Após uma década sem ocorrência de fogo no pantanal esse fenômeno chegou em 2020 de maneira razoavelmente forte e intenso no ambiente pantaneiro, porém, vale ressaltar que este é um processo natural e vem com objetivo de eliminar biomassa desvitalizada reoxigenando o ambiente para renovação da vida.
Daqui a uma década ou até antes dependendo da evolução das condições de intempéries no ambiente local e regional ele voltará se repetir, isto é a lógica da vida onde a natureza segue o seu curso ou como dizemos é um processo de sucessão ou renovação da vida como queira.
Durante esse evento vidas da fauna silvestre e até mesmo da fauna doméstica sofrerão baixas momentâneas, mais logo tudo se restabelecerá e haverá recuperação e recomposição do processo, tanto da flora quanto da fauna, voltando ao seu equilibro natural no ambiente.
Especialmente quando se sabe que a vegetação nesse complexo é predominantemente hidrófila permitindo que animais seja eles da fauna silvestre ou doméstica especialmente os adultos se deslocam mais facilmente do fogo em tempo hábil.
Como se sabe, o mesmo processo de evolução e desenvolvimento do fogo e da vida pode ser visto no ecossistema ou bioma como queira do cerrado brasileiro, a riqueza da biodiversidade de espécies vegetais e animais nesse ambiente, além, da dominância de vegetação hidrófilas, diversificada contribui sobremaneira para recomposição do ambiente em período de tempo relativamente curto.
Como exemplo? Citamos o parque nacional da chapada dos veadeiros em no estado de Goiás que ardeu em chamas em 2017, após um longo período sem ação do fogo naquele ambiente, hoje 2020, ele está literalmente recomposto. Só para citar uma pequena amostragem do que a natureza é capaz em sua dádiva divina.
Ademais o fogo nesses ambientes é de superfície o menos impactante possível. Como se sabe existem três tipos de incêndios florestais no mundo, o de copa, o subterrâneo e o de superfície, sendo este último de domínio na vegetação brasileira.
Para que o fogo florestal ocorra são necessárias três condições básicas a serem atendidas: em primeiro lugar tem que haver acúmulo de combustível ou matéria orgânica seca biomassa suficiente; em segundo lugar é preciso que as condições de intempéries sejam propícias para que isso ocorra e em terceiro lugar que aja uma fonte de ignição.
Portanto, combater fogo florestal nesses ambientes no período de secas ou estiagem como queira, quando o fogo já se encontra instalado no ambiente é um trabalho inútil e gastos de recursos públicos desnecessários.
O que precisa ser feito nesses ambientes é a prevenção e o manejo do fogo em tempo hábil. Digo isso porque somos uma equipe de cientistas e pesquisadores de várias universidades e centros de pesquisas, desenvolvemos atividade de pesquisas a três décadas nesses ambientes. É com várias públicas de domínio, a disposição da sociedade.
Romildo Gonçalves é biólogo.
