é uma opção para quem sofre de algumas deficiências. “Se a gente tiver um paciente obeso, mas se ele tiver uma resistência à insulina ou se ele já tiver alguma condição de pré-diabetes, alguns medicamentos que a gente usa para esse tipo de tratamento acaba ajudando o paciente a perder peso”, explica Silvia de Almeida.

“Mesmo se ele [paciente] tiver todos os fatos para fazer uma cirurgia bariátrica, também não é assim. Tem que ter o acompanhamento psicológico, psiquiátrico"

Grandes obesos

Alguns casos, no entanto, devem receber tratamento mais delicado, como é o caso de pessoas que, por conta da obesidade, já desenvolveram limitações físicas que os impedem de aderir a certos tipos de exercícios, como uma simples caminhada. “Os grandes obesos mesmo que eles queiram, eles já têm um joelho comprometido, já tem a articulação comprometida, tem dor, então já é mais difícil pôr essa pessoa para caminhar, por exemplo. A gente tem que adequar a situação”, explica a médica.

Para esses pacientes, o ideal são atividades mais leves, como fisioterapia e atividades na água, como hidroterapia ou hidroginástica. O encaminhamento para esses tratamentos não são mensurados apenas pelo peso que a pessoa tem ou pela sua aparência em frente ao espelho. Muitas pessoas que não são necessariamente grandes obesos também possuem dificuldades nas articulações. “Às vezes é um sedentário de vida toda”, destaca Silvia.

É comum também as pessoas pensarem que no caso de obesidade mórbida, o único tratamento seja a cirurgia de redução de estômago, o que é refutado pela médica. “Mesmo se ele [paciente] tiver todos os fatos para fazer uma cirurgia bariátrica, também não é assim. Tem que ter o acompanhamento psicológico, psiquiátrico, tem a primeira perda de peso, ele tem que estar com a diabetes compensada (se houver diabetes), tem que estar com a hipertensão compensada, se houver. Então, existem alguns critérios que precisam ser respeitados”.

A médica Silvia de Almeida destaca a importância do tratamento para obesidade acompanhado por profissionais, como psicólogos ou psiquiatras, nutricionistas, endocrinologistas, cardiologistas, nutrólogos, educadores físicos, entre outros.  “São vários profissionais juntos. Todo mundo em prol desse paciente e a gente tem excelentes resultados, mas, o mais importante é ele querer. Ele tem que estar disposto, ele tem que querer mudar de vida”. 

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