TJ autoriza transferência do ex-bicheiro João Arcanjo para PCE em Cuiabá

RepórterMT/Reprodução.

Condenado a mais de 60 anos de prisão, João Arcanjo Ribeiro deve ser transferido do presídio de Mossoró para a PCE.

CAROL SANFORD
DA REPORTAGEM

A Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso determinou, na tarde desta terça-feira (1º), a transferência do ex-bicheiro e agiota João Arcanjo Ribeiro para Mato Grosso.

Com a medida ele deve ser transferido do presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde está desde 2016, para Penitenciária Central do Estado (PCE), o antigo Pascoal Ramos em Cuiabá.

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A decisão foi aprovada de forma unânime pelos desembargadores Paulo da Cunha, que é relator do caso, Rondon Bassil e Gilberto Giraldelli, que acompanharam o voto pelo retorno de Arcanjo.

A medida ocorre em resposta ao pedido da defesa do ex-bicheiro, que requereu seu retorno para Cuiabá, sob a alegação de que não há elementos suficientes para manter o preso no Grande do Norte ou em qualquer outra penitenciária federal.

O ex-bicheiro está preso há cerca de 10 anos e já passou por unidades de segurança máxima em Campo Grande (MS) e em Porto Velho (RO).

A data da transferência ainda não foi definida.

O julgamento do agravo destacou que Arcanjo, que está preso no sistema federal desde 2007, nunca cometeu qualquer desvio de conduta carcerária.

Em 2007 Arcanjo, que era conhecido como "comendador", pelo título recebido, foi transferido da PCE para o presídio federal em Mato Grosso do Sul porque continuava comandando o jogo do bicho, de dentro da cadeia em Cuiabá.

A superlotação da PCE foi outro motivo levado em consideração.

MP apontou risco

Em janeiro de 2017, a pedido do Poder Judiciário de Mato Grosso, a Justiça Federal renovou, por mais um ano, a permanência do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).

O pedido para que Arcanjo continuasse preso em Mossoró teve pareceres positivos do Ministério Público Federal e da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos do Estado.

A alegação é de que haveria a iminência de um fortalecimento da organização criminosa liderada pelo ex-bicheiro, uma vez que um de seus principais comparsas, o ex-PM Célio Alves, está recolhido à Penitenciária Central do Estado (PCE) - no bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá -, o que possibilitaria um plano de fuga.

60 anos de prisão

O ex-bicheiro, que foi considerado o chefe do crime organizado em Mato Grosso, nos anos 90, é condenado há mais de 60 anos de prisão, se somadas as sentenças pelas mortes dos empresários Rivelino Brunini, Fauze Rachid Jaudy, Domingos Sávio Brandão e tentativa de homicídio de Gisleno Fernandes.

Todos eles executados pelo pistoleiro e ex-policial militar Hércules de Araújo Agostinho, a mando de Arcanjo.

No caso de Rivelino, Fauze e Gisleno, o crime ocorreu em plena luz do dia, na Avenida do CPA, próximo à Clínica Femina, na Capital.

Por esse crime, Arcanjo foi condenado, em setembro de 2015, a 44 anos e dois meses de prisão em regime fechado.

Pela morte de Sávio Brandão, ex-dono do extinto jornal "Folha do Estado", morto a tiros em frente ao prédio da empresa, no bairro Consil, em Cuiabá, no ano de 2002, o ex-bicheiro foi condenado, em 2013, a passar 19 anos preso em regime fechado.