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Cuiabá, 14 de Maio de 2024
14 de Maio de 2024

19 de Abril de 2015, 09h:00 - A | A

GERAL / SONHO DE MÃE

Mulheres buscam tratamentos de até R$ 20 mil para engravidar

Intervenções custam de R$ 1 mil a R$ 20 mil e elevam de 10% a 60% as chances de fertilização

KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO



A secretária cuiabana Luzia Araújo da Silva, de 28 anos, gastou R$ 20 mil para realizar um sonho antigo: ser mãe.

Durante 9 anos, ela tentou engravidar, naturalmente, mas não conseguia. Bem mais velho do que ela, o marido já tem 46 anos e dois filhos adultos.

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Ele tinha feito vasectomia. Não pensou que poderia querer ser pai de novo. Mas, como o relacionamento com Luzia estava indo muito bem, tentou desfazer o processo. Só que a reversão não funcionou.

Foi aí que depois de ver a angústia da mulher por todos esses anos, o marido, que é serralheiro, fez um grande esforço e juntou o dinheiro, com o apoio dela, para fazer um tratamento que hoje é dia é muito comum: fertilização in vitro.

Essa é a técnica da proveta. Retira o sêmen do saco escrotal do homem, fertiliza em laboratório e insere no útero da mulher.

O “Madalena” é uma homenagem à avó da criança, que ficou numa felicidade enorme, assim como os irmãos mais velhos. “O pai então nem se fala, é um babão, as meninas são o chamego dele”, comenta Luzia.

O primeiro bebê no mundo que nasceu desse tipo de fertilização hoje já é uma mulher de 37 anos. Louise Brown  nasceu dia 25 de Julho de 1978, em Bristol, Inglaterra. No Brasil, ficou para a história o nascimento de Anna Paula Caldeira, que mora em Curitiba e já tem 31 anos.

A história da cuiabana Luzia não é famosa, mas é muito emocionante.

Segundo ela, os R$ 20 mil foi o melhor dinheiro que usou na vida. De primeira, engravidou. Duas meninas nasceram saudáveis: Isabeli Madalena e Isadora Madalena, que são o amor maior da vida dela.

O “Madalena” é uma homenagem à avó da criança, que ficou numa felicidade enorme, assim como os irmãos mais velhos. “O pai então nem se fala, é um babão, as meninas são o chamego dele”, comenta Luzia.

O PROCEDIMENTO

Luzia conta que os médicos colheram esperma do saco escrotal do marido dela e provocaram a fertilização com um óvulo dela in vitro. Tudo correu bem, inclusive no dia da inseminação no útero.

Como ela não tinha nenhum problema e o homem vasectomizado continua produzindo espermas saudáveis, não deu nem um mês da fertilização e se confirmou a notícia da gravidez, que transcorreu sem problemas.

Somente já próximo ao final, devido à dupla gestação, a pressão de Luzia começou a subir. “Correram comigo para o hospital, fiquei internada, sendo acompanhada, e passei pela cesariana, mas no final deu tudo certo”, conta. 

OS RISCOS

O ginecologista e obstetra Georges Kabouk, um dos poucos especialistas em reprodução humana que atuam em Mato Grosso, explica que, assim como na vida, há alguns riscos nos três procedimentos mais comuns voltados para a fertilização e um deles é justamente a gravidez dupla ou tripla, considerada de risco. Como se sabe há até mesmo casos de quadrigêmeos.

Um caso de quadrigêmeos que repercutiu muito foi o da mulher que faleceu 24 horas após o parto em Cuiabá dia 10 de fevereiro deste ano. Ela teve complicações. Tinha feito tratamento, após 20 anos de tentativas frustradas. Engravidou de Benjamim, Samuel, Isaque e Ester. Os bebês sobreviveram e estão bem, sendo criados pelo pai, com apoio de familiares.

ESPERANÇA DE SUCESSO

Outro aspecto que o médico Kabouk destaca é que a porcentagem de sucesso nos três procedimentos vai de 10% a 60%. Essas porcentagens segundo ele são muito boas, levando em conta que em uma situação normal a mulher tem somente de 10 a 15% de chances de engravidar e poucas sabem disso.

