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Cuiabá, 14 de Maio de 2024
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03 de Abril de 2012, 15h:22 - A | A

OPINIÃO / HELDER CALDEIRA

Loteria das mentiras

HELDER CALDEIRA



Vejam só como são as coisas: bastou a Polícia Federal vazar as 300 ligações entre o contraventor Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (DEM/GO) para, imediatamente, a maior emissora de TV do Brasil produzir uma matéria tendenciosa – e até mentirosa – sobre a realidade dos bingos e cassinos no país. E o pior: certamente uma pseudomatéria comprada pela máfia política que infesta o Congresso Nacional e os bancos estatais, principais interessados na manutenção da proibição dos jogos em nossa tapera tupiniquim.

Vamos observar com bastante cuidado o que revela um dos trechos das conversas entre Demóstenes e Cachoeira. Nele, o senador democrata alerta o bicheiro que o Projeto de Lei nº 7.228/2002, do ex-senador Maguito Vilella (PMDB/GO), que está parado na Câmara dos Deputados, visa transformar a exploração de jogos de azar em crime, ao invés de simples contravenção. Demóstenes diz: “Isso, inclusive, te pega, né?!” E o que bicheiro responde? “Pega não! É bom demais! Regulariza as [loterias] estaduais. (...) Você tinha que trabalhar isso com o Michel [Temer, atual vice-presidente da República e, à época (2009), presidente da Câmara] pra por em votação. Isso aí é interessantíssimo!”

Ou seja, não interessa ao contraventor a legalização dos bingos e cassinos, pois é justamente sua proibição que permite a manutenção de seu arco de poder através da compra de autoridades (juízes, desembargadores, ministros, delegados, promotores, governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores) e de legendas partidárias, para que permitam seus negócios na clandestinidade. O que realmente importa ao criminoso é a regulamentação das loterias estaduais, conhecido antro de bilionários desvios de dinheiro público.

Não por acaso, foi a Carlinhos Cachoeira que Waldomiro Diniz recorreu, em 2004, para arrecadar dinheiro sujo para o “Caixa Dois” de campanha do PT e do PSB, inaugurando a série de escândalos que devastou o primeiro governo do ex-presidente Lula. Naqueles dias, Waldomiro era o principal assessor do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Também não é por acaso que, até eleição de Lula em 2002, Waldomiro Diniz era presidente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (LOTERJ). Mas esse tipo de apuração não interessa nem aos veículos de comunicação, já que essas loterias estaduais são bastante “generosas” na compra de espaços de publicidade nos jornais, revistas, portais e emissoras de TV.

É exatamente essa dinâmica nauseabunda que corrompeu e afundou o senador goiano Demóstenes Torres, tornando-o uma decepção nacional. Muito provavelmente vão afoga-lo no lamaçal – tal qual um boi de piranha – para preservar autoridades de todas as espécies e de todas as instituições, que estão envolvidas no monumental esquema de Carlinhos Cachoeira e de bicheiros e contraventores congêneres. Não é novidade pra ninguém que esses criminosos financiam a eleição de muitos, bancam a imprensa e são os diletos patronos do Carnaval brasileiro, tão celebrado como cartão postal do nosso país.

Em nome da manutenção dessas excrescências corruptas, há a promoção deslavada da proibição dos bingos e cassinos como bandeira de fé e de moralidade, escondendo os reais motivos da proibição e criando matérias de mídia como a exibida no último domingo. Basta observar a quantidade comerciais de estatais – como a Caixa Econômica Federal – veiculados durante os intervalos do programa. Proteger bandidos custa caro, minha gente! O pior é concluir que quem está pagando a conta dessa imundice somos nós, os brasileiros idiotas, doces contribuintes dessa farra.

Que ninguém se engane. O que há de verdade nessa demonização dos bingos e cassinos no Brasil é a tentativa de mantê-los proibidos legalmente, para que os partidos políticos, os parlamentares corruptos, os governos indecentes e até os veículos de comunicação volúveis e sem linhas editoriais sérias e comprometidas com a ética, possam seguir alimentando a indústria das propinas, do “dinheiro por fora”, do “caixa dois”, da grana que verte dos cofres públicos direto para o bolso dos mamateiros. E isso só é possível porque o povo brasileiro é tão tolo e manipulável, quanto hipócrita. Até parece que gostam muito de sustentar essa bandalheira. Não por acaso, os bingos e cassinos só são proibidos em dois países no mundo: no Brasil e no Iraque!

*Helder Caldeira é advogado.

A redação do RepórterMT não se responsabiliza pelos artigos e conceitos assinados, aos quais representam a opinião pessoal do autor.


 

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Jorge 06/07/2012

Helder Caldeira. Lula e Maluf. Juntos é o fim dos Tempos. Bom a Sigla deles é o Seguinte. LULUFT. Cruz Credo. É Brincadeira.

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alexandre ( cebola ) rodrigues 12/04/2012

Até que enfim um repórter teve a coragem de dizer a todos que bingos, cassinos e etc, não são esse monstro que a imprensa diz. Prosperaram por décadas as casas de bingos no País empregando inúmeras pessoas de bem que por menor fosse o salário sustentavam suas famílias, principalmente dando emprego para mulheres com idade acima dos 35 anos. Eram mais de 1.5000 de pessoas, que na maioria das vezes, não tinham outra forma de ajudarem em seu lar, humildes, carentes principalmente de um incentivo dos demais governantes para que conseguissem uma forma de emprego. Nunca se diz em nenhum comentário das emissoras de Tv o que esses empreendimentos trariam de benefícios aos cofres públicos se fossem liberados novamente. Imagino que seriam empregados serralheiros, eletricistas, pedreiros, mestre de obras, atendentes, faxineiros, porteiros, manobristas, cozinheiros e muitos outros que até pela idade não conseguem mais um emprego digno, até mesmo para dar um estudo melhor aos filhos e netos por exemplo. A União tem sim como fiscalizar esses empreendimentos, por que nos outros países é feito pelo mesmo, e sendo assim seriam cobrados com todo o rigor de suas obrigações. Como já foi dito pelo nosso grande Dr. Helder são poucos os países onde esses empreendimentos não são permitidos, e nem por isso são taxados de marginais, contraventores, mafiosos e outros nomes que não convém sitar, até mesmo por que os maiores espetáculos são feitos em grandes empreendimentos como esses, shows, peças de teatro, espetáculos de dança, grandes eventos de lutas dentre outros que rendem muito para ambas as partes, tanto para a União como para os empresários. Espero muito um dia ver outros repórteres e jornalistas poderem se expressar de forma correta diante de uma situação que todos sabemos que em 99.9% eram pessoas de bem que estavam ali para prestar seus serviços.

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claudio 04/04/2012

Dr.Helder Caldeira, depois de tanta coragem de espor tal verdade você com certeza tem minha admiração!!

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3 comentários

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