WILSON CARLOS FUÁ
Hoje a população de idosos no Brasil já ultrapassa 15 milhões de brasileiros, e depois de muitas e muitas lutas, houveram vários avanços e conquistas, porém, ainda vemos maus tratos as pessoas que já deram muito pelo nosso país. Foram os idosos que com o seu trabalho colocaram o Brasil na oitava posição entre os países mais ricos do mundo. Foram esses velhinhos que lutaram pela redemocratização política do país, nas lutas contra a ditadura militar e abriram o mercado brasileiro para o mundo. Hoje para que a grande maioria da população pudesse viver num país moderno, com uma melhor qualidade de vida e com grandes avanços tecnológicos dê graças a eles. Enfim esses velhinhos colocaram nas mãos dessa nova geração um país respeitado mundialmente.
Mas por outro lado, não houve uma massificação no sentido de educar as pessoas respeitar os idosos, para que as gerações sucessivas pudessem tratar com carinho os idosos, independente da lei, para que não houvesse a necessidade dos nossos tiozinhos, nossos paizinhos e os nossos avozinhos, recorrerem a justiça para serem respeitados. Acima do respeito está o dever de serem tratados com educação e muito carinho, ninguém deve ser mau tratado, muito menos os idosos. Apesar da garantia imposta na forma da lei, artigos que garantem os direitos aos idosos, mas ela não pune imediatamente aqueles que humilham e têm raiva dos velhinhos.
Atendimento prioritário em repartições e serviços públicos, instituições bancárias e outros serviços (Lei nº 10.048/00) essa Lei dá o direito, mas quem fiscaliza?
Algumas instituições bancárias respeitam esse diploma legal, facultando caixa exclusivo para atender aos idosos, mas existem alguns bancos que administram essa situação através senha preferencial. E por causa dessa senha preferencial, alguns Caixas, que estão despreparados impõem a sua própria lei, por exemplo:
- Tem Caixa “augusto” que diz aos velhinhos que se a fatura não estiver em seu nome, ele deve voltar e emitir o Senha Não Preferencial, e retornar no “rabo da fila”;
Das penalidades para instituições financeiras – Lei 4.595 de 31/12/64
Art. 44 - As infrações aos dispositivos desta Lei sujeitam as instituições financeiras, seus diretores, membros de conselhos administrativos, fiscais e semelhantes, e gerentes, às seguintes penalidades, sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação vigente:
I - advertência;
II - multa pecuniária variável;
III - suspensão do exercício de cargos;
IV - inabilitação temporária ou permanente para o exercício de cargos de direção na administração ou gerência em instituições financeiras;
São crimes sujeitos à punição a negligência, o desrespeito, as agressões físicas e verbais e a apropriação dos rendimentos como pensão de pessoas idosas (Lei n° 5.478/68).
Esses direitos para serem respeitados, deveriam ser menos burocratizados, ou seja, modificar a lei para que qualquer cidadão em defesa de um velhinho vítima de maus tratos, podesse acionar imediatamente a polícia e efetuar a prisão em fragrante daquele que desrespeita as pessoas idosas.
Mas não é bem assim, o velhinho com a sua labirintite, com a sua hipertensão, com as suas pernas cansadas, com a sua memória fraca, ainda terá que formalizar um processo com as devidas provas testemunhais, para que os tribunais possam um dia julgar, talvez antes da sua morte.
Ali na Av. Coronel Escolástico, tinha um velhinho que era uma espécie de benzedor, curandeiro e guru de muitas gerações, e certo dia, um jovem que o respeitava e acreditava muito em seus conselhos, sentou-se de frente para a figura emblemática, e a sombra de um pé de cumbaru, no fundo do quintal cuiabano, cheio de árvores frutíferas, começou lhe falar:
- Vendo sua trajetória de vida, eu gostaria muito de seguir seus passos e ser um vidente, como é que faço para atingir a veemência do seu poder.
O velhinho lhe fez uma pergunta:
O que você faria se fosse atingido por uma bala perdida?
Iria imediatamente ao Pronto Socorro de Cuiabá.
O velhinho pergunta:
O que você diria ao Médico, se antes de lhe examinar, colocasse como obrigação para que você respondesse um questionário com várias perguntas, por exemplo:
1 - qual seria a série de número da cápsula;
2 – qual nome da fábrica vendeu a bala, e
3 – qual o calibre e quem o desferiu o tiro.
O Guri respondeu ao Guru:
- se eu for responder tudo isso, com certeza estaria morto antes de ser atendido.
- Assim é a nossa vida, apenas os bens vividos detém as boas experiências, se você quer ter todas as respostas antes de viver, vai morrer sem sair do lugar, foi o comentário do Guru.
Hoje em dia a Ética pessoal não está sendo severamente seguida e respeitada, pois quando nos emocionamos com situações dos idosos, estamos mostrando ser diferentes dos protagonistas anti-idosos.
Mas será que somos diferentes ou apenas estamos indignando. Quantas vezes nos deparamos com situações na vida que, por mais que estejamos errados, sempre queremos sair ganhando, desrespeitando o idoso mesmo numa simples fila ou dizendo impropérios no transito? Sem ao menos imaginar que muitas de nossas atitudes estão sendo observadas por Ele.
Pois é, a partir daí estamos sendo exemplo, se não priorizarmos o próximo, igualamos aos desiguais, sempre querendo levar vantagem, mesmo que seja em cima de um idoso. É vergonhoso um país que não respeita seus idosos.
Sempre nos deparamos com a triste realidade durante o nosso dia-a-dia; indignamo-nos muitas vezes, mas, preferimos furar os olhos a ter que nos esforçar e lutar para mudar. Não existe uma Lei mais Inconstitucional do que aquela que faculta aos Planos de Saúde explorar os idosos, (todos são iguais perante a Lei, será?) e em cada aniversário o velhinho recebe um Presente de Grego, parabéns você mudou de faixa, mais um aumento progressivo e agressivo na sua mensalidade. É como se disse ao idoso: “neste país é proibido envelhecer, como você é teimoso agüente com a sua mensalidade escorchante, pois só a morte o livrará desse sacrifício”.
Cada dia surgem mais e mais escândalos na política, por exemplo, nós apenas nos revoltamos e nada mais.
“Se você não der o primeiro passo, irá morrer sem sair do lugar”.
Economista Wilson Carlos Fuá – É Especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos
Fale com o cronista: [email protected]
