TERRA
Estreou no fim da noite de quinta-feira (5) Na Moral, programa de debates de Pedro Bial na Rede Globo. Porém, o que era para ser um espaço de esclarecimentos e debates dos assuntos mais delicados da sociedade brasileira, virou uma rápida e rasa conversa entre famosos, anônimos e especialistas.
Abordando o tema do politicamente correto, Pedro Bial convidou para o primeiro programa o jornalista Antônio Carlos Queiroz, autor da cartilha Politicamente Correto & Direitos, o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé, que escreveu o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, e a atriz, humorista e psicóloga Maria Paula, além do cantor Alexandre Pires como DJ. Pautado por casos reais de anônimos, com testemunhos verdadeiros e encenações, os convidados discutiram abuso moral e sexual no ambiente de trabalho e o preconceito da sociedade brasileira. Mas, com apenas meia hora de duração e a constante interferência do apresentador para dar ritmo às discussões, Na Moral se fragmentou em pequenos esquetes de frases curtas.
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No primeiro caso, Bial apresentou um casal formado por uma antiga estagiária e um chefe de uma agência de publicidade e resumiu a discussão sobre abuso sexual com a frase "as aparências podem realmente enganar". Em seguida, Na Moral abordou a mazelas do abuso moral ao mostrar uma ex-funcionária de um laboratório médico que sofria com a violência verbal do chefe. Para o caso, Bial convidou o professor Roberto Heloani, autor do livro Assédio Moral no Trabalho, para explicar rapidamente o problema.
A polêmica de racismo envolvendo Alexandre Pires e seu videoclipe da música Kong também foi colocada em pauta. Em 26 de abril deste ano, o músico foi acusado de racismo pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), logo após o lançamento do clipe, que exibe belas mulheres sambando de biquíni, homens vestidos de macacos, além da participação do jogador santista Neymar. Depois de ouvir de Maria Paula que não enquadrava a música como ato de preconceito, o músico se defendeu dizendo que nunca quis desmoralizar ninguém. Em seguida, um grupo de dançarinas e "macacos" entrou para dançar ao som da canção.
Mesmo com o curto tempo do programa, a discussão de racismo foi às ruas, com Bial entrevistando pessoas comuns. Entre as rápidas opiniões, o apresentador perguntou: "será que ao falar diferente agiremos diferentemente?" sobre como as pessoas chamavam homossexuais, afrodescendentes e outras minorias.
Como era de se esperar, Bial encarnou seu papel de cronista e finalizou o programa poetizando sobre o tema. "Politicamente correto não é fingir que mudando o nome de favela para comunidade você vai melhorar o saneamento básico".