KEKA WERNECK
DA REDAÇÃO
A faxineira cuiabana Tarcila Gonçalina, mãe adotiva de Ida Verônica, de 10 anos, entrou na Justiça com pedido de guarda definitiva da menina, que é filha biológica de um casal acusado de tráfico de entorpecentes.
Aos 4 meses a menina foi adotada provisoriamente por Tarcila, que a criou até 8 anos, tendo em mãos o documento da guarda provisória dela.
O casal, que teria mandado sequestrar a menina de dentro da casa de dona Tarcila, em abril de 2013, foi preso na Itália, na última sexta-feira (22) e agora não se sabe como fica a situação da menina.
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Segundo a publicação de um jornal italiano, no depoimento realizado nesta quinta-feira (28), à Justiça da Itália, os pais de Ida Verônica revelaram que a menina está com a avó materna, na República Dominicana.
Dois advogados apoiam a faxineira Tarcila. Além disso, a defensora pública da União, Fernanda Tavares Homem de Carvalho, já pediu a repatriação da menina.
Tarcila afirma que, mais do que nunca, quer lutar pela tutela definitiva dela, a quem criou desde os 4 meses até 8 anos, idade que tinha quando foi sequestrada.
Ida Verônica é filha biológica do italiano Pablo Milano Escarfulleri, 48 anos, e da dominicana Elida Isabel Feliz, 37. Logo após a menina nascer, o casal foi preso no Brasil. Ainda recém-nascida, estava sozinha em um quarto de hotel, onde a filha de Tarcila trabalhava, e com a permissão da mãe, a levou para casa.
Aos 4 meses a menina foi adotada provisoriamente por Tarcila, que a criou até 8 anos, tendo em mãos o documento da guarda provisória dela.
Em 2010, em uma ação armada, Ida foi sequestrada dentro da casa de dona Tarcila em Cuiabá (MT). Desde este dia, a mulher nunca mais falou com a criança que criou por oito anos.
il giornale di vicenza
Os pais acusados de tráfico teriam sequestrado os dois filhos.
"É difícil demais passar por isso. Sabe aquele brilho que a gente tem na vida? Pois é, eu perdi. Se ao menos me deixassem falar com ela”
“Entrei com a guarda definitiva, mas já tenho a provisória em mãos. Agora que prenderam os pais biológicos dela, como que fica a minha menina, daqui para ali?” – questiona. “Se vai ficar em abrigo (sob a tutela do Estado italiano) que fique comigo”.
Deprimida desde que a menina foi levada de dentro de sua casa, Tarcila diz que não tem nada que faça para amenizar a dor desta perda.
“Ave Maria, é difícil demais passar por isso. Sabe aquele brilho que a gente tem na vida? Pois é, eu perdi. Se ao menos me deixassem falar com ela”, reclama.
Dois advogados apoiam a faxineira Tarcila. Além disso, a defensora pública da União, Fernanda Tavares Homem de Carvalho, já pediu a repatriação da menina.
Desde que foi encontrada vivendo com os pais biológicos e o irmão, em janeiro deste ano, em Cassola, na Itália, a defensora conversa com o Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, através dos quais o Brasil fez o pedido de repatriação da menina. Mas o processo está parado. “Pelo menos, ainda não me informaram mais nada sobre isso”, lamenta a mãe adotiva, que está emotiva, chorando sempre que fala no assunto.
A Justiça brasileira luta para que eles voltem para o Brasil, mas a Justiça italiana contesta, já que a guarda dos brasileiros não era definitiva e além dos pais, as crianças têm outros parentes na Itália.
O casal voltará ao tribunal na próxima semana para discutir a prisão, o jornal italiano destaca que eles já obtiveram a 1ª vitória, já que o pedido de extradição para o Brasil foi negado.
Agora o impasse está quanto às crianças. A Justiça brasileira luta para que eles voltem para o Brasil, onde tinham pais adotivos, mas a Justiça italiana contesta a possibilidade, já que a guarda dos brasileiros não era definitiva e além dos pais, as crianças têm outros parentes na Itália.
A prisão dos pais biológicos aconteceu em razão de dois mandados de prisão, expedidos pela Justiça do Brasil. Os dois são acusados de serem os mandantes do sequestro dos filhos. À época do crime, os acusados não tinham a guarda dos filhos.
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