TPM
A americana Kjerstin Gruys, 29, se apaixonou pelo seu vestido de noiva no mesmo dia que foi pedida em casamento. Depois de provar vários modelos em uma loja em São Francisco, Califórnia, os olhos da psicóloga brilharam quando viu o escolhido, que pelo menos para ela, era perfeito. No entanto, o caso de amor entre os dois durou apenas algumas olhadas no espelho. O objeto denunciou o que Gruys não tinha notado antes. Destacou incômodos e saliências que que ela só conseguiria ver diante dele. O amor acabou e o vestido foi substituído por outro, que não causou o mesmo entusiasmo do primeiro, mas que não denunciava os “defeitos” da noiva.
Foi depois da experiência frustrada, e seis meses antes da cerimônia, que ela decidiu tirar o espelho de sua vida por um ano e relatar todo o processo de “exorcismo” em um blog que chamou de Mirror Mirror, Off the Wall. Nele, ela escreveu sobre o objetivo com o projeto pessoal: “gostaria de me forçar a experimentar a vida de dentro para fora, em vez de fora para dentro. Mas eu poderia fazer isso? Como? E com que efeitos sobre a minha vida, auto-imagem e as relações pessoais e profissionais? Seria possível que a remoção de espelhos da minha vida pudesse realmente me deixar mais obcecada ou insegura sobre a minha aparência? Eu iria perder completamente a capacidade de aplicar a maquiagem, meu estilo de cabelo, roupas ou elegância? Apesar dessas questões, eu me senti muito determinada. De alguma forma, eu iria me livrar de espelhos por um ano!”
Durante o processo, a blogueira contou de suas dificuldades, do período de adaptação e da abstinência dos espelhos, de como situações rotineiras como fazer a maquiagem e combinar roupas instigaram reflexões, até novas descobertas em relação a seu corpo e imagem.
Com o tempo, o diário foi sendo moldado e pequenas seções eram criadas. É o caso das Mondays without make up (Segundas-feiras sem maquiagem), que funcionavam como um verdadeiro teste com sua autoestima. O humor é outra característica do diário virtual. Mantras do dia, para reforçar a ideia de viver sem os espelhos, situações engraçadas e inimagináveis, como "o que aconteceu quando me arrisquei a encarar um espelho enquanto andava de bicicleta", passando por fotos que a americana fazia de partes do próprio corpo para registrar e ilustrar o processo, ajudam a descrever a aventura.
No fim da experiência, que começou a ser relatada em 26 de março de 2011, ela observou que passou a ver seu corpo em novas formas e conseguiu repensar a imagem que tem dele. Por exemplo, agora ela gosta de suas axilas. Outra constatação foi de que havia "aprendido a separar melhor a aparência da autoestima".
Gruys continuando mantendo o blog, agora postando outros conteúdos, mas sempre relacionados com estética, vaidade e questionando padrões e regras aos quais as mulheres de hoje estão expostas. Quanto ao projeto de um ano sem espelhos, esse foi referência para sua tese acadêmica e em breve deve virar livro.
