MÁRIO ANDREAZZA
DA REDAÇÃO
Um tenente da Polícia Militar (PM) foi acusado de intimar e constranger um jovem negro acidentado dentro da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Barra do Bugres (168 km da Capital) na manhã do dia 13 de julho no bairro Maracanã.
A denúncia aponta abuso de autoridade mediante preconceito racial por parte do acusado.
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De acordo com a ocorrência, o jovem F.V.S., 24 anos, saía do trabalho de moto, no período de almoço, quando tentou frear em um quebra-molas, perdeu o controle do veículo e sofreu uma queda grave.
Nesse instante, o rapaz bastante ferido e com muitas dores, ligou para o pai, e pediu ajuda. Em seguida, a vítima conseguiu chegar até a casa da avó, que ficava cerca de 200 metros do ponto do acidente.
Um amigo do pai do jovem chegou ao endereço e encaminhou F.V.S. à UPA, onde deu entrada com escoriações no ombro direito, mãos e braços esquerdo, além da possibilidade de fraturas.
O médico imediatamente pediu um raio-x do braço e imobilização do membro.
Enquanto o paciente recebia o atendimento de imobilização do braço, chegou à unidade de saúde uma guarnição da Polícia Militar (PM) comandada pelo tenente.
Segundo a denunciante, o tenente chegou “arrogante, intimando e constrangendo” a vítima e o profissional de saúde responsável pelo atendimento.
O acusado teria questionado, em voz alta, se o enfermeiro conhecia o jovem. O profissional respondeu que não, que apenas estava fazendo a imobilização do braço de F.V.S.
Em continuidade, sem aguardar o término do atendimento e respeitar o que o paciente estava sofrendo, o tenente teria começado um interrogatório ali mesmo: “cadê a moto? onde você caiu? como é seu nome? onde você estava?”
Narra o boletim de ocorrência que o tenente agia com pressão psicológica e com abuso de autoridade.
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Ao perceber que o gesseiro tinha terminado a imobilização do braço de F.V.S, porém, sem aguardar alta médica, já que o jovem ainda precisava ser medicado para tratar as dores e ter a fratura avaliada devido à gravidade, o militar teria colocado o paciente na viatura e o levado para o local do acidente, onde fez a checagem da moto e verificou os antecedentes do rapaz.
O tenente descobriu que a moto estava com a documentação toda correta, que o jovem não tinha nenhuma passagem criminal e que a ocorrência se tratava de um acidente, consequentemente, aquele rapaz era uma vítima. Então, liberou o jovem ferido ali mesmo na rua, ao invés de o levar de volta para UPA.
A vítima precisou ser transferida e passou por cirurgia em Arenápolis. Recebeu alta nesta quarta-feira (21), no entanto, ainda vai precisar de novos exames e raio-x para verificar a lesão, devido à gravidade da fratura.
O jovem teria tentado explicar que estava saindo do trabalho, tentou chamar atenção para seu uniforme, além de se identificar e mostrar que era universitário, porém, nada teria sido levado em consideração.
A denunciante ainda ressaltou que o militar acusado foi filmado agredindo um adolescente na cidade, para onde foi transferido após agredir um advogado em Pontes e Lacerda.
“Cidadão comum que foi marginalizado e tratado como um criminoso por ser negro e estar sozinho, desacompanhado dos pais, que estavam no trabalho. Desrespeitado por um oficial cuja sua ficha é extensa por abuso de autoridade e agressão”, narra a denunciante na ocorrência.
A Corregedoria da Polícia Militar respondeu que ainda não recebeu denúncia formal quanto ao caso, mas que se coloca à disposição para receber a denúncia. Ressaltou ainda que o tenente responde a uma sindicância instaurada pelo 7ª Comando Regional, que segue em andamento.
Veja nota na íntegra
“A Polícia Militar informa que referente ao militar há uma sindicância instaurada pelo 7ª Comando Regional que segue em instrução. Sobre a situação de abuso de autoridade a Corregedoria da Polícia Militar informa que coloca-se à disposição para receber a denúncia ou, caso não queira se identificar sugere que denuncie por meio do disque-denúncia da PM – 0800.65.3939 número onde poderão detalhar a ocorrência mantendo a identidade em sigilo”.