Azedou ainda mais a relação do Brasil com o mundo diante do desentendimento do Inpe e o governo na divulgação dos dados sobre desmatamento na região Amazônica.
O assunto é muito sério porque interfere no acordo comercial com a União Europeia recém-acertado entre as partes e também na liberação de grana do Fundo Amazônia que vem principalmente da Alemanha e Noruega, teoricamente para preservação de nossas matas.
Como o interesse internacional é grande a coleta, análise e divulgação de dados ambientais da “sagrada” Amazônia deveriam ser feitos com mais cuidado porque o crescente sectarismo da moderna religião verde contrapõe os angelicais “abraçadores de árvores” aos diabólicos negacionistas, como se aqueles estivessem do lado certo e estes quisessem acabar com o planeta.
Entre as várias formas de o Brasil lidar com o assunto há duas extremas. A primeira seria peitar os ambientalistas desprezando o dinheiro que mandam pra cá, que alguns dizem ser volumoso e útil, mas outros garantem que não passa de uma merreca consumida, na sua maior parte, no pagamento de salários de “ongueiros” indolentes.
Essa esmola estaria dando aos estrangeiros o direito de palpitarem na nossa soberania, porque conforme afirma o ditado português “quem dá o pão, dá também a educação”, ou seja, dando dinheiro ganham a liberdade de dar pitacos em nossa floresta e puxar-nos a orelha quando lhes aprouver.
Essa opção pelo confronto direto creio que seria bem ao gosto do presidente que não teria nenhuma hesitação em mandá-los enfiar essa ninharia no...no... no reflorestamento de seus próprios países. Assim, plantando árvores eles poderiam se arvorar, com o perdão do trocadilho, de salvadores da humanidade.
Essa estratégia de enfrentamento é perigosa, mas não seria inédita. A Coreia do Norte, um pobre e insignificante país oriental, enfrentou os poderosíssimos Estados Unidos e ganhou o respeito do boquirroto Trump, que agora virou amigo do audacioso gordinho coreano.
A outra forma é mais diplomática e deveria ficar a cargo da ministra da Agricultura Tereza Cristina, muito mais polida e habilidosa. Ela, por certo, não colocaria o dedo na cara dos ambientalistas, antes trabalharia os dados positivos que temos, que na verdade são muito mais abundantes que os negativos e os divulgaria intensamente primeiro para o povo brasileiro. Sim, porque os brasileiros – através das mídias e das redes sociais – mostram grande prazer e diligência na difusão de nossas possíveis mazelas e relutam em divulgar as virtudes preservacionistas que sobram por aqui.
Depois, quando o povo começasse a valorizar a extraordinária riqueza que tem e internalizar que o País está entre os que mais preservam a natureza em todo o mundo, passaríamos a divulgar externamente nossas inegáveis virtudes.
É bom não esquecer que a verdade sobre o clima ainda não está posta. A ciência é exata, mas os cientistas têm seus vieses: uns garantem que o homem está acabando com o planeta; outros afirmam que os ciclos são naturais e a influência humana, pequena.
Enquanto não se define quem tem razão, metaforicamente, convém comer o angu quente pelas beiradas, porque comendo depressa ou falando demais é grande a chance de queimar a língua.
RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor