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Cuiabá, 14 de Maio de 2024
14 de Maio de 2024

03 de Outubro de 2011, 12h:47 - A | A

OPINIÃO / KLEBER LIMA

"Roberto França, o fato novo"



KLEBER LIMA   16h30

Ainda que se possa dizer que o que o move, no momento, é a zanga ou o ressentimento, a eventual candidatura de Roberto França, admitida por ele próprio nos últimos dias, pode ser o grande fato novo a embalar o pálido cenário eleitoral em Cuiabá do próximo ano.

Claro que nenhuma candidatura prospera se o seu combustível for o ressentimento, a vingança ou o revanchismo, já que o que mais influencia o eleitor são sentimentos mais "espirituosos", como esperança, expectativa de poder e melhorias de vida, etc.

Contudo, passada essa turbulência da extinção da Agecopa, que resultará na saída de Roberto França da autarquia e seu consequente regresso às "lides políticas", como o próprio já antecipou, seu nome mexerá substancialmente no tabuleiro eleitoral.

Roberto França fez um governo realizador na prefeitura de Cuiabá por oito anos. Fez muitas obras, tendo fixado no imaginário popular a marca do "prefeito das mil obras". Na sua gestão, os serviços públicos essenciais como água, limpeza, lixo, viação pública, etc, funcionaram regularmente. Com a contribuição da esposa, Iracy França, Roberto agregou um ativo social importante à sua marca de administrador, com programas voltados para segurança alimentar, mulheres vitimizadas, melhor idade, entre outros. Isso sem falar em programas como Siminino e Bom de Bola, Bom de Escola, entre outros. Pode não ter sido nenhuma "Brastemp", mas na comparação com seus sucessores, envoltos em crises até hoje, passa a ser bastante vantajoso.

A mancha negativa de Roberto França foram os atrasos nos salários dos servidores, o que gera uma limitação nesse setor. Mas, considerando que Cuiabá já ultrapassa a marca dos 330 mil eleitores - ao passo que os servidores não chegam a 20 mil -, vê-se que mesmo esse estrago é pouco significativo.

As principais vantagens de Roberto França, contudo, são duas:

1) Se souber usar o marketing reflexo fará com a eleição do ano que vem seja um comparativo entre a gestão Wilson Santos/Chico Galindo x Roberto França. É mais fácil comparar a atual com a anterior, porque são factíveis, concretas e objetivas, do que a atual e a futura - já que esta seria absolutamente subjetiva, se inscrevendo no campo apenas das expectativas, conjecturas, promessas - se bem que qualquer candidato vitorioso precisa estimular a expectativa dos eleitores. Mas, quem tem um passado forte como ponto de partida leva uma grande vantagem para projetar o futuro.

2) Cuiabá, Várzea Grande e Mato Grosso são governados atualmente por "paus rodados". Sem absolutamente nenhum espasmo de bairrismo ou xenofobismo, isso implica num distanciamento dos atores políticos tradicionais da convivência social. Os "Ditos", "Gonçalos", "Djucas" e outros tipos dessa magnífica gente cuiabana "tchapa e cruz" já não se reconhecem nesses espaços de poder. Na verdade, foram expulsas deles. Basta uma circulada pelos Palácios Paiaguás e Alencastro para checar a veracidade do que falo. Além de não estarem no centro do poder, a não ser em posições subalternas, o poder não vai até eles - como iam Dante de Oliveira, Jayme Campos ou mesmo Wilson Santos.

(Basta lembrar que Blairo Maggi passou cerca de 90% dos finais de semana no período em que foi governador em Sapezal ou Rondonópolis, e Silval também quase nunca é visto no Mercado do Porto ou no Choppão, por míseros exemplos).

Além disso, Roberto França, um típico cuiabano, tem como uma de suas marcas políticas a vibração e a emoção no seu exercício de liderança. Abraços apertados, olhos lacrimejantes, esporros, vibração, tudo isso compõe o perfil de liderança popular e até carismática de Roberto França, o "Gordo".

É o oposto de nomes com o de Mauro Mendes ou Sérgio Ricardo, sendo o primeiro absolutamente frio, incapaz de fazer chorar até mesmo viúva em velório, e o segundo antipático e sem carisma, que não empolga nem corinthiano em dia de final de campeonato contra o Palmeiras. O barão das comunicações Dorileo Leal, em que pese ser da Baixada e boleiro de origem, também não guarda essa "intimidade" com o povão, sendo apenas mais um novo e poderoso rico que qualquer outra coisa.

Os políticos mais experientes já perceberam o potencial de Roberto França, e não é por outra razão que cinco partidos já o namoram. Bem trabalhado e com um grupo político-partidário forte, França entra na disputa como favorito, ocupando exatamente esse vácuo político descrito acima, marcado pela forte ausência de relação popular e de carisma dos atuais governantes.

Por mais contraditório que possa parecer, a questão é saber se o coração de Roberto França dará lugar à sua razão. Pelo finalzinho de seu desabafo na última quinta-feira, durante seu programa televisivo "Resumo do Dia", pode ser que sim: "Sou amigo do tempo. Nada melhor que um dia após o

 

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