RAFAEL DE SOUSA
DA REDAÇÃO
Os investigadores da Polícia Federal, responsáveis pela Operação Malebolge, rastrearam transferências milionárias da empresa Três Irmãos Engenharia de propriedade do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Carlos Avalone Júnior para a mãe dele, a aposentada Ida Festa Avalone.
Em apenas quatro meses, segundo a PF, Ida recebeu R$ 3 milhões por meio de 18 transferências bancárias. O maior valor pago, de uma só vez, foi de R$ 750 mil depositado no mês de setembro de 2014, sendo que restantes estão distribuídos entre R$ 4,3 mil e R$ 445 mil.
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O relatório da Polícia Federal especifica, ainda, que os pagamentos à mãe de Avalone são referentes a dívidas. “Esta transferência efetuada em 02/09/2014, no valor de R$ 750.000,00, em documento intitulado de entradas e saídas por disponibilidade”.
No entanto, o montante repassado chama atenção dos agentes federais porque a matriarca da família Avalone não possui empresas em seu nome. Ida é servidora aposentada do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e recebe pensão de R$ 17 mil.
Apesar de constar no relatório que o valor repassado é referente a um empréstimo, a PF não encontrou nenhum documento que justifique as transações. Além disso, as transferências a Ida tinham a rubrica “pagamento de fornecedores”.
Busca e apreensão
Os documentos foram apreendidos na sede da Três Irmãos no dia 14 de setembro do ano passado durante a Operação Malebolge, em um desdobramento da Operação Ararath.
Avalone e seus irmãos, Marcelo e Carlos Eduardo, proprietários da construtora Três Irmãos, são acusados pelo ex-governador Silval Barbosa de receberem R$ 3,3 milhões em propina.
Conforme delação de Silval, a construtora de Carlos Avalone fazia medições nas obras realizadas por ele mesmo ligadas ao Programa MT Integrado. As medições eram encaminhadas como faturas a serem pagas pela Petrobras, que devia ICMS ao Governo de Mato Grosso. O valor da propina era calculado tanto pelo “Programa Petrobrás” quanto pelo “MT Integrado”, disse Silval.