PREÇO ALTO

O valor dos tratamentos vai de R$ 1 mil a R$ 15 mil. No caso de Luzia, subiu para R$ 20 mil, porque o marido tinha uma reversão de vasectomia mal sucedida, segundo ela conta, e ele também teve que passar por intervenção.

O coito programado é o tratamento mais barato: custa R$ 1 mil. A mulher toma medicamentos para induzir a ovulação e, com acompanhamento de ultrassom, mantém relações nos horários propícios à fertilização.

Esse método reproduz as condições naturais da mulher, dando a ela de 10% a 15% de chances de engravidar.

A inseminação intra-uterina é indicada no caso do marido ter problemas leves no sêmen. Custa cerca de R$ 5 mil. Com relação ao coito programado, aumenta as chances para de 12% a 25%.

A fertilização in vitro é o método mais seguro. Indicado em casos mais difíceis, quando o marido tem problemas graves de sêmem ou a mulher tem complicações nas trompas, pode ser utilizado por qualquer mulher que esteja ansiosa em engravidar, mesmo as que nem têm problemas. De 40% a 60% das pacientes que optam por este caminho podem ter sucesso.

O valor destes tratamentos já foi bem mais alto, chegando a R$ 70 mil, preço de um carro de luxo, nas décadas de 80 e 90. Vem reduzindo nas décadas de 90 e 2000.

QUEM DEVE PROCURAR TRATAMENTO

O médico Kabouk destaca que 1 ano é o tempo que o casal deve esperar para ver se surge uma gestação naturalmente. Depois deste prazo, ele orienta a procurar um especialista.

Em Mato Grosso, há seis consultórios desta especialidade. Nenhum deles atende por plano de saúde. Todos particulares.

Cerca de 15% das mulheres têm dificuldade para engravidar. Boa parte delas sofrem da síndrome do ovário policístico, endometriose ou complicações nas trompas.

É o caso da estudante Elem Cristina dos Santos, de 33 anos. Mesmo sem evitar, tanto no primeiro quanto no segundo casamento nunca engravidou. Mas agora já descobriu que tem problemas nas trompas e vai recorrer à fertilização in vitro. Em junho, o procedimento deve ser feito, para alegria dela e do marido, que é empresário. Ambos estão ansiosos com a espera.

“Estou tomando vitaminas e ácido fólico para melhorar a qualidade dos meus óvulos”, explica a estudante. “Mas admito que estou no auge da ansiedade. É uma grana muito alta para 60% de chances, que dependem de muitos fatores, sendo que o principal deles é Deus permitir essa alegria em nossa vida”, comenta Elem.

As gêmeas Isabeli e Isadora, de Luzia, talvez possam dar mais esperanças à Elem e a outras mulheres que neste instante estejam nesta mesma angústia.

No facebook do médido Kabouk há várias mensagens de agradecimento. São mães e pais mostrando seus filhos já nascidos, frutos destes três tratamentos: coito programado, inseminação intra-uterina e fertilização in vitro. Histórias de sucesso e muita emoção.

Mas, no caso dos tratamentos darem errado, ainda há uma saída tão emocionante quanto à biológica, a ser levada em consideração, para a realização do sonho de ser mãe: a adoção.

Álbum de fotos

Alegria dos familiares, bebê fruto de tratamento

Bebê que nasceu, fruto de tratamento

Bebê fruto de tratamento médico

Mãe feliz com o médico e o filho, fruto de tratamento

Pais agradecem pelo filho, que nasceu após tratamento

Luta natural dos espermatozoides na fertilização do óvulo

Médico Georges Kabouk com familiares de criança inseminada

As gêmeas Isadora e Isabeli, que nasceram após fertilização in vitro

As gêmeas Isadora e Isabeli, que nasceram após fertilização in vitro

Luzia com as filhas Isabeli e Isadora, após nove anos de frustração

Luzia e o marido curtindo a gravidez

Luzia não perdeu as esperanças e engravidou após fertilização in vitro

Luzia, feliz com a barriga de gêmeas

Pai curte as gêmeas, que vieram após tratamento

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