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Cuiabá, 13 de Maio de 2024
13 de Maio de 2024

06 de Fevereiro de 2013, 08h:08 - A | A

OPINIÃO / JORGE MACIEL

Menos, Mendes, menos...

JORGE MACIEL



As duas derrotas impostas pela Câmara Municipal ao prefeito Mauro Mendes (poderiam ser três, mas em outro caso houve apenas ruídos, pois o Executivo recuou antes do início do ano legislativo) mostra, abertamente, que o prefeito recém-empossado precisa, antes que seja tarde, rever sua concepção acerca de administração pública.

Certamente acostumado às decisões de átimo, comuns à iniciativa privada ou a negócios tocados ao rumo do próprio nariz, Mauro Mendes e seus auxiliares andam às turras com a esferográfica. Dão vexame, passam das medidas e limites, ofendem, desrespeitam e parecem querer levar tudo a fogo e ferro.

Alguém me disse, há alguns dias: “Do jeito que as coisas andam, caem alguns secretários já, já”. Concordo! E acredito que isso deve acontecer antes mesmo das circunstâncias naturais que vão exigir a reforma no staff, por conta das alianças político-partidárias do futuro.

Arrisco-me, portanto, mesmo não sendo do meu feitio, a fazer aqui uma premonição: Gilberto Gomes (Educação), Rogério Varanda (Serviços Urbanos) e Lamartine Godoy (IPDU) seriam os primeiros da lista. O primeiro por ser ruim no trato com uma das categorias mais ‘espinhosas’, os educadores; o segundo, por tropeçar nas palavras, se exceder nos ataques aos ‘moradores imundos’; e o terceiro por insubordinação.

Como uma divindade, Gilberto Gomes parece não ter atinado para o fato que não dirige uma pequena ou média unidade de ensino profissional ou infanto-juvenil do sistema Sesi ou escola particular como tantas e movidas a prestações mensais nas alturas. GG precisa conceber que uma grande parte dos professores e diretores da SME possue graduação (o que é condição primeira), especializações, cursos diversos, mestrados, doutorados e por aí afora ...

Não podem ser tratados a pão e água, ou como a força sempre faz, tendo que ouvir toda sorte de impropérios e provocações, comportamentos constantes do secretário nas suas aparições nas Tvs e nos inférteis encontros que patrocina. Por seu lado, Rogério Varanda se vê estacionado ao quase insultar o contribuinte, a quem tem imputado parte da culpa pela sujeira que a cidade produz. E que tem que ser limpa! Já a Godoy cabe aprender que, ou acende a vela para Galindo, ou esquenta o pavio de Mendes.

Não se pode ainda afirmar, entretanto, se eles agem por conta própria ou porque veem o próprio prefeito a lhes cobrir de maus exemplos. Nos últimos dias, o noticiário foi de que nos próximos dias a população conhecerá o teor da “caixa-preta” que Mauro Mendes ameaça revelar, a troco de não se sabe o quê, sobre as contas públicas desarrumadas, a anátema herança oriunda do predecessor Chico Galindo.

Desde que assumiu a cadeira do sétimo andar, o prefeito Mendes se maldiz das “coisas mal feitas” do ex-prefeito, o mesmo que, por N vezes, nas coletivas de imprensa, dele recebeu dezenas de louvores e acalantos. Mendes, ora, incompreensivelmente, parece infeliz pelo fato de que a prefeitura tenha uma produção de dívidas permanente. Poderia ser de outra forma? Na iniciativa privada, corta-se o café, o ônibus de transporte de colaboradores, a merenda, ou o uniforme do time.

No serviço público, educação, saúde, transporte, obras, coleta de lixo, salários, estrutura (...) são obrigações constitucionais, passíveis de punição a quem não acatar, e seu custeio é permanente e crescente. Há cerca de cinco anos, o orçamento de Cuiabá era de pouco mais que R$ 800 milhões, hoje ultrapassa R$ 1,4 bilhão.

Se as demandas crescem, os impostos arrecadados se multiplicam, meu caro Mendes. Se se tiver técnicos para elaborar projetos, o MEC, BNDES, ministérios das Cidades, Saúde e Esportes por exemplo, têm dinheiro que nunca acaba.

Enquanto tonifica suas lamúrias e entorna lágrimas, propenso em peitar o Legislativo, o prefeito se vê perto de uma impopularidade logo, logo.

Estar preparado, como acentuava exaustivamente nos seus programas eleitorais, na campanha, é não apenas produzir resultados e gerenciar a cidade. Estar preparado é ter a sabedoria, de si mesmo ou na assimilação do que recomendam os assessores, para administrar problemas de forma democrática, com respeito, equilíbrio e cautela.

Reclamar de tudo, estar aturdido com as enormes responsabilidades, ou revelar “caixas-pretas” não parece ser um bom sinal e a providência da cura urge, muito embora se tenha o dever, qualquer um, de não se omitir, principalmente em relação às coisas públicas. Não se omitir é uma coisa, atirar de estilingue é outra.

Com tamanho pessimismo, lamentos e chororô, o prefeito me faz lembrar da célere dupla Lippy e Hary, no desenho animado produzido pelos estúdios Hanna-Barbera, onde a hiena Hary, ao contrário das risadas características do carnívoro, era só lamentos e negativismo: “Oh céus, oh, vida! Isso não vai dar certo.”

JORGE MACIEL é jornalista em Cuiabá.

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leonardo pires 06/02/2013

Parabéns, um belo artigo.

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1 comentários

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